Michel Temer, você é um covarde e irresponsável

Eu acuso diretamente, Michel Temer, porque há falta, neste país, de quem aponte o dedo aos desavergonhados e assim os trate, sem temor.

E não faço com prazer, porque me acostumei, como jornalista e quando servidor público, a tratar a todos com urbanidade e gentileza, que é meu normal, até quando os desaforos que ouço são dirigidos a mim.

Mas não quando são ao meu país e às nossas liberdades, ah, não.

Porque para combater, vá lá, duas dúzias de baderneiros que se metem numa manifestação pacífica – que o seu general Etchegoyen sabe perfeitamente quem são, ou deveria saber – o senhor faça esta pataquada de “chamar o exército” para uma ação repressiva contra multidão, que é algo da maior gravidade.

O que poderiam ser incidentes localizados, no máximo, pelas ordens dadas a uma polícia acostumada a bater e bater, virou um conflito.

Não é a “baderna” que o senhor quer enfrentar, porque foi um dos que a provocou, é a sua inexorável ruína.

Para quem não acredita ainda, ou, como eu, não queria acreditar, aí ao lado vai o decreto.

Este cenário era tudo o que o senhor queria e podia e eu o acuso de tê-lo construído para tentar ocultar o desprezo que, neste momento, lhe nutrem 99% dos brasileiros.

É o seu discursinho finório de que, sem o senhor será caos na economia e, agora, será o caos nas ruas.

O caos é você, Michel Temer, que nem mais o tratamento de senhor ainda merece.

É  apenas um bandido flagrado às combinações como empresário que agora chama de bandido e que se escuda nos eventuais picotes de uma gravação para esconder o óbito: tramava com ele falcatruas num diálogo indigno de um chefe da nação.

E que agora não mede mais o preço de manter-se no cargo que não ganhou pelo voto e vai perder por indecoroso.

O seu abraço de afogado não vai levar de roldão a democracia, não vai.

Ela custou a minha juventude e todas as que tivesse as daria para isso.

Porque é isso que faz com que eu envelheça sem envelhacar-me, como tanta vezes disse Ulisses Guimarães, que nunca o tratou como mais que um pequeno oportunista.

Oportunista que foi tragado pela própria esperteza e pequeno, ah, Michel,  pequeno como um anão moral, que não cessa de revelar-se menor ainda a cada dia.

 

Fernando Brito:

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