Alguns comentaristas políticos, não sem razão, acham que Bolsonaro agiu deliberadamente para transformar o episódio do aopio a Lula pela cantora Pabllo Vittar em uma oportunidade de fazer com a candidatura Lula a “guerra sexual” que moveu em 2018 sobre a tal “mamadeira de piroca” e à suposta sexualização (e gaysificação) criminosamente inventada sobre a Educação nos governos petistas.
Assim, a orientação sexual de Pabllo seria um pretexto para elevar Bolsonaro à posição de guardião dos “bons costumes” comportamentais.
Pode ser, porque de cabeças doentiamente criminosas tudo pode acontecer, inclusive estas “jogadas” abjetas. Seja ou não, porém, a pergunta é se isso funciona ainda.
Penso que não, e por vários motivos.
O primeiro e maior deles é o de que a história inventada em 2018 está miseravelmente “velha” e desmoralizada.
Segundo, o tipo de manifestação não teve, óbvio, nenhuma conotação de discurso sobre sexo, mas uma simples manifestação de apoio político, que só contém ideologia para quem não sabe que Vittar era morador de um assentamento do MST e tem, por isso, uma história que explica suass simpatias políticas.
Terceiro, a decisão judicial absurda será revogada e, com toda a certeza, massacrada pela maioria dos integrantes do Tribunal Superior Eleitoral.
Além disso, se o preconceito segue existindo e forte, as suas manifestações são cada vez mais, porém, vexatórias.
Não creio, por isso, que seja um “Plano Mamadeira -2“, mas apenas uma manifestação do autoritarismo inato do bolsonarismo e do desespero que ele tem ao ver o seu adversário recebendo manifestações públicas de apoio, que julgava impossível depois do transe que se passou com a Lava Jato.
A menos que se queira reescrever a batida frase de que a história, quando se repete, da primeira vez é farsa e, a seguir, tragédia”. Aqui, acho que caberia dizer que a primeira vez é farsa; a segunda, comédia, ainda que de péssimo gosto.