Ler a Constituição é muito, generais?

Os militares brasileiros estão preocupados com a ordem e a tranquilidade do país, abalada pela atuação de vândalos que atacam a sede os Três Poderes da República? Querem evitar confrontos, com danos, ferimentos e sobressaltos?

Querem que os conflitos políticos e jurídicos sejam resolvidos no âmbito ao qual competem, o Legislativo e o Judiciário.

A pergunta, singela, feita aos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica, não pode ser respondida pelo silêncio.

Ou melhor, silentes estão dizendo “não”.

Se a resposta, ao contrário, é “sim”, basta que seja pronunciada sem dificuldades, apenas repetindo o que está escrito no artigo 142 da Constituição Federal:

As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.

Não é o que está escrito no artigo tão invocado pelos bolsonaristas? Há alguma dúvida de que, para elas, a autoridade suprema é o Presidente da República e este é Luís Inacio Lula da Silva e que os demais poderes constitucionais – Congresso e Judiciário – ficaram sob ameaça?

Nada se espera do Ministro da Defesa que solicite aos senhores comandantes militares que leiam em voz alta ou copiem, numa nota oficial, que suas Forças seguem e seguirão o que ali está dito.

Nenhuma posição política, nenhuma opção ideológica, nenhuma manifestação de oposição ou de apoio a quem quer que seja, apenas o texto constitucional.

Bastaria isso para que os aventureiros e o alucinados vissem que não resultará senão em mais prejuízos, para o país e para eles, em esperar que lhes venha beneficiar uma “intervenção militar” e colocar o país em paz.

É apenas o que a sociedade lhes cobra.

Parece ser muito, porém, para quem não se dá conta que é o Exército de Caxias, não o de Jair.

Fernando Brito:
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