Prenderam Dirceu sem terem um áudio ou vídeo que comprometessem o ex-ministro. Já os caciques do DEM foram flagrados em vídeos e telefonemas comprometedores e continuam livres, leves e soltos. O ex-senador e ex-mosqueteiro da ética da Veja, Demóstenes Torres, está lá, tranquilo, recebendo seu salário. José Arruda, ex-governador do DF, passa muito bem e pensa em se candidatar novamente. E agora, Agripino Maia apareceu numa investigação da PF pedindo uma parcela de R$ 20 mil referentes a uma doação prometida de R$ 60 mil.
As gravações de Maia e correligionários falando sobre caixa 2 vieram a público em maio de 2012. Nunca deu em nada. Agora o Ministério Público resolveu desarquivar o caso!.
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Leia a matéria da Istoé (o site da revista está fora do ar, mas a íntegra da matéria segue abaixo):
Caixa 2 democrata
Ministério Público Federal investiga esquema envolvendo a governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini, e o presidente do DEM, Agripino Maia. Escutas telefônicas revelam transações financeiras ilegais durante campanha
Por Josie Jeronimo, na Istoé.
Pequenino em área territorial, o Rio Grande do Norte empata em arrecadação tributária com o Maranhão, Estado seis vezes maior. Mas, apesar da abundância de receitas vindas do turismo e da indústria, a administração do governo potiguar está em posição de xeque. Sem dinheiro para pagar nem mesmo os salários do funcionalismo, a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) responde processo de impeachment e permanece no cargo por força de liminar. Sua situação pode se deteriorar ainda mais nos próximos dias.
O Ministério Público Federal desarquivou investigação iniciada no Rio Grande do Norte que envolve a cúpula do DEM na denúncia de um intrincado esquema de caixa 2. Todo o modus operandi das transações financeiras à margem da prestação de contas eleitorais foi registrado em escutas telefônicas feitas durante a campanha de 2006, às quais ISTOÉ teve acesso. A partir do monitoramento das conversas de Francisco Galbi Saldanha, contador da legenda, figurões da política nacional como o presidente do DEM, senador José Agripino, e Rosalba foram flagrados.
A voz inconfundível de José Agripino surge inconteste em uma das conversas interceptadas. Ele pergunta ao interlocutor se a parcela de R$ 20 mil – em um total de R$ 60 mil prometidos a determinado aliado – foi repassada. A sequência das ligações revela que não era uma transição convencional. Segundo a investigação do MP, contas pessoais de assessores da campanha eram utilizadas para receber e transferir depósitos não declarados de doadores. Uma das escutas mostra que até mesmo Galbi reclamava de ser usado para as transações. Ele se queixa:“Fizeram uma coisa que eu até não concordei, depositaram na minha conta”.
Galbi continua sendo homem de confiança do partido no Estado. Ele ocupa cargo de secretário-adjunto da Casa Civil do governo. Em 2006, o contador foi colocado sob grampo pela Polícia Civil, pois era suspeito de um crime de homicídio. O faz-tudo nunca foi processado pela morte de ninguém, mas uma série de interlocutores gravados a partir de seu telefone detalharam o esquema de caixa 2 de campanha informando número de contas bancárias de pessoas físicas e relatando formas de emitir notas frias para justificar gastos eleitorais.
Nas gravações que envolvem Rosalba, o marido da governadora, Carlos Augusto, liga para Galbi e informa que usará de outra pessoa para receber doação para a mulher, então candidata ao Senado. “Esse dinheiro é apenas para passar na conta dele. Quando entrar, aí a gente vê como é que sai para voltar para Rosalba.” O advogado da governadora, Felipe Cortez, evita entrar na discussão sobre o conteúdo das escutas e não questiona a culpa de sua cliente. Ele questiona a legalidade dos grampos. “Os grampos por si só não provam nada. O caixa 2 não existiu. As conversas tratavam de assuntos financeiros, não necessariamente de caixa 2”, diz o advogado de Rosalba.
Procurado por ISTOÉ, o senador José Agripino não nega que a voz gravada seja dele. No entanto, o presidente do DEM afirma que as conversas não provam crime eleitoral. “O único registro de conversas do senador José Agripino refere-se à concessão de doação legal do partido para a campanha de dois deputados estaduais do RN”, argumenta.
No Rio Grande do Norte, José Agripino é admirado e temido por seu talento em captar recursos eleitorais. Até mesmo os adversários pensam duas vezes antes de enfrentar o senador com palavras. Mas o poderio econômico do presidente do DEM também está na mira das investigações sobre o abastecimento das campanhas do partido. A Polícia Federal apura denúncia de favorecimento ao governo em contratos milionários com a Empresa Industrial Técnica (EIT), firma da qual José Agripino foi sócio cotista até agosto de 2008. Nas eleições de 2010, o senador recebeu R$ 550 mil de doação da empreiteira. Empresa privada, a EIT é o terceiro maior destino de recursos do Estado nas mãos de Rosalba. Perde apenas para a folha de pagamento e para crédito consignado. Só este ano foram R$ 153,7 milhões em empenhos do governo, das secretarias de Infraestrutura, Estradas e Rodagem e Meio Ambiente. Na crise de pagamento de fornecedores do governo Rosalba, que atingiu o salário dos servidores e os gastos com a Saúde, a população foi às ruas questionar o porquê de o governo afirmar que não tinha dinheiro para as despesas básicas, mas gastava milhões nas obras do Contorno de Mossoró, empreendimento tocado pela EIT.
De acordo com a investigação do MPF, recursos do governo do Estado saíam dos cofres públicos para empresas que financiam campanhas do DEM por meio de um esquema de concessão de incentivos fiscais e sonegação de tributo, que contava com empresas de fachada e firmas em nome de laranjas. O esquema de caixa 2 tem, segundo o MP, seu “homem da mala”. O autor do drible ao fisco é o empresário Edvaldo Fagundes, que a partir do pequeno estabelecimento “Sucata do Edvaldo” construiu, em duas décadas, patrimônio bilionário. No rastreamento financeiro da Receita Federal, a PF identificou fraude de sonegação estimada em R$ 430 milhões.
O empresário é acusado de não pagar tributos, mas investe pesado na campanha do partido. Nas eleições de 2012, Edvaldo Fagundes não só vestiu a camisa do partido como pintou um de seus helicópteros com o número da sigla. A aeronave ficou à disposição da candidata Cláudia Regina (DEM), pupila do senador José Agripino. Empresas de Edvaldo, que a Polícia Federal descobriu serem de fachada, doaram oficialmente mais de R$ 400 mil à campanha da candidata do DEM. Mas investigação do Ministério Público apontou que pelo menos outros R$ 2 milhões deixaram as contas de Edvaldo rumo ao comitê financeiro da legenda por meio de caixa 2.
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Só desenterrando ou trazendo do mundo dos mortos os melhores investigadores da história. Mesmo que seja para os espíritos zombarem da gente.É elementar, meu caro Watson, diria um deles. Há provas em abundância, apenas não existem juízes que enfrentem os fatos.
Com a palavra o Homem de Preto caçador de Mensaleiro. Vamos ver a isenção e agilidade do Ministro Pimpão.
De que adiantará o MPF desarquivar o caso?
A nossa justiça é seletiva e "enrolará" o povo em mais este caso.
Ou alguém espera que a elite julgue a elite?
Po quê com gravação e tudo a teoria do DOMÍNIO DE FATO não pega o Agripino Maia?
O mais inacreditável é perceber a miopia (ou seria má-fé?) daqueles que ainda defendem a manutenção do sistema atual de financiamento de campanha que notoriamente privilegia o Poder Econômico em detrimento da cidadania. Existem estudos de cientistas políticos que estimam que aqui no Brasil para cada real "doado" pelas empresas para campanhas políticas 6 reais voltam para os cobres das empresas privadas que financiam essas campanhas políticas, ou seja, sai MUITÍSSIMO mais caro para o cidadão-contribuinte-eleitor o tal "financiamento privado" do que o "financiamento público". O eleito via licitações sabidamente fraudulentas e direcionadas ou simplesmente fazendo “chantagem parlamentar” para a aprovação de verbas, leis e/ou projetos privilegia quem financiou sua campanha. E isso ocorre “rotineiramente” em TODAS AS ESFERAS de poder: Federal, Estadual e Municipal. No Executivo e no Legislativo! Não se iludam! Não há capacidade operacional e humana da PF, Ministério Público, CGU, TCU, TCE’s, TSE, STJ e STF fiscalizar, investigar e punir toda uma infinidade de crimes eleitorais, contratos, convênios e/ou licitações em 5564 municípios diferentes país afora, mais de 200 mil ONG’s, 26 estados e em dezenas de ministérios e empresas públicas por mais sofisticados que sejam os sistemas de controle e transparência da atividade pública! Ou seja, o CRIME E SEU LUCRO COMPENSA O RISCO! O “negócio” é tão bom que até o próprio CRIME ORGANIZADO está financiando campanhas políticas no país inteiro. O “empresário-contraventor-condenado-e-livre” Carlinhos Cachoeira não é mais exceção há muito tempo! E é por isso mesmo que os políticos do PMDB, PSDB, PTB, DEM, etc e alguns desses grupos empresariais são contra a extinção deste modelo CORRUPTO e VERGONHOSO de fazer política. Felizmente, o STF também começou a compreender isso, e faz muito bem, neste caso, em se utilizar da sua prerrogativa de julgar a CONSTITUCIONALIDADE das leis interpretando nossa Constituição Federal segundo os princípios e valores nela inseridos pelo legislador constituinte originário e de acordo com a mais moderna e progressista doutrina constitucional! O STF não está legislando coisíssima nenhuma! Além disso, muitos Ministros do STF integram ou integraram os quadros do TSE e sabem perfeitamente bem que o financiamento privado é a ORIGEM da grande maioria dos crimes eleitorais, entre outros, o de “abuso do poder econômico”. E não há nenhuma ilegalidade ou anormalidade nesse julgamento mais do que corriqueiro para o Supremo! Isso é chororô do Renan Calheiros e do Henrique Alves “advogando” em causa própria (e de seus pares)! O Financiamento Privado “vicia” como cocaína, torna nossa classe política “dependente química (rsrs)” e refém de seu beneficiário maior, o Poder Econômico. Além, é claro, de fazer muito mal a saúde de nossa democracia afastando “representantes” dos verdadeiros e legítimos “representados”! É de uma ingenuidade atroz imaginar que o Congresso Nacional eleito e beneficiário direto do financiamento privado de campanhas políticas votará algo semelhante, assim como seria tolice imaginar um “viciado” tomando conta de um carregamento inteiro de pó e se iludir que ele não fará uso do mesmo. É óbvio que somente isso não basta para combater a corrupção, seria necessário o Congresso adotar o sistema de lista fechada ou mista para redução de custos de campanha e dotar a Justiça Eleitoral de maior poder de investigação das contas de campanha antes e durante a realização dos pleitos, mas proibir “doações de empresas” já é um bom começo. Portanto, reflitam por si mesmos e pensem nisso da próxima vez em que ouvir alguém (anônimo ou não) que se julga “entendido no assunto” ou algum “especialista escalado pela grande mídia” defender a manutenção do sistema atual e se perguntem que interesses essa pessoa defende. Certamente não é o interesse público. Afinal, Pessoa Jurídica não vota! Portanto não tem porque financiar campanha política nenhuma!
O que acontecerá com ele?
Eu queria saber onde anda o passe livre?
A UNE? A UBES? Será que estão esperando
a ordem da CLOOOOBO!
E tiram onda de honestos. Que bando...
Essa foto é um tapa na cara das pessoas honestas deste pais.