A maldição do atalho

Mais desculpável nos muito jovens do que nos velhos – pois a escassa idade reúne desejo e  ímpeto enquanto a aventura na maturidade em geral só é regida pela ambição – a tentação do atalho carrega em si uma maldição.

Temer, ao que parece, caiu nela.

Os vapores da ambição e da vaidade já não deixam que perceba que é um instrumento, não o protagonista.

O negado – e por isso, no caso dele, confirmado – desejo de ser candidato à reeleição, em 2018, o transforma em vidraça para seus próprios cúmplices.

Ou será que é possível crer que os tucanos aposentaram suas ambições de retornar às glórias palacianas e hão de contentar-se em ser representados por José Serra em sua condição de macaco na loja de louças diplomáticas?

Acha que que a ingenuidade – real ou fingida – vai persistir eternamente aceitando a estratégia de fazer vazar o mal em quantidades maiores para que ele surja como o mitigador do desastre, sem que isso abra fissuras na base política que o sustenta e que os parlamentares – que ao contrário dele, precisam de voto – vão sacudir bandeirinhas saudando a imposição de mais anos de trabalho aos eleitores?

Temer pegou um atalho – o do golpe, o da perfídia, o da traição – para o poder que ele jamais atingiu senão como caudatário.

Acha que é o mais esperto na turma de espertos que o colocou lá.

Foi fabricado pela mídia e por uma simplificação que faz da corrupção – nojenta, asquerosa – o mal dos males, fonte da pobreza, do atraso, da carência. É produto deles, porque segue a mesma lógica de tudo no Brasil: a apropriação por poucos daquilo que é de todos.

Quem dirá que uma ordem social iníqua e uma ordem econômica – interna e externa – não é a corrupção egoísta das relações humanas?

O presidente interino deixou – quase uma imposição de sua natureza abjeta – de compreender que a pouca legitimidade sem voto que poderia ter seria da assunção de sua transitoriedade. Quer que o que lhe veio pelo crime político se transforme em virtude.

É a encarnação do que negava Ulysses Guimarães: é velho e é velhaco.

E velhacos dependem de que os outros sejam tolos, e tolos por todo o tempo.

 

 

 

Fernando Brito:

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  • Estamos na república da Lama. No blog do Nassif há uma matéria que informa que Lula foi colocado como réu, na denuncia do Delcídio. sem nem ao menos ouvirem a defesa, como uma forma de vingança contra a ação de Lula e seus advogados de terem recorrido à ONU.
    Por outro Lado a atris Letícia Sabatello foi agredida com palavrões por um bando de fascistas e o sujeito que a chama de "puta" é o filho do presidente do Banestado que deu uns dos maiores golpes financeiros na área econômica. Esse é o Brasil que querem nos enfiar goela abaixo por meio do golpe.

  • Pois precisamos de mais manifestações, precisamos multiplicar os encontros nas ruas. A manifestação de ontem no Largo da Batata foi uma festa para recarregar as nossas energias na luta contra o golpe. Sem a CUT na organização - a eterna divisão da esquerda às vezes enche a paciência - assim mesmo foram mais ou menos 60 mil pessoas de todos os tipos, faixas etárias, classes sociais, mas principalmente trabalhadores e gente humilde. Todos alegres apesar da preocupação e das decepções. Alegres e entusiasmados na luta, nos gritos de Fora Temer, na maneira tranquila de enfrentar a presença maciça da polícia como se fossemos bandidos. Alegres e convictos na hora de encher os espaços das estações de trem e de metrô com os gritos de Fora Temer. Gritos que vão ecoar por muito tempo nos ouvidos de todos que lá estavam. É o encontro na luta, frequente e insistente, que nos fará cada vez mais fortes.

  • Além de república das bananas, da lama, essa é a república do pijama, segundo minha irmã. Os golpistas estão velhos ou já na meia idade decadente (como no caso de Aécio). Sem projeto nenhum para o país, com Serra à frente, fizeram das nossas riquezas a xepa da feira global. Os pais de Serra podiam e devem ter sido feirantes dignos, já o filho ...É a politicalha a todo vapor.

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