Sábado, depois de um feriado, posso dar vazão às minha tolas pretensões literárias e pensar num romance.
O narrador é um repórter, um sujeito meio outsider, espécie de mescla entre os tiras honestos dos romances de Rubem Fonseca e os tipos fantasiosos dos personagens de Carlos Heitor Cony.
E este cidadão, pária entre seus colegas que “subiram na vida” era ávido leitor de romances policiais, de Aghata Cristhie a Frederick Forsyth, que seus pobres dinheiros permitiam-lhe comprar em sebos e ler nas suas longas viagens de ônibus. Apeteciam-lhe as tramas intrincadas, com desfecho surpreendente; era sua paixão.
O crime, aprendera ele mo meio século de vida que arrastava, era tão mais complicado quanto mais alto o seu valor e criminoso.
Havia algo que o incomodava: não acreditar em coincidências.
E, muito menos, que os grandes ladrões fossem burros, primários. Fossem assim, estariam gramando de sol a sol pela sobrevivência.
Por esta simplória razão, ficava se indagando indagando porque os donos das maiores empreiteiras do seu país, pós-graduados em pagar propina e desviarem dinheiro do Fisco, teriam escolhido um doleiro “manjado”, recém- condenado por desviar milhões através das contas de um banco, num caso de repercussão nacional, e que tinha escolhido o caminho da deduragem como forma de ter sua pena suspensa e ficar em liberdade, num acordo com promotores e um jovem juiz da província.
Um juiz que não escondia de ninguém que sonhava em fazer uma “Operação Mãos Limpas” no seu país, publicando, no mesmo ano em que tinha o tal doleiros nas mãos, artigos dizendo que havia “condições necessárias para algo semelhante. Assim como na Itália, a classe política não goza de grande prestígio junto à população, sendo grande a frustração pelas promessas não-cumpridas após a restauração democrática”.
Juiz que tinha, também, em suas mãos limpíssimas, um deputado federal, em nome do qual um cheque foi encontrado nas mãos do doleiro “colaboracionista”, aliás dois, o outro do Sindicato dos Policiais Federais.
Durante anos a fio, em diversos casos, o juiz mantém o deputado e outros a eles ligados sob seu poder e vigilância, embora não os afaste de seus achaques. Que são, curiosamente, operados pelo doleiro do qual é o dono da liberdade concedida.
Até que um dia cai nas mãos de um jornalista um rabisco do juiz, aquelas folhas de papel em que se vai desenhando e escrevendo palavras a esmo, em situações enfadonhas como longos depoimentos, onde estão as palavras ENI (Ente Nazionale di Idrocarburi ) ex-estatal italiana de petróleo, a partir da qual se desenvolveu a Operação Mãos Limpas e a palavra “trappola”, armadilha na língua romana.
E então começa a longa caçada do jornalista sobre aquela estranha coincidência, onde ele descobre que os personagens da corrupção vão sendo plantados e controlados à distância pelo juiz maquiavélico, até que ele decide por em marcha a engrenagem que fará cair em suas mãos limpíssimas “o maior escândalo de corrupção daquele país”.
E como ele se projeta, com o auxílio da mídia, como a expressão da vergonha que substitui o orgulho, paulatinamente, como definidor do sentimento nacional.
De maneira paciente, disciplinada e fria, ele constrói o caminho para o poder.
O romance, claro, passa-se em um país imaginário.
E, como todo texto ficcional, não guarda com a realidade senão eventuais e meras coincidências.
Aquelas em que meu personagem não acreditava.
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Apenas pode vir a ser uma mera coincidência.
Putz! Esse romance ficcional bem que poderia ser mais longo, tipo, colocar, um investigador, fora o jornalista teria tido acesso a isso tudo e que, providências foram tomadas e o juiz "das mãos limpas", foi desmascarado. Seria o "Gran Finale"... hehehe
E o Gran Finale ;poderia ser expresso na linguagem que faria o delirio do juiz bufão:
"....e la trappola era molto grande e complessa che, alla fine, non solo i ratti sono stati intrappolati come il proprietario di la trappola si trovato chiuso dentro di lei quando ha messo un altro pezzo di formaggio come esca."
Traduzindo: ....e a arapuca era muito grande e complexa que no fim não só os ratos foram aprisionados como o próprio dono da ratoeira viu-se trancado dentro dela quando colocava outro pedaço de queijo como isca.
Gostei do enredo deste romance policial. Escreva-o, porque os romances policias, que sempre adorei ler, são "vitrines" da sociedade. E a polícia e o judiciário são, sim, o retrato do Estado.
Seria coincidência esse país imaginário estar sob ataque internacional? Seria coincidência a ação de alguns nativos cooptados? Seria coincidência esse ódio alimentado por vídeos editados nos exterior em 2013? Seria coincidência o surgimento em 2014 de um expatriado com serviços prestados a uma agência internacional de 'Global Intelligence' tentando insuflar as massas? Seria coincidência que o Oriente Médio virou uma balbúrdia depois que assumiu o controle do seu petróleo? Seria coincidência que o mesmo aconteceu com a Venezuela? Enfim, seria coincidência o modus operandi de sempre tentando inviabilizar o país e instalar o caos e uma guerra fraticida? Ou seria o petróleo, estúpido?
Stronzi!
Fernando, esse romance policial tem futuro, basta dar oportunidade à personagem do narrador colocar Patrícia Highsmith junto com Aghata Cristhie e Frederick Forsyth, para acrescentar à estória a personagem do senador, o verdadeiro autor da trama que leva o juiz escrever na folha rabiscada as palavras chaves. A trama toda passa então a ser conhecida desde o inicio e o mistério que resta para prender a atenção, diz respeito apenas o quanto o gato usado será maior perdedor em relação o quanto sairá vencedor quem utiliza a sua mão, o senador, em nome de sua organização, a Big House, sabendo-se desde o inicio, que o narrador e os que representa, não terão chances de saírem da mesma, se não saírem às ruas para mudarem o roteiro, não apenas de mais esse trama policial, mas sim do drama social, a desigualdade campeã mundial.
Não esquecer-se ainda de como começa a Vaza Jato, fingem que vão atirar no pato para acertar no burro mais ao fundo e não é que acabam chegando ao burro e ficam com o caso do burro, mesmo podendo cuidar apenas do caso do pato. Que beleza de artificio, né?
Que interessante, será que conhecemos um ou vários personagem como esses? Alguém prepotente e vaidoso, aliás o orgulho nos leva ao desejo de ser admirados, estar no centro das atenções, ser sempre acatados nos nossos julgamentos, ser respeitados nas suas opiniões, e de impor sempre sua vontade aos outros, nunca sendo contrariados. O orgulho tem três filhas: a presunção, a ambição e a vaidade. Sendo que a vaidade é o pecado preferido do Satanas. E mídia tira muito proveito dele, quando lhe é conveniente.
No País que eu 'Moro' não tem Juiz assim!
Por coincidências todos pertencem a geração X, inclusive delegados e Promotores,foda-se os trabalhadores das Empresas que les querem quebrar
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Muito bom ! ! ! !...
Ouvindo As Vozes do Bra*S*il e postando:
* 1 * 2 * 13 * 4
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Mais um outro poema (acróstico) para Dilma Rousseff, a depenadora de tucanus :
D ilma, mulher guerreira
I nteligência a favor da paz
L utadora pelo bem e herdeira
M aior de Lula, o bom de mais
A mpliando a felicidade brasileira
Lei de Mídias Já ! ! ! !
************* Abaixo o PIG brasileiro — Partido da Imprensa Golpista no Bra*S*il, na feliz definição do deputado Fernando Ferro; pig que é a míRdia que se acredita dona de mandato divino para governar.
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************* Lei de Mídias Já!!!! **** "Com o tempo, uma imprensa [mídia] cínica, mercenária, demagógica e corruta formará um público tão vil como ela mesma" **** Joseph Pulitzer. **** ... "Se você não for cuidadoso(a), os jornais [mídias] farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas, e amar as pessoas que estão oprimindo" **** Malcolm X. Ley de Medios Já ! ! ! !
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************* "O propósito da mídia não é de informar o que acontece, mas sim de moldar a opinião pública de acordo com a vontade do poder corporativo dominante.". Noam Chomsky.
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************* "A população geral não sabe o que está acontecendo, e nem sequer sabem que não sabem". Noam Chomsky.
Ley de Medios Já ! ! ! !