Ontem, foi aniversário (o 18°) da morte de Leonel Brizola, o político, entre os gaúchos e cariocas, que mais fez pela educação neste país. 6 mil e 200 “escolinhas” pré-fabricadas de madeira, para serem erguidas em tempo recorde no Rio Grande; 513 enormes Centros Integrados de Educação Pública, os Cieps, igualmente pré-moldados, mas em concreto, porque dar boas escolas às crianças tinha pressa.
Eu, que depois de 20 anos de convívio diário, evito tentar adivinhar o que ele pensaria na política, sei que estaria tristíssimo com esta história da prisão do pastor Milton Ribeiro, ex-chefe do MEC, metido com tráficos de influência e até corrupção.
É que Brizola concluiu sua escola primária no Colégio da Igreja Metodista, graças ao pastor que a dirigia, o reverendo Isidoro Pereira, e de sua mulher, Elvira. que o acolheram com bondade e o deixaram estudar de graça, pois dinheiro para pagar não havia para o menino órfão de pai.
Deve-se, talvez, a Isidoro, que falaou, nos anos 80, em documentário de Roberto D’Ávila (veja abaixo), grande parte dos fascínio de Brizola à educação do nosso povo pobre e o fato de, quando governou, jamais ter deixado que a educação virasse moeda de troca da política.
Por isso, te sua única briga com Darcy Ribeiro, por ele não querer deixar o seu mandato de senador para voltar, com ele, nos anos 90, e ser o tutor do sonho das escolas transformadoras.
Brizola, sempre quis Darcy como chefe da fé na educação, mas Darcy queria ser o peregrino, como sempre foi, desta fé.
Mesmo no governo Bolsonaro, Brizola teria invocado a fé que Mílton Ribeiro professa como uma razão suprema a que se dedicasse a escolarizar nossas crianças, a dar-lhes o dobro ou o triplo da atenção durante a pandemia e a consagrar à educação a santidade que ela merece e não o lugar de cenário de politicagem corrupta.
Penso o mesmo que ele pensaria: não é um problema que Ribeiro seja um pastor, é que ele tenha sido um mercador da fé na educação, a mando de quem a confunde com o simples treinamento para a imbecilidade.
Já o Darcy estaria espumando: que diabos este sujeito ter o meu sobrenome!