(Militantes do Syriza, em manifestação recente. Fonte da foto.)
Um fantasma ronda a Europa. O fantasma do Syriza, o novo comunismo grego.
A provável vitória do partido comunista grego desperta fascínio, esperança, apreensão no continente.
Interessante notar que a imprensa europeia de esquerda, ou não conservadora, como a BBC e o The Guardian, na Inglaterra; o Le Monde e o Liberación, na França; e outros jornais progressistas de grande circulação, que seguem fortes na Europa, estão repletos de opiniões favoráveis ao Syriza, visto como um sopro de novidade, num continente já cansado de ver as conquistas sociais do pós-guerra diluírem-se em crises financeiras que, invariavelmente, resultam em políticas de austeridade que recaem sobretudo sobre a classe trabalhadora.
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Na BBC Brasil.
Conheça o Syriza, partido que dá esperança e medo aos gregos
(Líder do Syriza, Alex Tsipras promete reverter medidas de austeridade. Foto: Reuters)
Um grande retrato da revolucionária marxista Rosa Luxemburgo decora o escritório de Nikos Samanidis, um dos membros-fundadores da Coalizão da Esquerda Radical – ou Syriza, como o partido é conhecido entre os gregos.
Fundada em 2004, essa agremiação tem boas chances de vencer as eleições gerais gregas deste domingo, em que concorre contra o Nova Democracia, do primeiro-ministro Antonis Samaras.
A popularidade de seu líder, Alexis Tsipras, parece ser impulsionada pela crise econômica que nos últimos cinco anos empurrou um quarto dos trabalhadores gregos para o desemprego.
O atual governo implementou uma série de medidas de austeridade (como aumento de impostos e cortes de gastos), seguindo um script imposto pela União Europeia, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Central Europeu em troca de um pacote de resgate para a economia grega.
Samaras insistiu em sua campanha que, apesar dos inconvenientes causados por essas medidas, a Grécia está conseguindo equilibrar seu orçamento e sua economia tem mostrado sinais de recuperação. Mas a classe média ainda se sente maltratada e empobrecida pelos anos de austeridade.
O Syrisa é o primeiro partido antiausteridade da zona do euro. E se for eleito não só a Grécia será lançada em um mar de incertezas como outros partidos de extrema-esquerda europeus podem ganhar fôlego (como o Podemos, na Espanha).
Nascido como uma coalizão de treze grupos e partidos que inclui maoistas, trotskistas, comunistas, ambientalistas, social-democratas e populistas de esquerda o Syriza tinha pouca força eleitoral até 2012.
Em seus primeiros oito anos, a agremiação nunca conseguiu obter mais que 5% da preferência do eleitorado nas urnas.
Nas eleições gerais de 2012, porém, com o aprofundamento da crise econômica na Grécia, levou 27% dos votos, passando os sociais-democratas para se tornar a segunda força política da Grécia e a principal voz da oposição.
(Para o primeiro-ministro Antonis Samaras a Grécia está no caminho da recuperação)
Tsipras, um líder político jovem (tem 40 anos) e carismático, foi fundamental nessa transformação do Syriza.
Conhecido por seus discursos empolgantes e sua aversão a gravatas, ele assumiu a liderança do partido em 2008 e foi eleito para o Parlamento em 2009.
“A crise econômica e o colapso dos partidos tradicionais certamente ajudaram a aumentar a influência do Syriza, mas foi Alexis Tsipras que catapultou o partido”, explica Christoforos Vernardakis, professor de ciência política da Universidade Aristóteles de Salonica e fundador do instituto de pesquisas VPRC.
“Isso aconteceu porque Tsipras é jovem e não parece ter medo. Ele pegou uma esquerda que estava na defensiva e a transformou em uma opção crível para o governo.”
Para seus simpatizantes, Tsipras é um líder nato, que trata com respeito quem está a seu redor. “Ele gosta de processos e decisões coletivas”, diz Samanidis.
Nikos Karanikas, um velho amigo e colega de partido, por exemplo, diz que, apesar da ter se tornado um líder político proeminente, Tsipras ainda vive em um bairro de classe média de Kypseli, em Atenas, e continua a trabalhar como engenheiro civil.
Seus críticos, porém, costumam retratá-lo como um político arrogante, inexperiente e com fome de poder.
Mudança
No que diz respeito a suas propostas políticas, o Syriza não só se opõe ao resgate internacional da Grécia e às medidas de austeridade como quer renegociar parte da dívida grega.
Essas promessas têm gerado nervosismo nos mercados financeiros e já se especula sobre uma possível saída da Grécia da zona do euro.
De acordo com o correspondente da BBC na Grécia, Mark Lowen, muitos no país parecem dispostos a dar uma chance a Tsipras.
Outros, porém, acreditam que uma vitória do Syriza poderia aprofundar a crise no país e levar a um confronto entre a Grécia e a União Europeia.
No caso de uma vitória, o Syriza também pode ter dificuldade para formar uma coalizão se não conseguir maioria absoluta nas urnas – já que seus integrantes têm dito que não pretendem governar com apoio daqueles que veem com bons olhos políticas vindas da Europa.
Para Tsipras, uma vitória do Syrisa representaria o fim de um processo em que a Grécia estaria sendo “humilhada” por outros países europeus. “Vamos acabar essas ordens vindas do exterior”, prometeu .
Já para Samaras uma vitória da extrema esquerda poderia “converter o país em uma União Soviética”. “O comunismo não vencerá”, disse em um discurso feito na reta final para a votação.
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E hoje que os todos os eurocrapulas banqueiros alemães não dormem.
As uuurnas, cidadãos!
E cantando Leonard Cohen: First we take Manhattan, then we take Berlin.
OS capitalistas mantém o povo na rédea curta, como já disse um economista inglês dos primórdios da Revolução Industrial, que o nome não me ocorre agora: 'ao trabalhador é preciso dar apenas o mínimo necessário para a sua reprodução enquanto mão-de-obra". No entanto, o trabalho humano cria riquezas incomensuráveis que são (mal) utilizadas pelas classes ricas, que transforma o mundo num palco de guerra.
Se tudo o que é investido em guerras fosse investido no BEM ESTAR da humanidade, talvez já estivéssemos pesquisando novos PLANETAS para morar, posto que a TERRA parece irremediavelmente condenada, por mais que a questão ambiental tome conta de nossa agenda, mentes e corações - e mesmo assim, acho que é a coisa mais inteligente a se fazer JÁ.
Ou seja, os CAPITALISTAS DIREITOPATAS sabem que se o processo de distribuição de renda se iniciar ele não tem retorno, pois todos serão beneficiados e ninguém mais vai querer abrir mão, portanto, fazem de tudo para barrá-lo, em todo o mundo e manter a sua hegemonia excludente, poluidora, criminosa e decadente.
"O BRASIL PARA TODOS não passa na REDE GLOBO DE SONEGAÇÂO & GOLPES - O que passa na REDE GLOBO DE SONEGAÇÃO & GOLPES é um braZil-Zil-Zil para TOLOS"
AVANTE SYRIZA !!
VIVA O POVO GREGO !!
"O BRASIL PARA TODOS não passa na REDE GLOBO DE SONEGAÇÂO & GOLPES - O que passa na REDE GLOBO DE SONEGAÇÃO & GOLPES é um braZil-Zil-Zil para TOLOS"
E aqui o governo e o PT guinando casa vez mais para a direita. Já ando constrangido em defender estas "mudanças", já penso que falta coragem ou competência. Sem estas duas não havera 2018. E pior imaginem o que os entreguista farao, os lesa pátria, como diria o líder Brizola. Sem falar que acredito em um retrocesso fascista.
O le monde informa que o Syriza, segundo sondagens, obteve a vitória, com possível maioria absoluta! A premie alemã deve estar com as barbas de molho, a ver!
Syriza ganha eleições na Grécia, faz maioria no Parlamento e indica primeiro ministro.
Sim, um novo mundo é possível !
Aux armes , citoyens !
Formons nos bataillons! Ici. Il faut reagir.
Dilma nada fará igual porque é uma gestora vassala que se nega a sentar-se na cadeira de presidenta.
Nouriel Roubini em Davos: EUA legalizaram a corrupção:
http://news.firedoglake.com/2015/01/21/taken-for-granted-at-davos-that-us-government-run-on-legalized-corruption/
Está na hora de pensar séria e profundamente no que dizia o Chávez: ou o socialismo, ou a barbárie.
Krugman: plano econômico do Syriza é mais realista que o da troika
http://www.esquerda.net/artigo/plano-economico-do-syriza-e-mais-realista-que-o-da-troika-diz-krugman/35580