Má notícia para nós: ‘vacina de Oxford’ tem problemas na Europa

Um despacho da Agência Reuters, esta manhã, cria mais preocupações no já inseguro plano nacional de vacinação brasileiro.

Ao jornal holandês Het Nieuwsblad, o diretor de Vigilância Sanitária da Autoridade Europeia de Medicamentos – a Anvisa da União Europeia – Noël Wathion, disse ser improvável que a vacina produzida pela Astrazêneca, conhecida como “vacina de Oxford”, seja aprovada para uso, mesmo emergencial, ainda em janeiro.

Whation desmentiu a empresa e disse que “os dados que temos no momento não são nem mesmo suficientes para dar à vacina AstraZeneca uma autorização condicional. E eles também nem entraram com um pedido (de aprovação).

A AstraZêneca tem enfrentado problemas junto à comunidade científica, por apresentar resultados de estudos com amostras descalibradas, por variação na dosagem aplicada e até por usar uma vacina contra meningite – capaz de provocar reações – no chamado “grupo controle”, que em geral recebe uma solução inócua para efeito de comparação com os vacinados.

O reflexo no Brasil é o de que estamos “pendurados” na vacina da AstraZêneca, a esperança de termos de 200 a 250 milhões de dose até o final do ano, envasados e, depois, produzidos pela Fiocruz, que promete entregar os primeiros lotes de vacina na segunda semana de fevereiro. Os estudos parciais de eficácia e segurança, preliminares ao pedido de registro, só foram entregues à Anvisa pela AstraZêneca no último dia 22, embora tenham sido publicados no início de dezembro.

Estranhamente, não há notícias, até agora, da entrega ao Brasil do IFA (ingrediente farmacêutico ativo) que Manguinhos usará em sua fábrica atual, até que haja uma nova planta pronta e que se opere a transferência de tecnologia do produto.

A vacina, tecnicamente chamada de ChAdOx-1 (nome resultante da composição das duas primeiras letras de Chimpanzee Adenovirus Oxford, por usar um adenovirus de chimpanzé para evitar que os adenovírus humanos com que trabalham outras vacinas, como as chinesas e a da Johnson&Johnson, possa provocar efeitos imunológicos que reduzam a eficácia do imunizante) foi a aposta única do governo brasileiro e, agora, com a demanda mundial por outros fabricantes e as bravatas desafiadoras de Jair Bolsonaro estão difíceis de conseguir.

 

 

Fernando Brito:
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