Libra: começou a especulação. Petrobras vencerá e a mídia dirá que foi “um fracasso”

O Estadão começou a onda de especulações que vai tomar conta da mídia de hoje até a manhã de segunda-feira.

Anuncia que o leilão de Libra terá a participação de apenas um consórcio, liderado pela Petrobras, com 30% de participação. O que, somado aos 30% “automáticos”, daria à brasileira 60% de controle do campo.

É possível que seja assim, embora possa surgir um segundo grupo.

Como esperado, os chineses serão a segunda força, com um percentual perto dos 30%.

Conversa fiada a história de que “virão fracos os chineses”, por conta das regras. O acerto com a China é de Governo, embora via empresas.

A Total, que se especula também estar no consórcio, é privada, mas fortemente ligada aos interesses nacionais de um país que não tem petróleo e se abastece de fontes por todo o mundo. Os franceses não tem problemas ideológicos nesse campo, e operam em situações instáveis, como a Argélia, o Irã, Iraque, Iemen e Venezuela.

Puro palpite, mas acho que a quinta empresa é a estatal indiana OGNC, que concluiu esta semana a compra de uma parte dos ativos da Petrobras no campo de pós-sal no Parque das Conchas, na Bacia de Campos. Brasil e Índia tem interesses comuns também na nova área de exploração em Sergipe, através de outra estatal, a Bharat Petroleum. É o típico “farm-in/farmout” (venda de participações, em busca de escala) da indústria petrolífera.

Isso também pode trazer a Shell para o negócio, com uma pequena participação, mas não creio nisso. Mais fácil que a Shell lidere outro consórcio, se houver.

Será uma vitória, se isso acontecer, dos BRIC.

E, ao contrário do que diz a matéria do Estadão, o lance virá em torno de 60% de participação do Estado na partilha do petróleo.

Porque, no leilão de partilha, onde o bônus de assinatura é fixo e igual, o “ágio” será medido – e decisivo – na percentagem de participação do Estado no resultado da extração de petróleo.

Nenhum consórcio formado para vencer vai “dar mole” para um azarão vencer com 1% a mais de ágio.

Mesmo ainda no campo das especulações, parece que está ficando claro o que este blog – sem uma inside information sequer, mas apenas sustentado na lógica dos interesses das partes envolvidas –  vem sustentando há dois meses.

O leilão de Libra terá dois grandes vencedores.

A Petrobras.

E o Brasil.

Fernando Brito:

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  • Será bom para a PETROBRAS??? A Empresa descobre o Pré-sal ( e Libra) após investimentos bilionários ao longo dos anos, indica para a ANP (e para o governo) onde está o campo, calcula (com mais gastos) qual o volume de petróleo recuperável, onde perfurar, etc. O governo pega as informações e abre um leilão onde a PETROBRAS, descobridora ,terá que disputar com suas concorrentes internacionais (que não aplicaram um tusta na descoberta) e pagar um preço altíssimo (60%!?) se quiser ganhar o direito de explorar o campo que descobriu. Em qualquer outro país, o campo seria da PETROBRAS e ponto final. E você acha isto um grande negócio para a PETROBRAS?

    • o senhor só faltou indicar de onde saem os recursos para a descobridora dos poços poder explorá-los...

  • Fernado, se der tudo certo, faremos uma estátua em tua homenagem.

  • 4aulo Silva
    18 de outubro de 2013 às 22:47

    Simplificar para entender: Nesse leilão, 40% do governo, 30% para Petrobras e 30% para a empresa vencedora de cada leilão, tendo ela que arcar com os riscos da operação. Brasil no mínimo com 70% de cada bloco leiloado.

    E temos de extrair esse petróleo rápido e transformá-lo em poupança, porque neste século algum combustível alternativo será inventado e tomará o lugar dos principais derivados do petróleo. Se isso acontecer, não será mais interessante extrair no pré-sal e em quase lugar nenhum no mundo. Nosso pré-sal é uma riqueza efêmera, tem prazo de validade.

    • vai ser mais que isso para o Governo e mais que isso para a Petrobras

      • Fernando, interaja mais com seus leitores. Use esse espaço aqui também para discussão, como fazem alguns blogueiros. Senão, ficará como na mídia velha, onde o colunista escreve e o leitor não tem a oportunidade da réplica. Uma dica: responda mais aos comentários. Creio que isso tornará esse espaço ainda mais agradável, valeu?
        Bom trabalho, companheiro.

      • Meu amigo, faço o que posso, mas sou um só e ando cheio de problemas familiares, com minha mãe precisando de companhia, no hospital.

    • Resumindo também : Não estou dizendo que o modelo não é benéfico para o Brasil. Só digo que é deletério para a PETROBRAS.

    • Petróleo não é só combustível, irmão. É, na forma de plásticos e fetilizantes, por exemplo, parte substancial do que você e eu comemos, do que vestimos e calçamos, de nossas casas, de nossos eletrodomésticos, de nossos móveis, de nossos veículos, do calçamento de nossas ruas, etc, etc. Dificilmente se inventará/descobrirá substitutos economicamente plausíveis nos próximos séculos. A corrida pra explorar LIBRA decorre apenas da premência em prover recursos para incrementar de forma acelerada nossas (do Brasil) ações em EDUCAÇÃO E SAÚDE. Nosso povo merece essa corrida!

      • Edmar
        19 de outubro de 2013 às 16:47

        Sabemos que petróleo não é só combustível, mas combustível é o principal subproduto do petróleo e o que determina grande parte do valor do seu barril. Se um dia o combustível dos veículos for outro, o preço do barril de petróleo cairia a valores que não seria mais interessante extraí-lo, pois daria até prejuízo. A Petrobras não tem condições de abraçar tudo e o sistema em que Petrobras/Governo ficam com mais de 70% do óleo e sem os riscos do negócio, para mim, está ótimo. Precisamos extrair rápido, vender, pegar o dinheiro e fazer uma poupança nacional.

  • Brito, uma dúvida?
    30% do consórcio não equivaleria à 21% do total do campo? Isto porque 30% a Petrobras teria no total de 100% do consórcio, mas na verdade pelo que entendi estão sendo leiloados 70% da exploração do campo. Desta forma os 30% da participação da Petrobras no consórcio, projetados para os 70% que serão leiloados daria 21% no total da exploração do campo, o que somados ao total "legal" da Petrobras daria 51%, quer dizer o mínimo para dar segurança de que a Petrobras tenha o controle da maioria do campo.
    Um grande abraço com grande admiração!!!