Não se trata, é obvio, de aceitar a provocação do bolsonarismo ensandecido que, fracassado em suas manifestações golpistas, anda louco para arranjar conflitos de rua, nestes dias, porque já vimos a sua falta de limites em poucos dias do pós-eleição.
Vimos e ainda estamos vendo, nas aglomerações – cada vez mais ralas – de grupos de fanáticos que gritam um patético “Forças Armadas, salvem o Brasil”.
Até porque a população – e, confessemos, nós mesmos – anda ansiosa por vivermos um período de distensão, de pacificação, de voltar a viver sem ter falar de política como um confronto destruidor das relações pessoais..
É ilusório, porém, pensar que a legitimidade do processo eleitoral e a vitória nas urnas os farão desaparecer.
Os quistos fascistas e golpistas permanecerão – não necessariamente com Bolsonaro como seu referencial, mas provavelmente com ele – e será preciso evitar que eles consigam agregar, como fizeram, quase toda a direita e o conservadorismo brasileiros.
Será um longo processo e nem sempre vai se poder contar com o manto protetivo da vitória eleitoral que nos protege neste momento.
Há lições a tirar do período que vivemos nos últimos anos e, entre elas, está a de não abrir mão – como se fez em boa parte dos governos Lula e Dilma – das manifestações políticas coletivas.
O novo governo, se vai bem na articulação política que atrai os segmentos que a realpolitik recomenda na sua formação, não pode deixar de lado os novos elementos de formação da opinião pública, como as redes sociais.
Não há vitória quando não se ocupa territórios.