Lula deixa ministérios “políticos” para o final

O anúncio de 16 futuros ministros, hoje, nada teve de surpreendente, exceto o lampejo de última hora de Lula ao designar Geraldo Alckmin como ministro da Indústria e Comércio, que coloca o vice-presidente, com a autoridade que o cargo confere, na posição que o presidente eleito a toda hora destaca: a de ser um “mascate do Brasil” no exterior. Do ponto de vista das prioridades do governo – Saúde, Educação e Desenvolvimento Social – todas as pastas parecem bem entregues, a gente com experiência de gestão e currículos, não a aventureiros como os que caracterizaram o governo Bolsonaro.

Alberto Bombig, no UOL, acerta ao dizer que Alckmin “ganhará ainda mais força e destaque no futuro governo, em uma demonstração de que não será uma peça decorativa na nova corte petista, o que agrada setores do mercado e do empresariado temerosos de uma guinada à esquerda nos rumos do governo”. É isso e é mais: uma ponte formal com o empresariado paulista, a maior fonte de resistência ao governo Lula.

O fato, porém, é que a composição “”política” do ministério ainda está em aberto: tanto os ministérios que se imagina seriam oferecidos a Simone Tebet e Marina Silva, quanto à “cota” ( e as duas estão fora delas) que caberá aos partidos potencialmente aliados no Legislativo: MDB, PSD e União Brasil, que deverão ter entre cinco e sete ministros.

No discurso que fez no anúncio de parte de sua equipe, Lula pediu paciência para esta definição e, sem citar ons nomes de Tebet e Marina, sublinhou que as quer no governo: “nós estamos tentando fazer, no máximo que a gente puder, as forças políticas que participaram da campanha”:

“Quero dizer para os companheiros que ainda não foram contemplados que nós vamos contemplar as pessoas que nos ajudaram. Nós somos devedores dessas pessoas que usaram colocar a cara e enfrentar o fascismo que estava espraiado por este país”.

O tem usado pelo presidente eleito é o de quem quer Simone Tebet e Marina Silva dentro do ministério, mas com sinais de que elas querem fazer parte de uma equipe de governo e não como outsiders, prontas a criar uma crise na primeira dificuldade.

Fernando Brito:
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