O professor Renato Janine Ribeiro publica uma curta, mas instigante mensagem em seu facebook:
Os incluídos vão aceitar sua exclusão?
Penso que sim.
Nestas ocasiões, lembro a carta testamento de Getulio, em 1954. Algo assim: O povo que ajudei a libertar não será mais escravo de ninguém.
Dez anos depois, entrávamos em longas trevas.
Há incluídos que votaram contra as políticas de inclusão.
Conheci de perto três pessoas que melhoraram muito de vida graças às políticas de Lula.
Elas o odiavam.
O quadro mundial de ascensão de uma nova e mais selvagem direita deixa evidente que, também por aqui, não é só nossa a “culpa” deste avassalador quadro que se pintou nas eleições de 2016, ainda que com todos os “descontos” de ser uma eleição local e submersa na onipotência e onipresença da Operação Lava Jato, uma situação anômala que, se não desembocar numa ditadura policial-judicial, não poderá – ainda que o tentem – ser prolongada ad eternum.
Há, porém, nas palavras do professor, um erro do qual a esquerda ainda não se deu conta plenamente.
O da despolitização da ascensão econômica, reforçado pelo “republicanismo” do “todos e todas”, algo que abordei na minha participação no livro Golpe16:
Na visão ideológica que se irradia do topo ( da pirâmide) em direção à base social, sucesso é sempre de natureza pessoal – conquistado por talento, mérito, concurso, esforço, formação educacional etc –, enquanto o fracasso tem origem coletiva ou estatal: o povo ou o governo brasileiro são as razões das dificuldades econômicas dessa gente, de sua falta de condições para atingir seus objetivos ou das vicissitudes de suas relações com mundo real, como na questão da segurança: ou “sobra” pobre, ou falta polícia…
Nos momentos de afluxo econômico, acentua-se distanciamento do povo e a aproximação com a elite: suas ideias – e ideais – são tratadas como “bens” e, embora de natureza abstrata, em tudo se aproximam dos valores materiais com que identificam o topo da pirâmide social que sonham alcançar, embora tão distantes.
O discurso do “levamos XX milhões à classe média) substituiu, ideologicamente, o da ascensão coletiva do povão como obra de sua opção política pela esquerda. E ascensão pessoal, conjuntural, transitória tem efeitos não apenas limitados como egoístas.
Porque a correção de desigualdades não é um episódio, mas uma trajetória geracional, que exige tempo e, por exigir tempo, requer a construção de uma consciência de identidade como povo, para que o valor coletivo torne a população compreenda as dificuldades como um desafio coletivo.
O que se fez, ao contrário, foi reduzir tudo, ou quase tudo, a direitos e conquistas individuais ou de grupo:
O discurso da esquerda – e a falta de agressividade de sua política de comunicação – não conseguiu construir mais que uma vaga e bem fugaz simpatia – ou, menos que isso, temporária aceitação de sua presença política. Talvez seja mais exato dizer que, a partir do grande afluxo econômico do segundo governo Lula, o processo ideológico mais intenso foi a progressiva absorção dos valores do moralismo de classe média no discurso do governo de esquerda, que aceitou e até incorporou como prioritários conceitos como “gerência da máquina do Estado”, “faxina”,“institucionalização”, policialismo e judicialização da atividade política.
Transpôs-se para a gestão pública o ascetismo hipócrita da classe média, que proclama sua capacidade,pureza e sentimento de superioridade em relação a outrem, deixando que a “biodiversidade” social se reduza a questões de gênero, étnicas e de outros grupamentos, aceitando em parte a visão “tribalista” que correspondeu, no campo dos microcosmos sociais, à ascensão do neoliberalismo.
Não se quer, por óbvio, desmerecer ou mesmo desqualificar estes graus de agregação social, apenas frisar sua insuficiência para a formação de uma identidade plena como povo. Eles são parte – e indispensável – de um processo que é muito mais caudaloso mas que, olhado apenas de per si faz desaparecer a visão de que dependem de um contexto que os extrapola.
Não creio que este tipo e raciocínio se aplique apenas ao que fez o PT. Deve ser motivo, também, de alguma reflexão de quem acha que existe – ou pode existir – uma “nova esquerda”, que ondem uma amiga definiu com um paradoxal “esquerda udenista”.
A transformação do Brasil não é um passe de mágica, mas uma longa trajetória na qual só se está errado quando se está sozinho. O processo social é um rio cheio de meandros e é bom lembrar que, 12 anos atrás, estávamos chorando a eleição, em primeiro turno, de Fernando Henrique Cardoso, montado no jegue de um Plano Real que era tão unânime quanto a Lava-Jato.
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Uma nova esquerda? Uma que não defenda o socialismo como solução? Uma que não se corrompa com o dinheiro fácil? Uma que não aceite mimos de empreiteiras em troca de facilitação de contratos com o Poder Público?
Vocês, esquerdistas, estão no mato sem cachorro, pois perderam os seus discursos ao longo de 13 anos.
Os ícones da esquerda brasileira, ou estão presos, ou na iminência de ser presos, e não cabe mais nenhum discurso de reconstrução, não obstante Cantalice, Sokol e Damous terem marcado para 07 de novembro à Rua do Carmo, 36, Rio de Janeiro, um "Diálogo Itinerante pela Reconstrução do PT".
Reconstruir o que está em ruínas? Não creio que o PT tenha o poder da Fênix.
Afinal, como crer naqueles que, ao ver dinheiro público, roubaram tanto que se lambuzaram?
Vou deixar aqui uma frase de Lupi: "O PT exagerou no roubo!"
E o psdbosta não se locupleta com dinheiro público? E o pmdbosta também não? Você só se informa pela globo? É isso? A direita voltou ao poder baseada num discurso de ódio, que aliás o brasileiro adora. Talvez você não tenha que viver do seu trabalho, mas eu sou assalariado e vi minha vida melhorar no governo do PT. Agora sei que corro o risco de perder o que consegui, pelo simples fato que a direita no poder só pensa em aumentar ainda mais seu patrimônio. Vice acha que esse governo irá melhorar alguma coisa para o povo? Ou você aceita que o povo só serve pra enriquecer os 1% da população?
Se quiser, te empresto algum a 10% ao mês. (risos)
Você é um pobre de direita adorador do capital e de quem tem. Por isso esse discurso único e cego de eliminação do estado e do PT.
O socialismo não deu certo? Então explica as nações nórdicas (Escandinávia, Alemanha, Canadá, França, Grã-Bretanha, ...) que mesclam o capital com saúde e educação PÚBLICAS de qualidade e detém os maiores padrões de vida do planeta. A Noruega tem até uma estatal que comprou poços da PetrobraX.
Mesmo a China e seu estupendo crescimento econômico se deu graças ao planejamento e a intervenção estatais.
Estado mínimo? sei. O próprio Obama salvou a Chrysler/GM, injetou dólares (bilhões) para salvar o sistema financeiro pós 2007 e implantou o OBAMACARE para os 50 milhões de americanos sem planos de saúde.
Agora quero ver se você tem cacife suficiente para emprestar para 90% dos brasileiros que serão afetados, direta ou indiretamente, pelos cortes dos gastos sociais, dos direitos, dos investimentos, dos créditos (risos).
Nenhum dos países que citou é socialista, maluco! Fumou naftalina?
Ele se referiu a políticas estatais, que imbecis como você e seus amiguinhos do Mbl defenestram !! Mas entendo, fumar a globo todo dia imbeciliza mesmo.
M Cruz, o pascácio do Alisson nem sabe que o Welfare State foi conquistado com muita luta.Ele precisa ler Keynes,mas não adianta: O Olavinho o abastece diariamente com boas doses de Mises e Hayek.
A Casa-Grande agradece o empenho desses pulhas que defendem seus interesses não negociáveis,dando-lhes
compotas de ódio e ressentimento...
Não adianta discutir com quem nem lê direito e muito menos entende um texto e vem todo dia aqui para querer pautar o blog e se achar. Vá estudar um pouco e abrir sua mente, seu bitolado.
Não sabe diferença entre práticas socialista, comunista, estado de bem-estar social com o estado provendo serviços públicos e distribuindo rendas ( na Alemanha, por exemplo, as universidades - com 103 Nobels - são gratuitas) e capitalista em que o estado não é mínimo coisíssima nenhuma (os EUA tem mais funcionários públicos do que o Brasil em comparação ao total de trabalhadores ocupados).
O resto é propaganda dos 1% e seus prepostos que afeta mentes frágeis facilmente zumbizadas.
broncocapiaulalissonernestojose, colocando todo o roubo do PT junto, que eu sei que houve, eu nao creio que chegue perto a todo o roubo de um Paulo ladrao maluf(so' preciso citar um, mas ha' varios das alas de direita, que drenaram o pais por decadas)..
Alguém perde mesmo tempo lendo as bobagens que estes tipos escrevem? Eu vejo o nome de um dos destacados para manter plantão no Tijolaço e já sei que vem merda.
E os teus ícones direitalha? E o Serra 23 milhões? E o Aecioporto 3%? E o Santo do Rodoanel? E o somos todos Cunhas? Isso so pra citar alguns dos donos da etica e dos bons costumes. Voces se mantém porque são blindados pela mídia porca e pela justiça oligárquica.
Esse é o tipo de comentário desprezível, igual ao dono e a quem ele protege ou apoia. Siga seu caminho do caos, e não reclame lá na frente quando estiver num beco sem saída. E antes que eu me esqueça, aí vai o meu "Vai tomar no cú diário pra vc Allison Souza. "
No Recife deu PT?
Não, mas na Av. Conselheiro Aguiar sua mãe dá sempre !!!!
estou so aguardando o trump assumir pro moro virar um joaquim barbosa 2 ou seja um coco boiando na sentina
"é bom lembrar que, 12 anos atrás, estávamos chorando a eleição, em primeiro turno, de Fernando Henrique Cardoso, montado no jegue de um Plano Real".
Melhor corrigir o texto, pois, na verdade, foi há 22 anos, em 1994.
O comentário foi feito apenas com a intenção de colaborar, não precisa ser publicado.
Inolvidável e sombrio ano de 1994 !!! Pobre Itamar Franco, engolir um mala como candidato.
Pra algumas coisas (nao pra tudo), as pessoas tem o que merecem. Quem ascendeu com o lula e o despreza, vai ter o governo que merece. Simples. A mania de querer ser aceito pela classe media, que por sua vez, tem mania de quererr ser aceita pela classe rica. Entao que fiquem com Dorias, serras, temers e, quem diria, bolsonaros.
Logo os advogados da uniao, defensores publicos, por exemplo, policias, verao que no fundo eles sao apenas considerados gastos por esses politicos que agora festejam. Os policiais ainda estao conseguindo algo por causa do medo de enquadramento que os parlamentares estao tendo.
Mas o pobre, especificamente, vai rever mto do que sempre viu: aperto nos aposentados, aperto no salario minimo, aperto nas politicas de inclusao educacional, aperto no acesso a justica. Acho q apenas o interior do nordeste permanece reconhecendo os ganhos. As capitais do nordeste tb ja começam a odiar o lula
É a sina do Brasil. A cada 25 anos zeramos tudo e começamos novamente. Nunca seremos um grande pais. Sempre que fizermos conquistas sociais, a direita e a midia as destruirão. Pobre povo.
O Brasil será um grande país se tiver tradição e excelência.
Então IMBECIS como você devem ajudar tomando um belo copo de veneno pra formiga !!! Há e antes que eu me esqueça, vai procurar a tradição que você gosta , vai procurar UMA ROLA !!!!
Vc quer dizer com teus ladrões no poder? Sonha otário.
Esse panacas que adoram escrever abobrinhas, como este celerado que abre os comentários do post, um otário que jamais deve ter ido além de Aracaju, vive a querer dar conselhos acerca dos destinos do Brasil e do mundo.
Pois bem, nenhuma esquerda real pode negar o comunismo, se o fizer não passa de empulhação. Obviamente estabelecer um novo regime via eleições vai sempre dar com os burros n'água, uma vez que a democracia burguesa é elaborada opara nada mudar efetivamente, apenas as penas mudam, novas cores, novas plumas.
Qualquer reforma, por mínima que seja, num País escravocrata e com uma elite feroz como a brasileira estará fadada ao fracasso, foi assim com Vargas, foi assim com o PT, Não haverá saída sem a revolução e nesse aspecto não me refiro a revolução comunista, refiro-me a revolução liberal burguesa, que as elites buscam negar a todo custo.
No Brasil, sequer chegamos ao liberalismo, vivemos um mistão entre feudalismo e escravagismo, com permeabilidade social limitada e estigmatizada ( futebol, pagodeiros, atrizes, cantores populares etc ), sem um freio de arrumação proveniente dum banho de sangue que recoloque o curso histórico rumo a formação da grande nação, seremos eternamente essa merda boiando a serviço do Império.
Por fim, para os imbecis que sonham em ser os opressores e desdenham do socialismo como caminho, pesquisa de 2015 em todas as Rússias atestam que 65% dos entrevistados preferiam o retorno da URSS, apenas 20% preferem o modelo atual e 15% não possuem opinião formada.
Quanto ao post, perfeita a análise do FB, sem a politização o camarada acha que a vida melhorou por causa de seu esforço apenas. Passa a desvalorizar tudo que é coletivo, fica em casa vendo o Netflix no "caboNet" e tá tudo certo.
Mas as coisas devem voltar ao leito com o Temer, pobre é pobre, deve comer, vestir e "estudar" coisas de pobre. A classe mérdia vai empobrecer mais ainda e claro, vai odiar mais ainda os pobres que teimam em se assemelhar a eles.
Os ricos, ahhhh, esse viverão felizes para sempre !!!
Acho que o Tijolaco, ao permitir que os trolls da direita, pagos com dinheiro público, venham bostejar nos sites de esquerda, acaba por contribuir com a direita e com perpetuação dessa prática. Não vejo isso como algo democrático. Acho que compete em ingenuidade com o republicanismo dos governos petistas.
A realidade é que invalidaram mais de 54 milhões de votos, depois que as castas dos abastados perceberam que não poderiam mais ganhar eleições presidenciais no voto, apelaram e invalidaram a opção dos brasileiros, querem destruir a esquerda, governar sem povo. Aí está o motivo de grandes abstenções e votos nulos nas urnas. Com a demonização da arte e ciência da política, dos políticos tudo que sobrou foram políticos corruptos envolvidos com propinas, em sua grande maioria, o sistema está podre. Os destruidores de pátria agora querem vingança contra o povo, destruindo toda seguridade social que já era pouca, para que o nosso povo não se aventure a querer ser de novo um país soberano.
O BRASIL se divide numa imensidão de BRASILEIROS e um grupelho de golpistas.