A expulsão de Rodrigo Maia do DEM diz menos sobre o futuro do ex-presidente da Câmara dos Deputados e mais sobre os planos de campanha de Jair Bolsonaro e a cortina de fumaça da busca de um “candidato de centro”, que estaria por reunir MDB, PSDB, DEM, Cidadania, Novo, Podemos, PV e Solidariedade.
Não há sinal de candidatura viável por aí.
O MDB não tem condição de se unificar em torno de um nome; o DEM está fadado a caminhar com Bolsonaro, embora esteja mexendo com as vaidades do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco; o PSDB terá candidato embora esteja tentando livrar-se do nome de João Doria, por dificultar uma composição com o bolsonarismo no Sul do país. O PV não existe e o Cidadania, com a perda de Alessandro Vieira, seu quadro de maior visibilidade.
Não creio que Lula esteja pensando em uma “Coligação Arca de Noé” para o primeiro turno das eleições, até para não fazer o antilulismo desembarcar, inteiro, no voto bolsonarista. O que parece é que ele se dedica a retomar algum grau de diálogo com a centro-direita para a rodada eleitoral.
No primeiro turno, fora do campo progressista, talvez só (e só talvez) o PSD aventure-se numa aliança com Lula no turno inicial, mas pretendendo a vice-presidência, o que é – por todas as nossas experiências recentes – um risco que, dependendo da situação que as pesquisas tomarem, provavelmente o ex-presidente se disporá a correr.
Sua estratégia, até agora, está em alianças regionais que bloqueiem a possibilidade de que se formem palanques sem o PT e, portanto, que não bloqueiem a candidatura presidencial e, até, estimule as “dobradinhas” das forças políticas que embarquem na provável popularidade de sua candidatura.
A polarização com Bolsonaro não é uma opção, mas uma imposição num sentimento nacional de rejeição ao atual presidente e vai, naturalmente, agregar uma força única de oposição, gostem ou não os demais candidatos ou pretendentes a sê-lo.