Sensivelmente menores que os anteriores, sobretudo fora de São Paulo, os atos pró-Lava Jato foram marcados por uma radicalização crescente e irresponsável.
Congresso, STF e a própria imprensa foram xingados e, até, ameaçados.
Não se pode deixar de dizer que, embora devam ser defendidos como instituições da República e da democracia que temos, ainda que precária, estão colhendo o fruto daquilo que elas próprias estimularam, com o golpismo parlamentar, com a politização da Justiça e com a transformação dos meios de comunicação em julgadores implacáveis e seletivos de uma utilíssima “moralidade”.
Nenhum dos três, senão timidamente, começou a reagir a isso, não se intimidando pelas pressões do monstro que ajudaram a parir.
Só muito lentamente passam a não subscrever mais incondicionalmente os abusos, mas apenas porque eles se evidenciam de forma (quase) inescondível.
Há um ponto central, que algum dia será entendido, embora seja, há mais de um século, compreendido: nada pode ser “especial” na sua atuação, nada justifica a formação de grupamentos fora das estruturas normais do Estado – “forças-tarefa” ou congêneres -, nada pode justificar o enfeixamento de poder em um ou meia-dúzia de juízes, porque isso induz ao excesso de poder e, daí, ao abuso deste poder.
O velho Direito, não transtornado pela epidemia da “especialização” que nele – e não apenas nele – foi introduzida, sustentava como pilar democrático a inexistência de tribunais de exceção, aqueles a quem deveria ser delegado o processar e julgar todos os casos que se enquadrassem em um certo viés.
A pluralidade dos juízos era, talvez, o mais eficiente elemento do sistema de freios e contrapesos que mantinha o equilíbrio. Tanto o rompemos que, há anos, o mais importante era se determinado acusado “ia cair nas mãos do Moro” ou não, como se ele fosse – e virou – uma instância especial, um tribunal em que a condenação, ao menos a quem “interessava”, estivesse assegura pelo “la garantía soy yo” do juiz.
Isso se alastrou e chegou a todos os espaços institucionais. Ministros do STF justificando decisões à base do “clamor público” que permitiria “flexibilizar” a Constituição e as leis e processos legislativos plebiscitário, nos quais divergir era algo intolerável e que merecia linchamento.
Na grande imprensa, o mesmo: passou a haver os incriticáveis, formou-se um espírito de manada que não admitia divergência, porque ela era “suja” e “aliada da corrupção”, muito embora os jornalistas fora do mainstream estivessem, como se diz nas Alagoas, vivendo a pão com laranja.
Será lento o processo de correção destas anomalias e nem mesmo temos a certeza de que, começado agora, vá sobreviver.
O espírito da matilha, como se vê nas ruas, segue forte e cada vez mais tem os dentes à mostra.
Exorcizá-lo será um processo longo e doloroso e não rápido como a passagem de um desatino.
Por mais que as instituições brasileiras tenham se conspurcado com o processo golpista, precisamos trazê-las para um ponto de algum equilíbrio.
O radicalismo verbal é, hoje, ferramenta das hordas. Nosso escudo é a racionalidade, ainda que tenhamos de, com ela, proteger quem tem culpa inegável neste processo.
Porque, afinal, lidamos com uma elite dominante são desqualificada e insana que, afinal, conseguiu uma massa que seja coerente com sua estupidez.
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A ideia é detonar bancas de revista de madrugada. Suicidar jornalistas no DOI-CODI... Parece que já vi este filme.
Sr.FernandoAinda não aprendeu?Mesmo tendo vivido,parte de sua vida,em contacto com o senhor Brizolla?O Direito,é isso ai.Serve somente,para trancafiar pobres,e os poucos que os defendem,e proteger a PROPRIDADE PRIVADA.Para isso,foi inventado,mas não passa de uma FRAUDE,como tantas outras que existiram e existem.
Fernando é na verdade um incorrigível otimista! e isso, me perdoe, não é um defeito, é uma forma de ficar mentalmente são!
Quando a farsa da Vaza a Jato começa a ser desmascarada é natural que uma grande parte dos que foram iludidos pulem fora, ficando apenas os radicais que compactuam com o todo tipo de desmandos e ilegalidades dessa quadrilha comandada pelo Moro e Cia.
SÓ A ESCÓRIA DA SOCIEDADE
Os bolso-morolistas não são aprnas a escória da sociedade.
São a escória da escória da escória de uma sociedade já em si torpe!
Quem tem culpa inegável tem que ser julgada e, se for o caso, condenada de acordo ...
A pauta também incluiu o desmonte da previdência.
Acho que na próxima manifestação o mote será: Queremos ir para a câmara de gás!
Próximo mote do gado: abatedouro já!
Não duvido pelo padrão intelectual dos manifestantes.
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Realmente, já é caso psiquiátrico.
O mote será: pela revogação da independência!
Concordo, Fernando! O caminho é pelo retorno das instituições ao seu devido lugar. Aqueles indivíduos que, no MP ou no Judiciário, deturparam a constituição, o devido processo legal e a democracia devem ser punidos pelas mesmas instituições que os defenderam e apoiaram. A imprensa foi apenas correia de transmissão, totalmente acrítica. Contribuiu apenas lateralmente para gestar e parir o monstro.
Membros do Judiciário e do Ministério Público têm em suas mãos a grande responsabilidade de defender e resgatar suas próprias instituições. São os principais responsáveis, mas não os únicos, porque toda a sociedade tem interesse na preservação da democracia e da ordem constitucional.
O rei do twitter Bolsonaro, em pleno domingo de manifestações em várias cidades, só fez um único registro a noite e sem citar Moro. Segue mensagem do Bozo: " Aos que foram às ruas hoje manifestar seus anseios, parabéns mais uma vez pela civilidade. A população brasileira mostrou novamente que tem legitimidade, consciência e responsabilidade para estar incluída cada vez mais nas decisões políticas do nosso Brasil". Como o material do Glenn já é de conhecimento da veja e folha para mim isso significa que ele já foi alertado que as situações do Moro e da lava jato são insustentáveis.
Em número claramente menor, a horda que foi às ruas é o âmago, é o coração da treva. Ali se pode identificar, a despeito de alguns poucos mulatos festivos e inconscientes, a branquitude da classe média de servidores do mesmo estado, em sentido amplo, que odeiam, grande parte de aposentados, portanto, já sentados sobre macias almofadas de boas aposentadorias e gente, na maior parte, ainda empregada, e não como costureira semi-escravizada dessas marcas famosas, cujos donos, alguns, pelo menos, lá estavam, babando, com os dentes à mostra, com ódio do que eles sequer conhecem o significado. Afora essa fauna de gente torta na consciência e na alma apodrecida, havia ambulantes, que pouco ou nada puderam ganhar, já que não são cheirosos, além de mal-vistos. Mas, esse coração das trevas é a parcela que preocupa, são as reginas e as duartes analfabetas e más, de humanidade deformada e tosca, são os aposentados com boas somas, de bundas gordas e barrigas flácidas, que, atrás de óculos caros, dizem que as denúncias são plantação do PT. Essa é a parcela do mesmo tipo que protegeu e esteve com Hitler, até o último momento e que, até seu próprio fim, estenderam a mão direita, trêmula, em homenagem ao mal, é a mesma gente que, após a morte de Stalin, se metamorfoseou, permanecendo na burocracia de estado, perseguindo outros alvos, outras vítimas, é a mesma casta de assassinos da máfia judia de Nova York, que se bandeou para outros locais, mais nobres da cidade, nos anos trinta, fingindo que sempre foram cidadãos "de bem", bons e úteis empresários, e que os únicos criminosos da cidade eram os italianos, que prosseguiram nos "negócios", é a mesma casta que deu sustentação ao regime de Vichy e que, depois, se misturou à França livre e fingiu comemorar e fez de conta que esteve na resistência. É esse coração das trevas que mais adiante poderá colocar outro câncer, como dória, talvez, na cadeira já imundiciada pela podridão que vazou da bolsinha de fezes e que vaza da alma do monstro que ali colocaram. É esse coração das trevas que, se deixado em liberdade, mudando de forma a cada instante, poderá arrastar, com as palavras certas, a maioria desse povo inculto, emburrecido, fanatizado pelas telinhas e pelos pastores criminosos, a novas aventuras dantescas, até que não haja mais Brasil. Isso não está muito longe.
Essa insanidade é muito grave, pois é uma quase epidemia. Infelizmente neste momento, o que temos é a ilusão de que, ainda podemis contar com um punhados de gente decente nas instituições. Não temos organização popular para derrubar esse fascismo no momento