Não vou ficar dando voltas em torno desta questão dos cortes orçamentários.
Parte é irrelevante, porque aperto no custeio que todo Governo pode e deve fazer; parte é terrível, porque tira de onde já há pouco.
É ruim, mas podia ser pior, sem os critérios de preservação do essencial.
Comparados ao ano passado, os cortes foram R$ 26 bilhões maiores que o contingenciamento de 2014 (R$ 70 bi contra R$ 44 bi). Descontada ampliação do valor orçamentário aprovado, é possível que, no valor global, nem haja quase diferença de valores ou que, considerada a inflação, eles sejam relativamente pequenas em valor absoluto.(Atualização: ou, segundo a manchete da Folha esta madrugada, “Após corte, gasto do governo previsto para 2015 ainda supera o de 2014“)
O grave é que, na hora de cortar, são tantos os gastos obrigatórios – transferências a Estados e Municípios, folha salarial e serviços e encargos da dívida que, para a tesoura, a área mais acessível é mesmo a dos investimentos.
Gastamos, perto das nossas necessidades, tão pouco em saúde, educação e infraestrutura (e às vezes muito em valor e pouco pelas carências) que cortes, mesmo pequenos, são expressivos e muito ruins.
Mas esta é uma discussão que está fora do eixo.
Porque se é para cortar para fazer superávit e, com isso, ampliar a capacidade de poupança, prestação de serviços, estímulo ao crescimento econômico, melhoria das condições da tomada de recursos no mercado e fazer investimento, é muito mais importante ver (e mexer) naquilo em que se está gastando a maior parte do dinheiro.
Por isso, em lugar de discutir os milhões ou até bilhões que foram cortados de cada ministério (parte de projetos, parte de compras, parte de investimentos) achei melhor publicar este gráfico, oficial, no Ministério da Fazenda, mostrando onde se planeja usar, onde se autoriza usar e onde se gasta, de fato, o dinheiro público da União.
Fala por si.
Pagar ou rolar a dívida pública é muitas e muitas vezes mais custoso do que qualquer outra coisa e “leva” o dinheiro público.
É obvio que não se está propondo coisas do tipo “num pago” de botequim, nem é tarefa fácil baixar os juros, como tentou Dilma no início do seu primeiro mandato, sob fogo cerrado da mídia.
E sem crescimento econômico, o que já é uma coleira sobre o Brasil vira um torniquete.
Ou, como na Espanha franquista, um garrote vil.
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Deveria cortar a publicidade do governo na mídia escrita e televisiva.
deveriam taxar as grande fortuna
Não seria melhor receber os impostos que já existem, se tirar o sigilo na Zelotes e no suiçalão já vai sobrar dinheiro.
Não sou entendido de contas de governo. No entanto sei, por minha própria planilha de despesa e receita que não posso gastar mais do que recebo. Ora, se tenho que cortar na própria carne, vou começar pelo que gasto sem necessidade. Desperdício de energia elétrica, gastos outros além da conta com combustíveis, despesas extras de fim de semana, ou seja, se não tenho como pagar devo adaptar o orçamento à receita e adiar outros gastos. Até aí tudo bem. Mas, o que eu gostaria de entender é o que significa o governo dizer que os cortes "não irão afetar programas sociais" . Como assim?
Para mim o principal e verdadeiro "programa social" é o emprego do trabalhador. E este governo está a arrancar hoje, em função deste ajuste mal explicado, milhares de empregos, ao contrario do que fez o Lula em 2008, quando a receita do malsinado PSDB/DEM era uma só:cortar, cortar investimentos, cortar emprego.
Começou a degola. A empresa para a qual presto serviço está a dispensar um em cada três trabalhadores sendo que lá eram 2.500 até um mês atrás. Nestas condições, nada de um governo corajoso (para esmagar trabalhador com um ajuste de 70 bilhões), assumir o papel para o qual foi eleito e arrancar os mais de 700 bi sonegados pelo capital e elite predadora. As grandes fortunas nem de longe serão atingidas e até aumentarão neste período, sem investir um centavo em produção. Os bancos então tomarão tudo que emprestaram com os juros mais criminosos do planeta. O clima de terror nas empresas já é tal que cada um dos que ficam no emprego tem que dar conta do próprio trabalho e do serviço do companheiro atirado no olho da rua.sob chantagem e humilhações.
Votei na continuidade deste governo pelo que parecia oferecer, mas acabei elegendo FHC, o entreguista que quebrou o país 3 vezes e que nos fez viver o maior desemprego da história. O neoliberalismo está de volta, ao que tudo indica.
Sinto muito, o que temos de volta é um governo dos ricos, pelos ricos e para os ricos, porque a unica riqueza de um pobre é a dignidade do seu trabalho recompensada pelo seu salário o que lhe está sendo tirado. O resto é conversa para boi dormir.
Com a velha mídia, Congresso e Judiciário trabalhando contra o país, Dilma merece o meu apoio.
deveriam parar de roubar!
O maior roubo de dinheiro público é o seu desvio para um suposto e ineficaz combate a inflação. O segundo maior roubo é a sonegação fiscal.
Orçamento é peça de ficção,o que importa é o valor pago ou melhor as despesas reais do governo, aí o corte é minimo.
Assim como as empresas privadas estão demitindo, como o exemplo descrito por Jose Medeiros, o governo deveria demitir um em cada tres funcionário também, à começar pelos congressistas, já imaginaram como seria melhor para o Brasil termos funcionários publicos sem estabilidade e termos um congresso com um terço a menos de hipocrisia? Os serviços públicos iriam melhorar e muito!!!