Muito boa a decisão do presidente Lula em marcar logo – já nesta sexta-feira, pela manhã – a primeira reunião ministerial de seu governo, que terá dois eixos principais.
O primeiro, falarem menos de grandes mudanças que cada um sonha que irá fazer.
Ok que todos, nas festas de posse, tenham o direito de falar de grandes projetos e mudanças mas, esgotada esta licença, saia-se das intenções para os gestos e que estes sejam tomados com segurança e avaliações que transcendam aos ministros e seu entorno, porque são, afinal, atos do governo e o governo tem um chefe, que é, obvio, Lula, fadado a ter de responder por eles.
Falar em medidas que não se pode ou não se deve tomar, por mais que possam parecer atraentes, cria um estado de confusão e especulação que atrapalha mais que ajuda.
Parece que alguns dos novos ministros se deixaram levar pelo clima festivo de sua chegada ao governo e acham que falar muito ocupa espaço na mídia que de outra forma não teriam. É verdade, mas se esquecem que a mídia, neste país, funciona como aquela frase dos filmes policiais norte-americanos: “tudo que você disser poderá e será usado contra você”.
Continua atualíssima a frase de Chico Buarque, dita lá no primeiro governo do PT, sobre a necessidade do “Ministério do Vai dar Merda”. A hora é de falar pouco e prudentemente, até para os analistas políticos, que dirá para os próprios políticos.
O segundo, será o empoderamento de sua Casa Civil (Rui Costa) para assumir o encaminhamento das ações de curto prazo que considerem ser viáveis sem grande impacto financeiro e gerem efeitos reais na vida das pessoas. Na economia, pedirá o favor de que se fale menos em ideias sobre como resolver a “responsabilidade fiscal” com soluções arrecadatórias e se foque no que se pode fazer para caminhar no sentido da redução das desigualdades que é a sua principal bandeira, de campanha e de governo.
Além disso, vai lembrar que não está resolvido o problema da formação de uma base parlamentar na Câmara dos Deputados e que é preciso que todos os ministros se empenham na aproximação com os deputados que tomam posse a 1° de fevereiro. 15 ou 20 “conquistas” – convenhamos, não é muito para 37 ministros – podem ser decisivas para obter a maioria necessária. E não pode ser ele, Lula, quem tenha de negociar com o “baixo clero” cada adesão de deputados.