Mídia fez uma polícia que bate e mata, mas não investiga

O tresloucado decreto de Sérgio Cabral – o termo governador cada vez mais parece inadequado para ele, já que não governa – que “diz” que vai quebrar o sigilo telefônico e informático dos suspeitos de vandalismo é só parte de uma comédia administrativa  que permitiu o fortalecimento de grupelhos facistóides que, sem meias-palavras, acabaram com o direito de manifestação livre e pacífica que se custou tanto a restabelecer nesse país.

Até mesmo Cabral, com sua visão ébria sobre legalidade, sabe que isso não passa pelo primeiro tribunal da esquina.

É, portanto, jogo de cena.

Cabral deveria, isto sim, é questionar o desempenho de sua polícia que, em mais de um mês, não conseguiu provas minimamente sólidas sobre quem são os mascarados que atiram coquetéis molotov sobre não apenas os policiais, mas também sobre aqueles que estão exercendo seu direito sagrado de manifestação.

Conseguiram levar apenas dois à Justiça e com provas tão mal recolhidas que um foi liberado.

Os tais Black Blocs, um bando de filhinhos de papai – só filhinho de papai tem dinheiro para não fazer nada na vida e comprar fantasias de couro e máscaras de gás – que se arrogam “tropa de choque” das manifestações não estão identificados por quê? Por que não são detidos quando se reúnem para a distribuição de garrafas com gasolina?

Ninguém está falando em arbitrariedade, ao contrário. Está-se falando em cumprimento da lei, em reunião de provas, em encaminhamento à Justiça.

Mas a polícia do Sr. Cabral tem a boca torta. Da mesma forma que arrasta corpos de inocentes para forjar autos de resistência que encubram a brutalidade com que age nas favelas, também em relaçãoàs manifestações o que sabe fazer é infiltrar provocadores que se juntam aos vandalóides na criação de tumultos.

Essa é a polícia que se fez sob os aplausos da mídia. Uma polícia atrasada, emburrecida e, sobretudo, violenta.

Ah, porque uma orientação diferente para as forças policiais, coerente com o espírito da legalidade e dos direitos humanos era – quem é que não se lembra – tolerância com o crime organizado, era chamar “vagabundo” de cidadão, era “proibir a PM de subir morro”.

A classe média – com seus alto-falantes midiáticos – queria uma polícia do “prende e arrebenta”, e contruiu uma deformação mental em parte de seus filhos e netos que as faz igualzinha – embora com um discurso pseudamente libertário e cosmopolita – igual, na prática, àquilo que julga ser o enfrentamento dos problemas sociais: porrada!

Li, com atenção e pasmado, o texto escrito por uma jovem senhora arrogante, que gosta de se fantasiar de adolescente rebelde, reproduzido pelo Viomundo, que, num ato nem tão falho, assume a verdadeira natureza dos tais Black Blocs:

“Quem está desde junho nas ruas sabe que os movimentos anarquistas, em especial os Black Blocs, servem de proteção aos manifestantes, pois colocam-se na linha de frente, com escudos e proteções, prontos para devolver bombas aos seus atiradores. Sem essa linha de frente, quem estava na Presidente Vargas no dia 20/06 não teria saído a tempo sem ser pisoteado, baleado, ou fortemente intoxicado.”

Esta senhora, infelizmente, apesar de seu preparo intelectual, deveria saber que esse era o discurso que justificava as Sturmabteilungen, as SA de Hitler, dirigidas por Ernst Röhm, que atuavam assim, como grupo de baderneiros e se diziam “protetores” das maifestações nazistas. As SA, úteis para implantar o clima de terror e dizimar os partidos de esquerda, foram depois descartas, na famosa “Noite das Longas Facas”, para dar lugar às famigeradas SS.

É obvio que não acuso a autora de ter ideias nazistas. Acuso-a de defender métodos semelhantes.

Mas relevo a sua culpa, porque é parte de uma camada que se alienou – pensando ser rebelde – nestes tempos em que a mídia endeusou a ideia de “choque”. Choque de tropa, de polícia, de ordem, de violência.

Estes meninos deveriam se chamar Black Bopes.

Fernando Brito:

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  • Pelo amor de Deus amigos, o que será de nós. Realmente não há em quem confiar e ninguém que está no poder ira fazer reforma política que mexa em seu terreno.

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  • Pelo amor de Deus amigos, o que será de nós. Realmente não há em quem confiar e ninguém que está no poder ira fazer reforma política que mexa em seu terreno.