O dublê de acadêmico e jurisconsulto Merval Pereira tirou folga, hoje, de sua temporada de exegeta da lei e volta à questão eleitoral para anunciar, com ares de porta-voz, que “o presidente do PSDB, senador Aécio Neves, vai anunciar nos próximos dias, provavelmente amanhã, em reunião com dirigentes tucanos, que aceita disputar prévias para a indicação formal do candidato à Presidência da República do partido em 2014”.
A partir deste anúncio, Merval prevê os acontecimentos:
“A declaração de Aécio terá a capacidade de criar fato político importante no PSDB, retirando de Serra argumento forte para a saída do partido, ao mesmo tempo em que torna o ambiente partidário mais distendido. Essa é justamente a intenção de Aécio, que não quer dar razões a Serra de deixar a legenda que agora preside, e continua achando que sua presença é importante para a unidade partidária durante a campanha.”
Merval Pereira pode ser reacionário, elitista, pretensioso, pode escrever mal e afetadamente como cofia as pontas de seus bigodes. Mas burro, não é.
É óbvio que nas contas de José Serra sempre esteve a possibilidade de Aécio aceitar a realização de prévias. É o presidente do partido e se não empolga ninguém ali dentro, conta com as mágoas e ressentimentos de José Serra deixa seus aliados a ruminarem.
Porque, se Merval não é burro; Serra muito menos, ainda.
E, talvez se possa dizer, seu raciocínio está muito mais para o xadrez (o jogo de tabuleiro, fique claro) do que para o jogo de damas que talvez pratique Merval após o chá solene da Academia.
É óbvio que contava com a possibilidade de um “roque” das peças de Aécio.
(Roque, como se sabe, é aquela inversão de posições entre Rei e Torre, usada sempre pelos enxadristas)
A manobra de Aécio só revela sua fragilidade.
Sabe que está sob ataque e teme esse ataque.
Rói as unhas à espera da próxima pesquisa e dos resultados que José Serra é capaz de conjurar para ela.
E o “coiso” não cessa de mover as suas peças na ofensiva. Nada de trégua.
Por isso, o inefável Roberto Freire declarou anteontem que “O convite (para Serra filiar-se ao PPS) está de pé até quando ele quiser”.
Pretenda ou não ir a esse ponto de virar o tabuleiro, o fato é que Serra faz Aécio tremer.
Logo veremos na coluna do Merval a “visão” de Serra, exposta obliquamente, é claro.
Concessivamente, admitir-se-á que Serra pode, hoje, ter menos em São Paulo que Aécio em Minas.
Mas pelo tamanho de São Paulo, 5% que se tire de Aécio lá valem 10% que do que ele tem em Minas.
E Serra sabe que, em nenhuma hipótese, terá menos que 25% dos votos paulistas.
É cacife igual a metade dos mineiros e muita pressão sobre qualquer tucano paulista que pretenda beliscar uns torresmos com Aécio.
Já se disse aqui que Serra tem a natureza do escorpião.
É bom não subestimá-lo.
Se não puder fritar Aécio no PSDB, Serra não descarta mariná-lo nas eleições.
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É só uma questão de estratégia.
Quanto ao outro xadrez, a blindagem o isola do contexto.
Voltando para a estratégia que os enxadristas utilizam, o xeque-mate será anunciado com uma célebre frase, adaptada para o momento: “Pó pará, Senador”.
Como sabemos, o escorpião morrerá no final, mas satisfeito, com a índole não contida.
Funcionaria "Padrao Grobo"!!
Se dependesse dos tucanos não haveria pré-sal, e seria Petrobrax uma empresa privatizada para a empresa mexicana.
A imagem do STF está mais do que arranhada.
Gostei do novo visual do Tijolaço, mas não estou conseguindo comentar em todos os posts não, Fernando Brito.