Lula, Levy e a legitimidade das pressões políticas

 

” É preciso fazer cortes para não quebrar”.

 

“O Brasil precisa de crescimento já”.

 

Se o amigo e a amiga acharam que a primeira frase é de Joaquim Levy, Ministro da Fazenda e a segunda de Lula, que estaria fazendo tudo para derrubá-lo, enganou-se redondamente.

 

Lula, ao discursar ontem no Piauí deixou claro o que ninguém jamais negou: a necessidade de fazer cortes e equilibrar o orçamento.

 

Levy, em entrevista hoje em Brasília, rendeu-se ao óbvio de que não é possível permanecer afundando o país na recessão.

Será, então, que isso é um indício de que os dois se encontraram, fizeram um acordo e acertaram os ponteiros?

 

Pode até ser, mas não tem a menor importância, porque Lula sabe que a política, tanto quanto de conversas, é feita com polêmica, com disputa.

 

A turma do “deixa quietinho”, que não discute, sabuja, que não disputa, mas intriga e conchava é que dá importância para isso.

 

Quem faz política com polêmica vê de outra forma.

 

Levy não pode atuar sem pressão de quem tem olhar político e social. A economia de um país não é um laboratório isolado da vida humana, que possa ser gerida na base dos “indicadores” ou de “tripés” macroeconômicos tecnocráticos.

 

A movimentação política de Lula provocou três resultados positivos.

 

O primeiro, trouxe para a ordem do dia a necessidade de políticas – leiam-se aí providências econômicas e financiamentos – que interrompam o mergulho da economia brasileira, não apenas praticado mas incentivado pelo próprio Levy, na linha do pensamento exposto cruamente ontem pelo “professor de desemprego” Samuel Pessoa, que fica feliz com a “economia” feita à custa da perda do emprego e da queda dos salários da população.

 

O segundo, mostrou a um partido acoelhado que é preciso ousadia e, em meio a toda a crise político-policial que virou a agenda do país, é preciso discutir o essencial: o trabalho, a produção, o “dicumê” dos brasileiros.

 

O terceiro é que Joaquim Levy, que se julgava intocável por seus apoios empresariais e conservadores – embora estes nada tenham feito para viabilizar suas propostas políticas, não é mais “imexível” como se quis fazer crer. Precisa ter sucessos e não apenas desculpas, enquanto pede que mais e mais a Presidenta, em troca de sua permanência, lhe dê carta branca para ações recessivas e concentradoras da renda.

 

Levy é como qualquer um de nós. Pode ter entrado no Ministério por suas idéias e capacidades de “mãos de tesoura”. Mas só fica se, da poda, vem o rebrotar.

 

Simples assim.

Fernando Brito:

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  • "Levy é como qualquer um de nós. Pode ter entrado no Ministério por suas idéias e capacidades de “mãos de tesoura”. Mas só fica se, da poda, vem o rebrotar." Bom, o Ministro Cardoso não rebrotou ainda. Por que fica, então?
    Além do que, pelo que entendi, quem rebrotou meio 'levyano" foi o Lula, ora bolas. A luta política fez o Presidente engolir os cortes propostos pelo Levy. Já o Ministro, se não quiser passar por alguém que joga contra, tem de acenar com o discuros de crescimento. Até porque a classe empresarial anda reclamando.
    Acho que a análise do Brito foi um tanto "poliana".

  • Boa metáfora, no final... No entanto, com juros básicos (SELIC) de 14,25% parece difícil que alguma coisa venha REBROTAR! É provável que para alguma coisa rebrotar o governo tenha que podar o próprio Levy, até porque a maioria não votou e não votará em arrocho!

  • ta certissimo o lula , tem que agir mesmo que seja por debaixo do pano , se for para o bem da naçao. porque se depender desse poste de pres. o brasil afunda, nao tem como continuar desse jeito. o brasil ta entregue as traças , como dizem no popular, ta sem comando.

  • Parece mais eh que tá todo mundo perdido, sem saber ao certo o que fazer para o Brasil voltar ao caminho do desenvolvimento....

  • Dilma arrasou com as contas públicas e com o país para poder se eleger. Assim, estamos amargando recessão em 2015, que piorará em 2016. Um pequeno crescimento se dará em 2017, mas em 2018, Dilma repetirá o que fez em 2018 pra tentar eleger Lula. Fico me perguntando até quando nosso país ficará refém desse projeto de Poder.

      • Meu caro, aqui não é o lugar para falar verdades, mas sim para ler sem fazer criticas, se for criticar, a culpa deverá ser sempre dos outros (PIG, oposição, judiciário, etc). O manto sagrado do petismo jamais permitirá que se veja claramente que tudo o que foi feito não foi pensando no bem do país e de seu povo, mas sim, no sentido de se perpetuar no poder.

    • Corremos o risco de ficar refens de coxinhas ignorantes e sem informação como você.

      • Pago minhas contas, pago impostos e sustento o Governo. Sou coxinha por isso? E VC é enroladinho por quem?

  • A Silva Bruna chamou de "canalhas" os que F. Brito "defende". Só não disse que "gente fina" ele coloca lá. É sempre assim. Os outros são canalhas, magicamente... Tome um memoriol, Bruninha...

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