Precisa e admirável a coluna de Bernardo de Mello Franco hoje, em O Globo. Lição que se conhece desde o dito popular transformado em música por Geraldo Vandré, há mais de meio século: “é a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar”.
Temer experimenta o papel de vítima
Bernardo Mello Franco, em O Globo
O juiz Marcelo Bretas avançou o sinal ao decretar a prisão preventiva de Michel Temer. A lei estabelece que a medida só deve ser aplicada em casos excepcionais. Estão entre eles risco de fuga, destruição de provas e prática continuada de crimes.
A decisão de Bretas não comprovou nenhuma das três hipóteses. O juiz ainda evocou a “garantia da ordem pública”, que envolveria “assegurar a credibilidade das instituições públicas, em especial o Poder Judiciário”. Quando uma prisão passa a ideia de abuso de poder, ocorre exatamente o oposto.
Até adversários de Temer consideraram que houve exagero. As críticas parecem ter encorajado o desembargador Ivan Athié. Na sexta-feira, ele informou que submeteria o recurso do ex-presidente a colegas do Tribunal Regional Federal. Ontem mudou de ideia e decidiu soltá-lo sozinho.
O que provocou a reviravolta? Só a passagem do fim de semana, informou o desembargador. “No recesso do lar, pude examinar com o cuidado devido as alegações”, escreveu. A ordem de prisão tinha apenas 46 páginas, incluindo infográficos e diálogos em balõezinhos do WhatsApp.
Ao conceder o habeas corpus, Athié chamou Bretas de “notável, seguro, competente e corretíssimo”. Ele ainda escreveu duas vezes que é favorável à Lava-Jato e quer ver o país “livre da corrupção”. A preocupação mostra como magistrados temem contrariar a operação. Se a prisão era ilegal, não era preciso fazer discurso político para derrubá-la.
As quatro noites na cadeia ofereceram a Temer a chance de experimentar o papel de vítima. Quando articulava o impeachment da antecessora, ele fazia elogios públicos à investigação, que ainda não atingia seu grupo político. Em outubro de 2016, já na cadeira presidencial, escreveu no Twitter: “Não vejo abuso na Lava-Jato. Não vejo espetáculo. Tem que avaliar o teor das denúncias”.
Sua opinião só começaria a mudar no ano seguinte, depois da visita noturna do empresário Joesley Batista.
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Todos estes pertencem à mesma casta ou clube. Portanto a bajulação, não só se justifica, como confirma a afirmação. Quanto a Temer, cumpriu o seu papel junto a sua casta, ou seja, o clube dos políticos. O povo que se dane e pague a conta. Até quando?
Temer já está solto, mas o caráter exemplar da sua prisão é terrível. Não há diferença em tragar o poder de maneira ilegítima e tomar uma overdose de heroína. Em ambos os casos, acabado o efeito da droga, o que sobra é um rebotalho humano vazio e miserável. O zumbi da heroína é enxotado das ruas por qualquer guarda municipal. O zumbi político é metido atrás das grades pelo voluntarismo de qualquer juiz de primeira instância.
Daqui por diante ele vivera em sobressalto temendo a prisao q poderá ocorrer a qualquer momento por voluntarismo de um juizinho de piso. Temer perdeu a paz, perdeu a segurança. Ainda é pouco para o grande mal q fez ao país. Ficará na história como judas.
Fosse uma pessoa comum, "gente de bem", a estas alturas estaria pensando que os únicos a criticarem sua prisão foram pessoas da esquerda enquanto os que o apoiaram lavaram as mãos.
acha-se algures histórico do tal juiz, do ES, onde primeiro o crime organizado chegou ao poder, nos anos 90. é só pesquisar.
A nossa Constituição foi rasgada, então não vejo nada errado na prisão do Temer! Deveria apodrecer na prisão. Infelizmente o pessoal de esquerda sempre na hora h vem falar em irregularidades! O fato concreto é que o Temer esta do lado que deu o Golpe! Se fosse alguém do PT, não estaria solto, simples assim.
Esse negócio de mandar prender porque corre o risco de destruição de provas, fuga, prática continuada de crimes ou garantir a ordem pública é pura conversa pra boi dormir ou enganar trouxas! Isso só vale para petista, ou melhor LULA.