A Folha publica uma longa matéria sobre o que seriam “dificuldades” de Lula em firmar coligações com partidos conservadores para a eleição de 2022.
Partidos como o PSD de Gilberto Kassab e o PMDB estariam relutantes em embarcar formalmente numa coligação eleitoral com o PT.
Qual o efeito disso?
A meu ver, zero. Aliás, até negativo, porque deixa ao PT e seus prováveis aliados de primeiro turno (Psol, PSB e PCdoB) em melhor posição em se apresentarem como “candidatos do Lula” no Nordeste e nas periferias.
Problemas com a eleição de governadores, alianças locais? Lula não tem a menor dificuldade em fazer isso e é mais importante que ele possa vir a estar no palanque do candidato a governador do que o inverso, o governador em seu palanque.
A importância dos governadores na cena política decresceu e, para aferir isso, os dois únicos governadores que se aventuram numa eleição presidencial são os tucanos João Dória e Eduardo Leite, ambos patinando em menos de 5% das intenções de voto nacionais.
O que Lula pretende é uma aliança política, mais que eleitoral ou até mesmo, nem sequer formalmente eleitoral.
Nos maiores estados do Norte (Amazonas e Pará), em todo ou quase todo o Nordeste, nos estados do Sudeste e em alguns estados do Centro-Oeste e do Sul, haverá um candidato “lulista” eleito ou no segundo turno, se houver segundo turno na eleição presidencial.
O alvo desta eleição é fazer o presidente e dar-lhe governabilidade parlamentar.
Todo o resto, exceto princípios, é negociável.
Mais que isso, a negociação é um dever para preservar o principal, reverter a derrocada do país, que é mais graves que aquela que Lula enfrentou ao fazer-se presidente em 2002.