Modernidade, atraso e barbárie. Por Carlos Ferreira Martins

Desde o início do século XX, compreender o Brasil, e em particular a relação entre modernidade e atraso, tem sido o desafio de intelectuais, artistas e pensadores.

Inicialmente essa tensão aparecia como um embate entre capitalismo e resquícios de uma sociedade feudal. Chegava-se a afirmar a existência de dois Brasis, um capitalista,u rbano, industrial, cosmopolita, moderno e outro patrimonialista, rural, agrário, arcaico.

Mais tarde o tema assumiu diferentes denominações mas cresceu a convicção de que não se tratava de uma oposição simples mas de um processo em que um polo alimenta o outro: a modernidade gera atraso; a produção de riqueza gera pobreza; o urbano reconfigura o rural; a cidade dos ricos gera a favela.

No final dos anos sessenta o tropicalismo chocou ao afirmar que o Brasil era, ao mesmo tempo, chiclete com banana; formiplac e céu de anil. Essa síntese particular não pretendia apaziguar o embate mas provocar com ironia ferina as certeza de ambos os lados.

Desde 1988 fomos levados a acreditar, num renovado vigor da aposta na modernidade, na universalidade dos direitos elementares dos cidadãos. Chegamos até mesmo a crer (ao menos alguns de nós) que todo brasileiro pudesse comer três refeições ao dia, que o país pudesse ser soberano e que fosse possível superar ­ou ao menos conter­ o racismo, a violência machista, o preconceito regional.

Esta segunda década do século XXI exige a atualização de todos os esquemas intelectuais. As grandes corporações de tecnologia da comunicação, o capital financeiro, os sindicatos industriais e boa parte do aparato estatal fomentam e apoiam a venda do patrimônio nacional, o sucateamento de nossas empresas competitivas e o abandono da educação e do desenvolvimento científico pelas próximas décadas.

Um secretario nacional lamenta que não haja mais chacinas nas prisões e o prefeito milionário da maior cidade do país se veste de gari para receber o apoio de uma ex­estrela da Globo.

Nem o mais perverso tropicalista redigiria esse roteiro.

Não se trata mais de modernidade ou atraso. No Brasil do século XXI a barbárie está vencendo de goleada qualquer expectativa de civilização.

*Carlos  Ferreira Martins é professor titular do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP . Publicado originalmente no Jornal Primeira Página, de São Carlos

Fernando Brito:

View Comments (15)

  • Esse Brasil que vemos hoje em dia, só há um homem que nós poderá nos redimir, e mais uma vez ele se chama lula. Tu

  • Não para de respingar cacaca na turma do Temer e agora, segundo a Folha, nele mesmo. A propinolandia na Caixa previa até o não pagamento de empréstimos, bastava pagar a propina. Lesão direta aos cofres públicos. Cadê a Janaína, o Bicudo e o Reale Júnior? Cadê o MBL? Cadê a Globo? Vai continuar boazinha com o interino? Isto não é razão para impeachment? Pedalada é? Impeachment já! É o que espero.

  • ... E o Kojac do libanês legalizando as reformas... Do Palácio!
    E tentando apagar o fogo... Das delações da Odebrecht, que "pega o chefão da máfia que tomou de assalto o Brasil"!

    "A pior elite do mundo é a brasileira." Por jornalista e escritor Mino Carta

  • Enéas Carneiro era louco, como a midia fazia o povo acreditar, ou o que ele dizia tinha que ser escondido da patuleia? A impressão que dá é que este vídeo foi feito hoje, 10 anos depois de sua morte?

    https://youtu.be/nShbAe0Q2fE

  • Todo coxinha inteligente (se é que exista) deveria assistir aos vídeos acima.

  • :
    : * * * * 04:13 * * * * .:. Ouvindo As Vozes do Bra**S**il e postando: A grande mídia (mérdia) é composta por sabuj@s suj@s a serviço dos ianque$ e do $ionismo de capital especulativo internacional e outras máfias (como a ma$$onaria) d@s canalhas direitistas…
    :
    O principal problema, a questão central para resolução da realidade opressiva brasileira está na ditadura midiática que assola o País e de onde derivam e passam todas as possibilidades de intervenção (ou não) em todos os demais problemas cruciais brasileiros. Assim, é preciso destruir ou pelo menos desgastar cada vez mais a influência enorme da 'grande' mídia direitista sobre o pensamento do indivíduo, predispondo-o à mínima análise e confronto de informações para obtenção de algo que mais se aproxime do real no contexto nacional e, inclusive, oportunizando estabelecer conexões com o que vai pelo mundo inteiro.
    .
    AS MORDOMIAS DOS MARAJÁS EM PÉ DE GUERRA:
    .
    Os 17 mil juízes receberam em média 46,1 mil por mês em 2015;
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    Os 1,2 mil promotores e procuradores de Justiça recebem salário máximo teórico de 33,7 mil mensais;
    .
    Magistrados e promotores têm auxílio-moradia de 4,3 mil mensais. Se morarem juntamente com um cônjuge que também tem direito a auxílio, ambos recebem da mesma forma;
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    Todos têm 60 dias de férias por ano e, em caso de trabalho fora do local, uma diária equivalente a 1/30 da remuneração mensal;
    .
    Pena máxima em caso de punição disciplinar: aposentadoria compulsória com salario integral (i$$o é punição mesmo ou é premiação ?…)
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    . . .
    Poesia contra a distopia (Distopia = Ideia ou descrição de um país ou de uma sociedade imaginários em que tudo está organizado de uma forma opressiva, assustadora ou totalitária, por oposição à utopia. “Distopia”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/distopia [consultado em 01-10-2016].)

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    B……………………………A
    …I………………………I
    …….S………………C
    ………..T………N
    …………….Â
    tele……………………..visão
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    tele……………………..vazão
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    tele……………………..vazio
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    ……………………………………………………….(Cláudio Carvalho Fernandes)
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    ReXistência
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    Não deixe que aluguem o seu pensamento:
    Simplesmente mude de canal ou desligue a TV
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    Diga “NãO” à Rede Goebbels
    ……………………………………..……………….(Cláudio Carvalho Fernandes)
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    Globo
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    PATRÃO
    PADRÃO
    LADRÃO
    ……………………………………..……………….(Cláudio Carvalho Fernandes)
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    (En la lucha de clases)
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    En la lucha de clases
    Todas las armas son buenas
    Piedras
    Noches
    Poemas
    …………………..……………………………….(Paulo Leminski)
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    (Não é a beleza)
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    Não é a beleza
    Mas sim a humanidade
    O objetivo da literatura
    ………………………….……………………….(Salamah Mussa)
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    A existência precede a essência.
    ……………………………………..…………….(Jean-Paul Sartre)
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    Por uma verdadeira e justa Ley de Medios Já pra antonti (anteontem. Eu muito avisei…) !!!! Lula (sem vaselina) 2018 neles (que já tomaram DE QUATRO no PSDBosta) !!!!

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