“Mercado” ruge contra “alívio do arrocho” de Temer e exige corte já

A ilusão de que o arrocho fiscal – e amanhã, a degola trabalhista e previdenciária – iam ser feitas sem dificuldade pela máquina parlamentar de Temer vai se esvaindo rapidamente.

O “mercado” torceu o nariz para o fato de, além de amenizarem o projeto de cortes nas despesas dos estados, os deputados não o terem votado ontem.

Pior que isso – porque é provável que, em mais uma semana, a pressão do governo o leve à votação – é que ficou claro que a PEC dos gastos públicos, com que o governo pretende congelar à simples correção inflacionária (ou menos que isso) as despesas com saúde, educação e outros serviços vai ter vida dura (e demorada) na sua tramitação.

O Estadão lamenta e já faz comparações com a “Era Levy”:

Uma demonstração de fraqueza política maior do que se esperava. Essa foi a avaliação de economistas sobre o desempenho do governo em exercício no Congresso neste início de semana. Ontem, de uma só vez, ao menos em três frentes importantes, o governo sofreu derrotas: o projeto de renegociação das dívidas dos Estados ficou sem as contrapartidas desejadas, o Projeto de Emenda Constitucional sobre a fixação do limite de gastos, a PEC do Teto, parou em uma comissão do Senado, e o projeto de venda de dívidas, que busca alternativas de arrecadação, não foi a votação.

E diz que isso abriu a porta para que um novo socorro financeiro aos Estados, logo adiante:

Sem essas medidas, é praticamente certa a necessidade de mais ajuda federal aos governos regionais, já que, ao contrário da União, eles não podem se financiar no mercado financeiro vendendo títulos para pagar as suas contas.
Com tantas concessões do governo, que contrariam o plano de ajuste fiscal, a economia vai demorar mais tempo para reagir e garantir mais arrecadação para os cofres públicos.
É mais um naco da confiança conquistada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que se evapora.

No jornal e nos outros sites desfilam “especialistas” apregoando isso, como a LCA Consultores, que pede sangue: “O desgaste político do governo e de Meirelles é incontestável”, duvidando que vão ter forças  “para aprovar medidas mais duras, necessárias para o ajuste fiscal”.

Não só o teto dos gastos, mas as mudanças na previdência.

É o eco das palavras de ontem de Miriam Leitão, mandando que Temer faça o “serviço” e vá para casa.

Se não fizer, pode ir antes.

Fernando Brito:

View Comments (6)

  • Ninguém fala em teto para juros da dívida. Pau no lombo do trabalhador. Como na era fhc, venderão todo o patrimônio e ainda sairão devendo. Uns jênios.

  • Avalanche neoliberal de ferrar povo. Desgraça pouca é bobagem.

    Acabo de ler que a Gang vai fazer outro Proer. Disfarçado de Securitização da Dívida. É a confissão de que não confiam em arrecadação futura nem em crescimento. E não têm a mais vaga ideia do que fazer.

    Como disse PHA , os "açougueiros" só sabem cortar na carne do povo.

    Quem não arromba Caixa Automático , quem não é politico, da Gang ou outro, quem não é juiz, quem não é jagunço tipo Secretário autorizado a roubar, ........está ferrado,!

  • O mercado, assim como seus sicofantas na mídia grande, quer botar o Meirelles diretamente no poder Executivo. Ou o Serra, o que for mais fácil. Já tem gente de mercado sorrindo até diante do Rodrigo Maia. Qualquer um que se disponha a fazer o serviço dos financistas, em ritmo rápido e brutal, será apoiado nos editoriais do Estadão e demais áulicos dos financistas. Surpresa nenhuma até agora. Se o Temer foi picado pela mosca azul e ficou com vontade de fazer carreira no Planalto, como seria previsível para um pobre coitado político que estava chateado por ser "decorativo", será degolado antes sequer de poder ler a placa da jamanta do mercado que vai passar por cima dele.

  • A Lava Jato faliu as empreiteiras e estas alguns dos bancos. Se nao bastasse, ha inadimplencia e desemprego.E agora eles querem Proer.

    E rugem. E já esta sendo feito pelo padrinho.

    E os bancos seriam também os arrematantes da bacia das almas e precisam de dinheiro público como sempre.

  • Se ajuste no lombo do pobre já é esta dificuldade, já imaginou no dos ricos! E muita gente criticava a Dilma por falta de "vontade política" de não fazê-lo...

  • Petroleiros. Só pra lembrar: quando privatizaram várias empresas controladas pela Petrobrás, das primeiras medidas foi não admitir funcionários com Petros. Ou seja, se retiraram como patrocinadoras.

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