Maierovitch: Mendes é caso de “impeachment”, Mas, cadê o Senado? Tão pequeno que sumiu…

O Desembargador aposentado do Tribunal de Justiça de São Paulo e ex-Secretário Nacional Antidrogas, no Governo Fernando Henrique – insuspeito, portanto, de “petismos” – diz hoje, em artigo na CartaCapital, que embora as atitudes de Gilmar Mendes sejam incompatíveis com o comportamento de um magistrado, mais ainda um da Corte Suprema, só há um foro para que ele seja responsabilizado.

É o Senado.

E um rito para processá-lo: o “impeachment”.

É obvio que no Senado, nada acontecerá, porque o Supremo Tribunal Federal se imôs sobre a Casa Legislativa que é responsável, em última instância, pela escolha de seus integrantes.

A degradação do Poder Legislativo tem esse pouco lembrado “efeito colateral”.

Potencializa a transformação do Judiciário em um poder sem controles, capaz de arreganhos autoritários e – como no caso de Gilmar Mendes, capz das práticas mais acintosas de desprezo pelas leis – a começar das que regem o comportamento de seus Ministros – vigentes.

Não há o que ponha freios ao comportamento de qualquer um de seus integrantes, exceto o caráter e o respeito espontâneo à lei.

E quando este falta, o que acontece?

Nada, ora…

O Brasil hipócrita

Mais uma vez, coube ao ministro Gilmar Mendes violar os deveres impostos a um magistrado e tipificados na lei orgânica da Magistratura

Walter Maierovitch


O relator-regimental do processo de execução do apelidado “mensalão” é o ministro Joaquim Barbosa.

Em outras palavras, e à luz do princípio constitucional do “juiz natural”, o ministro Barbosa é o juiz competente para o processo de execução e dos seus incidentes. E de uma sua decisão monocrática cabe recurso ao Supremo Tribunal Federal. No seu todo, ou seja, dez ministros-julgadores, em sessão Plenária, poderão reexaminar as decisões monocráticas do ministro Barbosa no processo de execução de penas e nos seus incidentes.

Fora do momento apropriado do reexame e nos autos, não podem os supremos ministros saírem a levantar suspeitas sobre penas criminais impostas a condenados definitivamente e com processo de execução em andamento.

Mais uma vez, coube ao ministro Gilmar Mendes violar os deveres impostos a um magistrado e tipificados na lei orgânica da Magistratura. O ministro Mendes, sem competência e fora dos autos, externou, a jornalistas, uma suposição.

Suposição, pois não apresentou nenhum indício consistente.

E a suposição referia-se à lavagem de dinheiro nas “vaquinhas eletrônicas” realizadas para recolher doações a fim de pagamentos das penas de multas-criminais impostas, no processo penal chamado de “mensalão”, a José Genoíno e Delúbio Soares.

Vale recordar ter o supremo ministro Gilmar Mendes protagonizado, fora dos autos, grandes confusões pela sua verborragia aguda e inadequada. E por envolver-se, sem renunciar à toga, em questões político-partidárias. Por exemplo, participou de uma reunião com Lula e Jobim, no escritório deste último, e de lá saiu para se encontrar com o presidente e membros do partido de sigla DEM. Depois, metralhou pela imprensa, com Jobim e Lula a dizer que havia mentido.

Ainda fora dos autos, o ministro Mendes autoproclamou-se vítima de “grampos telefônicos” e invocou uma conversa telefônica com o seu considerado e então senador Demóstenes Torres, de triste memória. As apurações mostraram não ter havido grampo e o inventado áudio nunca apareceu. Apenas o ex-delegado e secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior,  em recente participação no consagrado programa de entrevistas Roda-Viva, da TV Cultura, fala de uma “mala-francesa eletrônica” capaz de interceptar e gravar conversas quando num raio próximo. Mas nem Tuma Júnior viu a mala próxima do gabinete de Gilmar e nem sabe quem era o portador. A revelação de Tuma Júnior serviu para o ministro Mendes ressuscitar a comunicação de crime que o levou a exigir do então presidente Lula a cabeça do delegado aposentado Paulo Lacerda, então diretor da agência de inteligência brasileira.

O presidente do Partido dos Trabalhadores, a jogar para a torcida, representou no Supremo Tribunal Federal contra Gilmar Mendes e pela suposição relativa à lavagem de dinheiro nas “vaquinhas”.

Como todos sabem, os ministros não têm poder correcional sobre os seus pares. Também não possui poder correcional contra ministros do Supremo o Conselho Nacional de Justiça.

O que fazer em tais casos e não fez o presidente do Partido dos Trabalhadores? Deveria o presidente petista ter apresentado, junto ao Senado, um pedido de impeachment contra Gilmar Mendes.

Por que não fez?

Sobre caber impeachment a supremos ministros, basta atentar ao doutrinado pelo ministro Celso de Mello, um dos nossos constitucionalistas mais brilhantes.

Convém recordar, certa vez e a envolver o ministro Gilmar Mendes, e referente ao seu comportamento como magistrado, o pedido de impeachment formulado por um comum do povo. O então presidente Sarney arquivou o pedido liminarmente.

Fernando Brito:

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  • Vamos mudar o Senado. Nestas eleições, vamos promover, por todos os estados da federação, a eleição de pessoas que não pensem só em seus interesses ou nos interesses de seu de seu grupo restrito. Gente que saiba pensar no Brasil, pensar positivamente em um Brasil sem limites, e não apenas na sua família, na sua biografia destinada ao mofo, ou na sua oligarquia e nos lucros de sua oligarquia. Vamos fazer uma campanha forte, para mudar a face do Senado, para que ele, de paraíso dos aposentados incompetentes, figura secundária que escolheu ser, renunciando aos poderes imensos que a República a ele confere, passe a ser fundamentalmente a figura central da República que lhe cabe ser.

    • Pena que o processo Pré-eleitoral, onde os partidos definem quem serão candidatos de quê, é um processo degenerado, falido, corrupto.

      As opções que aparecem para o Senado não permitem ao povo escolher um bom representante, no máximo o menos pior.

      Mas ocorre que independente do Senador que elegermos, ele terá mais compromisso com o capital financeiro e com lobbistas do que com seus eleitores.

    • Tomás, o candidato ao Senado por São paulo, indicado pelo PT é - adivinhe quem? - o Suplicy!
      Como é que podemos melhorar alguma coisa com um vagabundo e pusilânime desses?
      O que fez Suplicy nos últimos 4 anos?
      Serviu de cicerone pra blogueira cubana a soldo da CIA e emprestou solidariedade ao Demóstenes...
      Isso foi o que o covarde, canalha e vagabundo "senador" fez de memorável...
      Merecemos essa cavalgadura?

  • Esta covardia do PT me deixa com o pe atras, igual este comportamento do Partidocom os lideres que estao presos, simplesmente lavou as maos!

  • Ou é tal do "complexo de vira latas", ou é o velho "telhado de vidro", que fazem dos senadores petistas se comportar como aqueles cãozinhos de madame.

  • O PT já morre de medo da Globo. Senador petista então... nem se fala!

  • Senado tá de férias!
    12 anos de PT e nunca reformaram esse poder INUTIL que só faz tirar férias o ano inteiro: o Legislativo.

  • O Maierovitch vai falar sobre esse assunto na CBN, também? Ou vai continuar dando uma no cravo e outra no dedo?

  • Acho que o PT tem que por alguem a gritar pelos quatro cantos, já que tem o direito como parlamentar, dado pelo povo, para ABLAR por nos otros.
    Falar rasgado, e por traz a força do PT..
    PT é situação, não pode pisar na bola, e já esta com a eleição quase ganha.
    Espero estar certo...
    Caso contrário fala rasgado e prova PT...vai pra cima.
    LULA JÀ começou.

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