Andrea Matarazzo quer institucionalizar a inviolabilidade tucana

Repare nessas frases do advogado de Matarazzo, que está tentando uma proeza incrível, até mesmo para a tradição tucana de manter seus quadros indevassáveis e intocáveis: proibir que a Polícia Federal o investigue. Suas razões:

“O que me causa espanto é que vivemos um momento em que todo homem público tem que ser investigado. Um cidadão assume o governo e já se abre inquérito contra ele. O homem público está estigmatizado neste país.”

(…)

“O grande problema disso tudo é o desgaste político, fica sangrando.”

É o cúmulo do cinismo. Condena-se Dirceu sem absolutamente nenhuma prova. Já o trensalão tucano, há emails, contas, cartas, depoimentos, testemunhas, investigações na Suíça, documentos. E agora, o único político tucano que as autoridades tiveram coragem de investigar, e mesmo assim em inquérito “exclusivo”, vai tentar, junto ao Judiciário, proibir que seja investigado pela Polícia Federal.

E isso porque ele “fica sangrando”.

O PSDB nunca deixou abrir uma CPI em São Paulo pelas mesmas razões. Já o PT experimentou incontáveis CPIs, e seus quadros são condenados impiedosamente pela mídia mesmo que o crime seja tão grave quanto comprar uma tapioca.

Não sei porque, mas tenho a impressão que a mídia não vai dar um pio contra as chorumelas esfarrapadas de Matarazzo.

Acho que o PSDB poderia fazer logo um projeto de lei para instituir no Brasil, de maneira oficial, a inviolabilidade tucana. Eu ajudo no texto, que poderia ser algo assim: fica proibido, a partir desta data, criar CPIs que prejudiquem o PSDB; nenhum político do partido pode ser investigado; inquéritos eventualmente abertos contra crimes nos quais tucanos sejam suspeitos serão automaticamente fechados ou engavetados. Ficou bom?

Abaixo a notícia do Estadão sobre mais uma genial ideia tucana: barrar inquérito.

*

Matarazzo quer barrar inquérito da PF

Defesa de vereador tucano estuda entrar com habeas corpus contra nova investigação no caso Alstom
por Fausto Macedo, no Estadão.

A defesa do vereador Andrea Matarazzo (PSDB) estuda ir à Justiça com pedido de habeas corpus para evitar a abertura de inquérito da Polícia Federal contra o tucano no âmbito do caso Alstom – suposto esquema de propinas a funcionários públicos da área de energia do Estado, entre 1998 e 2003, nos governos Mário Covas e Geraldo Alckmin, ambos do PSDB.

A alegação central é de que a investigação – requerida pela Procuradoria da República e autorizada pela 6.ª Vara Criminal Federal em São Paulo – “não tem causa, nem objeto”.

O criminalista Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, que representa Matarazzo, destaca que “não há nada a temer”, mas faz um alerta. “O que me causa espanto é que vivemos um momento em que todo homem público tem que ser investigado. Um cidadão assume o governo e já se abre inquérito contra ele. O homem público está estigmatizado neste país.”

Matarazzo já foi investigado pela PF no inquérito Alstom. Ex-secretário de Energia de Covas, ex-ministro de Comunicação Social do governo Fernando Henrique Cardoso e ex-secretário de Cultura das gestões Alberto Goldman e Alckmin, o tucano foi indiciado por corrupção passiva, mas ele afirma que não conhece os lobistas, empresários e executivos que protagonizaram o escândalo.

“Não assinei o contrato e nenhum aditamento, todas as atas estão lá”, disse Matarazzo. “Fiquei apenas 7 meses no cargo de secretário, em 1998. A Eletropaulo estava em pleno processo de privatização. O grande problema disso tudo é o desgaste político, fica sangrando.”

Há três semanas, ao apresentar à Justiça denúncia criminal contra 12 investigados do caso Alstom, a Procuradoria excluiu Matarazzo porque reconheceu expressamente “inexistência de provas” contra ele.

No entanto, a Procuradoria requereu inquérito específico sobre o tucano alegando que ainda são aguardados documentos da Suíça em nível de cooperação jurídica internacional.

O advogado do vereador afirma que nenhum documento poderá comprometer Matarazzo. “Mas, suponha-se que mandem para o Brasil a prova de um crime. Aí sim o Ministério Público poderia requisitar inquérito policial ou aditar a denúncia já oferecida. O caminho natural é este, jamais abrir um inquérito sem fato a ser investigado.”
Para o criminalista Mariz de Oliveira, o novo inquérito representa “uma punição política, uma punição fora da lei”.

Fernando Brito:

View Comments (9)

  • O judiciário do Brasil é comprometido com duas causas: a tucana e a anti-PT. Não é preciso gastar caneta com este texto, Miguel.
    No Brasil já é proibido investigar tucano, faz tempo.

  • Segundo ao senso comum o PT "aparelha" os orgaõs públicos em busca de uma boquinha , os tucanalhas dominam as Instituições.
    É parte da maçonaria que ao contrario de suas origens não combate o despotismo pois aliou-se ele.

  • O problema do Matarazzo, ex-conde, é o conceito de "homem público": até onde eu sei, não existe nenhum inquérito investigando a Dilma. Há muitos exemplos de homens pulicos que honram o cargo.

  • ATÉ QUANDO ESTE PARAZITA, ATRAVES DO SEU DEFENSOR QUER CHEGAR. MUDAR A CONSTITUIÇÃO? SÓ PODE! ESSES TUKANALHAS ROUBAM, FORMAM QUADRILHAS ESPECIALIZADAS,VETAM CPIs E AGORA QUEREM MUDAR AS LEIS? ESSA QUADRILHA AI TEM QUE SER INVESTIGADA SIM, PARA O BEM DE SUN PAULO E DO BRASIL...

  • Há muita lama sob os trilhos do metro tungano de São Paulo.
    Aos olhos dos brasileiros, não há cérebro no ministério da justiça(minúsculo).

  • O capo Matarazzo tem razão e não mente quando declara que não conhece nem nunca recebeu os lobbystas que distribuíam a propina dos diversos negócios dos quais participou. É verdade e ele não está mentindo.
    O capo apenas deixa de dizer que para estes negócios ele sempre nomeia um representante de absoluta confiança que faz as ligações, comparece as reunioes, define valores e recebe o dinheiro.
    Ao que parece o emissário dos casos Metrô, CPTM e Cia de Energia, a esta altura deve estar na Europa as expensas do Capo.
    Procurem saber e se informar sobre o que este senhor fez enquanto secretário de energia no governo Covas.
    O que ele fez permitiu a venda da CPFL.
    Está claro que não fez de graça.
    Outra coisa, este senhor oriundo de uma família falida é multimilhonário. De onde?

  • Isso me lembra o Maluf, que nega ser dono dos dólares depositados em Jersey, em seu nome, mas manda seu advogado impedir que o governo brasileiro os repatrie.

Related Post