Não é preciso acrescentar nada ao que diz Marcos Coimbra em seu artigo na CartaCapital.
Presidente do Vox Populi, entende mais dos processos de formação de opinião pública – e e de sua expressão nas pesquisas – do que qualquer um de nós.
É, apenas, um diagnóstico completo do que vem se passando não agora, mas durante quase todo um governo que foi tratado como “campanha eleitoral” pela imprensa brasileira.
E, também, um retrato de quanto nos custa o fato de que o PT continue achando que o tigre midiático não morderá se receber afagos e boa ração publicitária.
Isso não seria um problema se o castigado fosse apenas um partido que se desmilinguiu e perdeu sua combatividade, se não pusesse, com isso, em perigo de ser levado de cambulhada um processo de transformação que, mesmo tímida, este país precisa se quiser ter um destino próprio e algo próximo de justiça para seus filhos.
Não há problema algum em termos uma mídia onde haja oposição, é da democracia.
O que não é da democracia é ter a mídia como oposição, o partido único da oposição, dono exclusivo da “verdade” incontestável.
Mais, dono da vontade nacional, a tal ponto que governantes eleitos baixem-lhe eternamente a cabeça.
As eleições e a mídia
Marcos Coimbra
Na próxima terça 19, com o início da propaganda eleitoral na televisão e no rádio, entraremos na etapa final da mais longa eleição de nossa história. Começou em 2011 e nossa vida política gira em torno dela desde então.
A batalha da sucessão de Dilma Rousseff foi iniciada quando cessou o curto período de lua de mel com as oposições, no primeiro ano de governo. Talvez em razão do vexame protagonizado por José Serra na campanha, o antipetismo andava em baixa.
Durou pouco. Na entrada de 2012, o clima político deteriorou-se. As oposições perceberam que, se não fizessem nada, marchariam para nova derrota na eleição deste ano. Ao analisar as pesquisas de avaliação do governo e notar que Dilma batia recordes de popularidade a cada mês, notaram ser elevadas as possibilidades de o PT chegar aos 16 anos no poder. E particularmente odiosa. Serem derrotadas outra vez por Dilma doía mais do que perder para Lula.
Ela era “apenas” uma gestora petista, sem a aura mitológica do ex-presidente. Sua primeira eleição podia ser creditada, quase integralmente, à força do mito. Mas a segunda, se viesse, seria a vitória de uma candidatura “normal”. Quantas outras poderiam se seguir?
A perspectiva era inaceitável para os adversários do PT. Na sociedade, no sistema político e no empresariado, seus expoentes arregaçaram as mangas para evitá-la. A ponta de lança da reação foi a mídia hegemônica, em especial a Rede Globo.
Recordar é viver. Muitos se esqueceram, outros nem souberam, mas a realidade é que a “grande imprensa” formulou com clareza um projeto de intervenção na vida política nacional.
Não é teoria conspiratória. Quem disse que os “meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste País, já que a oposição está profundamente fragilizada”, foi a Associação Nacional de Jornais, por meio de sua presidenta, uma das principais executivas do Grupo Folha. Enunciada em 2010, a frase nunca foi tão verdadeira quanto de 2012 para cá.
Como resultado da atuação da vanguarda midiática oposicionista, estamos há três anos imersos na eleição de 2014. A derrota de Dilma é buscada de todas as formas. O “mensalão”? Joaquim Barbosa? A “festa cívica” do “povo nas ruas”? O “vexame” da Copa do Mundo? A “compra da refinaria”? O “fim do Plano Real”? A “volta da inflação”? O “apagão” na energia? A “crise na economia”? A “desindustrialização”? O “desemprego”?
Nada disso nunca teve verdadeira importância. Tudo foi e continua a ser parte do esforço para diminuir a chance de reeleição da presidenta.
Ou alguém acha que os analistas e comentaristas dessa mídia acreditam, de fato, na cantilena que apregoam quando se vestem de verde-amarelo e se dizem preocupados com a moral pública, os empregos dos trabalhadores ou a renda dos pobres? Ou que queiram fazer “bom jornalismo”?
Temos agora uma ferramenta para elucidar o papel da mídia na eleição. Por iniciativa do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, está no ar o manchetômetro (http://www.manchetometro.com.br), um site que acompanha a cobertura diária da eleição na “grande imprensa”: os jornais Folha de S.Paulo, O Globo e O Estado de S. Paulo, além do Jornal Nacional da Globo (como se percebe, os organizadores do projeto julgaram desnecessário analisar o “jornalismo” do Grupo Abril).
Lá, vê-se que os três principais candidatos a presidente foram objeto, nesses veículos, de 275 reportagens de capa desde o início de 2014. Aécio Neves, de 38, com 19 favoráveis e 19 desfavoráveis. Tamanha neutralidade equidistante cessa com Dilma: ela foi tratada em 210 textos de capa. Do total, 15 são favoráveis e 195 desfavoráveis. Em outras palavras: 93% de abordagens negativas.
É assim que a população brasileira tem sido servida de informações desde quando começou o ano eleitoral. É isso que faz a mídia para exercer o papel autoassumido de ser a “oposição de fato”.
O pior é que a influência dessas empresas ultrapassa o noticiário. Elas contratam as pesquisas eleitorais que desejam e as divulgam quando e como querem. E organizam os debates entre candidatos.
Está mais que na hora de discutir a interferência dessa mídia no processo eleitoral e, por extensão, na democracia brasileira.
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Bom, estamos em contagem regressiva... amanhã começa o direito dos partidos mostrarem aquilo que os "donos das notícias" não mostram!! Às 20:30 me sentarei diante da TV (o que já não faço há muito tempo...) para assistir e analisar os programas. Torço para que o povo perceba que este governo é o melhor para o país, apesar de todo o empenho midiático em dizer o contrário...
Queria é entender por que diabos os partidos e candidatos não criam sua prápria pauta de debates e discussão de propostas e ideias? Por que não há debates em universidades, em praças públicas, em canais alternativos? Afinal, a Globo, o Estadão e os demais podem sim "informar" o que acontece, mas não definir o que deve ou pode acontecer!!! Acho que está mais do que na hora da regulamentação dos meios de comunicação.. não dá pra ficar à merce dos deturpadores de notícias pra toda vida!!! No Brasil tem tanta coisa boa acontecendo, existe tantas vitórias pra serem mostradas e ficam nessa lenga-lenga infantil e nessa lamúria apocalíptica todo santo dia... !
é estamos
esperando uma ley de medios!
É DILMA já reeleita em 1º turno com 100% de aprovação dos eleitores BRASILEIROS que amam LULA e acreditam que DILMA é a MELHOR PRESIDENTA da atualidade. tenho dito...............................................
se, atualmente, uma minoria de descendentes dos antigos colonizadores puritanos da américa do norte transformou-se em um grupo de gananciosos vale-tudo supostamente controlados por uma maioria de cidadãos emancipados, na porção sul do continente os conquistadores lograram continuar a ser (século após século) o quê sempre foram: um grupo de señores contrários à emancipação de seus compatriotas, mantidos, estes, em precário nível social e econômico, de modo a fornecer o trabalho barato e servil garantidor dos privilégios seculares, geradores da contínua exclusão social cuja razão de ser encontra-se na permanente recusa dos señores em compartilhar o poder.
neste momento em toda a américa latina, herdeiros da conquista e por meio do controle dos meios de comunicação de massa, tais señores encontram-se exercitando ferozmente a prática na qual adquiriram longa e bem conhecida proficiência: minar o que pode vir a ser uma revolução bem sucedida em seus domínios.
http://passalidadesatuais.blogspot.com.br/2014/05/um-grupo-de-senores-contrarios.html
Marcos Coimbra, ex-collorido, dono do Instituto Vox Populi, colunista da Carta Capital e sedizente cientista social, costuma pousar de grande pensador e estrategista da política. Em artigo disse que o processo do mensalão não teve a menor importância e que as pessoas estão ocupadas com outras coisas.
Costuma ser notavelmente agressivo com os políticos de oposição de que discorda e notavelmente lhano com aqueles com os quais concorda — sabem como é, precisa manter um pé em cada canoa… Assim como migrou do collorismo para o petismo, pode, se preciso, pular para um barco tucano — desde que não seja o de São Paulo. Conseguiu tirar seu instituto da falência iminente produzindo pesquisas e números para o PT. ESSE SENHOR NÃO TEM NENHUMA CREDIBILIDADE.
Para você, Juliano. Não tem nenhuma credibilidade para você. E você, porque devemos acreditar que tenha alguma credibilidade?
Quando reacionários como Juliano ficam afetadinhos é sinal que o Marcos Coimbra está no caminho certo. Nunca vi "agressão" dele contra quem discorda. Vejo argumentação lúcida e muitas vezes contundente. Mas assim é a direita. Agride com virulência, como fez o Juliano afetadinho, mas quando recebe críticas cujos argumentos o incomodam, fazem-se de vítimas e esperneiam. Como sempre digo: o debate democrático não é da natureza da direita e sim, a imposição de pensamento único. Assim, é o Juliano. E demais afetadinhos.
Aliás, Juliano, conteste os argumentos do Marcos Coimbra no texto acima. Quem sabe você consiga alguma credibilidade.
Caro Fernando...
pois é,um ponto ficou evidente nestes 12 anos (que, espero, tornem-se 16) de Lula, Dilma e PT: nosso governo, que reconheço como o mais popular da história, se ajoelhou para a grande mídia, para o PIG (basta lembrar que o ministro das Comunicações é o Paulo Bernanrdo - conhecido como Paulo Plim-Plim)! Diria que o PT merece (mesmo sendo um petista)! Quem não merece é o Brasil! Quem se acovarda da luta, como o PT se acovardou diante do PIG, merece ser derrotado... Mas, nosso povo não merece o PIG!
A meu ver os debates deveriam ser realizados por organizações civis de renome, e as empresas de telecomunicações serão meros veículos de informação.
Da forma atual elas produzem e distribuem o conteúdo, da forma como quer.
nossa fiquei mais confiante ainda de 2019 reportagens 195 contaria a Dilmaa e 19 favoráveis então se imprensa falasse verdade Dilma estaria com 75%muito boa matéria gostei .
O que a mídia faz no Brasil é inacreditável. Ela, na verdade, FAZ o Brasil. Aos seus moldes. Aos moldes de seus interesses. Qualquer figura popular é considerado inimigo. Do que eles tem medo mesmo ? que o povo acorde ? que o povo diga "A verdade, o fato, a imparcialidade ou o fim da concessão !". Temos que dar um fim nesta escravidão, afinal.
Fiquei esperançoso dia desses por que um cidadão resolveu entrar na justiça exigindo maior imparcialidade do PIG. Ele está absolutamente certo. E, o Manchetometro, já é prova criminal. Tratar este pessoal com tapinhas nas costas é um erro. O que nós podemos fazer ? não acessar, não comprar, não dar cliques para esta gente e passar a prestigiar os blogs alternativos. A qualidade, agora, está neles. A grande mídia tornou-se um mundo de fantasia. Uma enganação diária. Uma Matrix.
É a mídia nativa bombardeia a exaustão, só que os brasileiros hoje sabem diferenciar entre melhoria de vida e passar fome, e que isso depende de governo. A juventude deve e tem que conhecer a história, para que o futuro seja cada vez melhor. Por outro lado, a divulgação dessa pesquisa servirá para a militância acordar e trabalhar com afinco, em todos os lugares que puderem. Existem dois projetos para se escolher: O Brasil ficar muito melhor ou voltar ao atraso que vivíamos com o neoliberalismo. Cabe aos militantes mostrar isso didaticamente aos eleitores, sem ofensas, com respeito para convencê-los e aqueles que são cabeça dura, paciência.