O tipo de métodos usados para atingir um fim costuma identificar qual é a natureza deste objetivo.
Reinaldo Azevedo, no UOL, e Renata Agostini, na CNN (vídeo ao final), levantam a possibilidade que o “lançamento” da “candidatura presidencial” (note-se quantas aspas) de Luciano Bivar, presidente do União Brasil seja, na verdade, um expediente para “guardar lugar” para Sergio Moro numa chapa presidencial, o que Reinaldo chama de “Cavalo de Troia”.
Numa palavra, um espécie de golpe de esperteza sobre os demais partidos e um golpe na dinâmica eleitoral, claro que facilitado, como todo estelionato, pela ambição das próprias vítimas.
Dada a natureza dos personagens envolvidos, não é de se duvidar.
Mas acho que, a esta altura, a “desistência da desistência da desistência” de Moro não tem espaço para nada além de tomar de volta um ou dois “pontinhos” de Bolsonaro, porque a figura do ex-juiz se tornou tão patética que não chegará nem ao pouco que chegou antes.
Ocorre, porém, que Luciano Bivar não é homem de guardar rancores quando se trata de fazer negócios. E nada impede que ele negocie com Bolsonaro – deixo ao leitor a ideia de em troca de quê – justamente o contrário: o não-retorno de Sergio Moro à disputa e que aqueles 2% fiquem para onde já migraram: o atual presidente.
Os integrantes do “Clube dos Candidatos da 3ª Via” – Simone Tebet e Eduardo Leite, sobretudo – não são ingênuos, como autores ou vítimas, em matéria de traição política e, por isso, sabem que a candidatura de Bivar a presidente – é mais sem pé ou cabeça quanto a deles e, portanto, não adianta que ele balance o pote de ouro do Fundo Eleitoral do União Brasil.
Para Bivar prometer que vai sair dali é preciso que ele saiba onde vai entrar verba sem carimbo, ainda que com digitais.