Mais presos, mais penas, mais custo, mais dor. E mais crimes

A histeria do “prende e deixa mofar na cadeia” segue levando o Brasil a um cenário explosivo.

O Globo mostra, hoje, que já temos 920 mil homens e mulheres nas cadeias do país. Mais que a população inteira de estados como o Acre, Amapá ou Roraima.

No mundo, ficamos atrás, apenas dos Estados Unidos e da China, esta com uma população sete vezes maior.

Esqueça, se puder, o imenso drama humano de quase um milhão de seres humanos encarcerados – sem contar os adolescentes em regime de medidas sócio-educativas, uma ficção – e de suas famílias desprovidas de quem as possa sustentar (o auxílio reclusão só chega a 23 mil famílias de presos, depois de baixar à metade neste governo).

Pense apenas fria e economicamente, sabendo que o custo médio de cada preso no país gira em torno de R$ 1.800 por mês. R$ 1,65 bilhões por mês.

Poderia ser maior, se não tivéssemos mais de dois presos ocupando a vaga de um, num sistema prisional dantescamente superlotado.

Ou se fossem cumpridos os 350 mil mandados de prisão em aberto.

E o que o tal “pacote anticrime” de Moro e Bolsonaro fez?

Sob o pretexto de “dar duro” nos criminosos, aumento o tempo médio de encarceramento, dobrou de 3 a 5 anos para 6 a 10 anos. Custo dobrado, portanto.

70%, pelo menos, dos presos estão cumprindo penas por crimes de menor potencial ofensivo: furtos ou pequeno comércio de drogas, os “aviões”.

Poderiam perfeitamente estar em livramento condicional, obrigados a cumprir pena trabalhando em serviços absolutamente úteis à comunidade: limpeza urbana, obras de pavimentação, reflorestamento, limpeza de ruas e canais, cozinhas comunitárias.

Mas o ódio nacional, burro como todo ódio, acha que cadeia, cadeia e mais cadeia resolve algo. Temos hoje 4 vezes mais pessoas presas que há 20 anos e duvido que haja alguém que diga que a sociedade tem mais segurança.

Mesmo para quem não tiver um mínimo de humanidade, um sistema prisional assim é algo estúpido, contraproducente e, pior ainda, uma incubadora de mais criminosos perigosos e de mais crimes.

 

 

 

 

 

Fernando Brito:
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