Merval: quem é servil não pode entender soberania

O amigo Paulo Henrique Amorim chama-me a atenção para o artigo de Merval Pereira em O Globo onde, entregando os pontos sobre o voto de Celso de Mello  no julgamento de hoje, volta sua verrina contra o gesto de Dilma Rousseff em postergar a visita que faria a Barack Obama, por conta do episódio de espionagem sobre suas comunicações e os dados dos computadores da Petrobras.

Não supreende, mas não pode deixar de repugnar, que ele se preste a ridicularizar a atitude necessária, embora serena, da Presidenta.

“De concreto mesmo, essa bravata nacionalista não trará benefício algum, a não ser agradar a certa camada do eleitorado que leva a sério essa simulação de confrontação, como se tivéssemos  a ganhar alguma vantagem geopolítica em toda essa trapalhada internacional”

Trapalhada, Merval?

Espionagem em escala mundial, sem limites à invasão da privacidade de centenas de milhões de cidadãos, empresas e chefes de Estado mundo afora é simples “trapalhada”?

Sua sabujice aos americanos, Merval, já espelhada nos telegramas do Wikileaks que o revelam como “informante” dos EUA para questões eleitorais, o tornam sem qualquer capacidade moral de  falar sobre isso.

O papel de pateta que Fernando Henrique Cardoso fazia nos fóruns internacionais é o seu modelo, porque condizente com papel subalterno que vê em nosso país.

Merval tem a postura afetada de um lorde, o que não lhe encobre a condição de vassalo.

Fala fino com aliados e grosso com os fracos.

Por que é que ele, agora que é um jurista de nomeada, com capacidade de dar lições de Direito aos ministros do STF,  não explica aos seus leitores esta pequena nota, num dos “tijolaços” de Leonel Brizola?

O Globo condenado – Por cinco votos a um, o TRE condenou em definitivo o jornal O Globo. Como muitos se lembram, em outubro de 1989, às vésperas das eleições presidenciais, O Globo publicou fotos do então candidato Leonel Brizola, com o líder comunitário José Roque, a quem o jornal apontava como sendo o traficante “Eureka”. Tudo era mentira e montagem, inclusive com a colocação de armas junto às fotografias. O Sr. Roberto Marinho, condenado em primeira instância, escapou pela transferência das culpas para seus subordinados. O processo criminal foi definido. Cumpre, agora, tratar, no cível, da indenização correspondente aos danos que causaram a mim e ao PDT.

Um destes subordinados era você, Merval.

José Roque era negro, era pobre e servia no “figurino” de traficante. Um alvo fácil, bom de bater, não é?

Foi uma trapalhada?

Você pediu desculpas pelo erro? Não, continuou falando grosso.  Brizola era o inimigo, Roque era o negro favelado.

Vejam a história, nas palavras de Caio Túlio Costa, ombudsman da Folha à época:

* O caso comentado nesta coluna na semana passada – sobre a notícia dada pelo jornal “O Globo” de que a polícia carioca tinha achado uma foto de Brizola junto ao traficante Eureka – continua repercutindo. Décio Malta, editor de “O Dia” telefonou para dizer que a informação sobre a foto não chegou ao jornal “O Globo” via “O Dia”, que cedeu somente a sua foto para publicação. Malta mandou também cópia do material publicado pelo seu jornal. Nele está claro que “O Dia” incluiu na sua primeira página a menção de que o homem abraçado por Brizola tinha sido identificado também como José Roque, presidente de uma associação de moradores.
*O jornalista Merval Pereira, da direção de “O Globo”, também telefonou para estabelecer que o jornal não se baseou apenas numa fonte para afirmar que José Roque seria o traficante Eureka. Além do detetive-inspetor Horácio Reis (que negou tudo depois). “O Globo” escudou-se também na afirmativa do sargento Luis Carlos Rodrigues. “Uma fonte da Polícia Civil e outra da Polícia Militar”, diz Merval. 
Ele mandou um fac-símile da reportagem que “O Globo” deu no segundo clichê, onde aparece a informação de que o sargento também dissera que o homem da foto era o traficante Eureka. 
* O fato de “O Globo” ter-se baseado em duas – e não em uma única fonte policial – não desculpa o jornal pelo erro jornalístico contra José Roque e Leonel Brizola. Fez bem “O Dia” em tentar descobrir quem era na realidade o homem que Brizola abraçava e fora apontado pela polícia como traficante Eureka. Ao contrário de “O Globo”, o jornal “O Dia” teve tempo de descobrir sua identidade e de publicar a informação de que o rapaz da foto poderia ser o José Roque. E acertou.”

Está vendo, Merval, como iam bem aí uns embargos infringentes de jornalismo para reexaminar a notícia grave, às vesperas de uma eleição e restabelecer a verdade?

Você, que vê política e marquetagem em cada gesto humano, como é que descreveria o que você mesmo fez com Roque e Brizola?

Trapalhada?

Fernando Brito:

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  • Observem a cara de bobo alegre do FHC nessa foto...parece igual a língua dos de cachorros quando recebem afagos ainda mais sendo do presidente americanos...como é bobo como é submisso a eles...que vergonha alheia...

    • Muito bobo. Estava se achando e nem se deu conta o mico que pagou e paga até hoje por conta de sua subordinação.

    • Fico imaginando a inveja dele quando o Presidente Obama disse entre representantes de vários países que LULA era o cara.

  • Excelente texto, Fernando Brito. Merval é um ser abjeto, como quase tudo que sai do antro da Globo.

  • Parabéns, caro Fernando, por devolver a injustiça, a arrogância e sobretudo a hipocrisia a quem faz uso dela da forma mais pérfidia possível - ganhando o pão de cada dia destruindo o caráter alheio. Merval, 'nariz marrom', é exatamente como os Marinhos gostariam de ser na vida pública, mas como Deus lhes negou toda a espécie de coragem, resta-lhes delegar a ignomia. Eis o resultado.

  • BEM LEMBRADO, INESQUECIVEL ESSA SAFADEZA, COM MERVAL PEREIRA POR DENTRO DE NOJEIRA....

  • O que Merval fez não pode ser classificado como trapalhada, posto que outra palavra pode sinterizar melhor o que Merval fez, no caso citado, como vem produzindo desde então: canalhice !!! Pelo relatado no post a passagem do tempo não melhorou o caráter desse serviçal viralata.

  • Um "calunista", entreguista e amigo do patrão. Sua pequenez é imoral, ou digo, imortal.

  • Se vocês repararem bem, e olha que não precisa ter um Qi avançado, a pose de subjugado, de "bobo da corte";àquelas fotos que alguns amigos tiram com o tolo da turma apenas para zoar. E saber que esse, que o próprio pai disse que serveria para nada na vida, foi o presidente dessa nação. Os resultados todos sabemos: a submissão, a pilhagem do patrimônio público e a farra dos amigos.