Moro e o Canto de Osanha

Na campanha de 1989, diante de um pergunta complicada, muito subjetiva, feita por um dos presentes a uma reunião de artistas e intelectuais na casa do Chico Buraque saiu-se dela com uma de suas “tiradas”:

– Não sei, vou consultar os poetas…

Hoje, diante da manchete-entrevista do Estadão em que Sérgio Moro diz que  ‘Jamais entraria para a política’,   fui consultar logo um deles, o Vinícius de Moraes, que escreveu no seu lindo “Canto de Osanha”, com Baden Powell: O homem que diz vou/Não vai!/Porque quando foi/Já não quis!/O homem que diz sou/Não é!/Porque quem é mesmo é/Não sou!

Moro de tolo nada tem.

A fragilidade paradoxal de Temer, que controla o Congresso, mas não controla o país, já abriu o jogo sucessório, ao ponto que um artigo laudatório a FHC escrito por um seu ex-colaborador  – leia na coluna do Janio de Freitas que tipo de “ética” fez FHC demitir Xico Graziano – provocar um “frisson” entre os que se impressionam com pouco.

Até Eliane Cantanhede enxerga isso:

“Quem alardeia essas ideias pirotécnicas, ou piromaníacas, de derrubar Michel Temer para pôr Fernando Henrique no lugar já pensou em quem, como, onde e por quê? O colégio eleitoral seria o Congresso, onde, logo, logo, mais de uma centena de camaradas estarão na fila da Lava Jato. A reação automática seria que o PSDB tirou Dilma e pôs Temer para, aí, sim, dar um golpe. E a economia, a política, a imagem do País e a paciência da sociedade explodiriam de vez.

O PSDB tem um nome e só um nome: Geraldo Alckmin, testado e reprovado em 2006.

Moro move-se, como ele mesmo diz, do lado de fora da política. Tem a espada da prisão preventiva – sabe-se lá por que razão, mas já não é preciso razões – sobre Lula e o poder de pressionar partidos e políticos que ficarão expostos na lama do rompimento da barragem da Odebrecht.

Como dizem lá na roça, ali “vai ter de um tudo”.

Farta matéria-prima para manter o país paralisado pelo medo e por uma apreensão geral com a ideia que “de Curitiba ninguém escapa”. E paralisado o país, a desagregação de Temer, que já é grande, segue crescendo e levando junto o PSDB, que não tem como desembarcar da aventura golpista.

A guerra, para Moro, seria outra, com a mídia como artilharia, a toga como as divisões blindadas e a direita fascistoide como infantaria impiedosa.

Afinal, é só olhar o Supremo Tribunal Federal para que se veja que a política não é a única via para se alcançar o poder.

Fernando Brito:

View Comments (31)

  • por que esse juiaeco de merda sempre sai na foto com pescoco esticado? eh algum disturbio?

    • ... Talvez porque o DEMoTucano militante "juiz" 'mor(t)o' queira se sentir mais Mussolini do que o próprio!

    • te respondo, coisa de ditador e da pior espécie. mas, como temos um jornal em estado comatoso nada me espanta. afinal,esse estadinho de São Paulo(outra PIADA SEM GRAÇA disfarçado de"jornalismo"),NÃO TEM COMPROMISSO COM O BRASIL. Tem com a sua terra,os Estados Unidos!

  • Resumindo, o único golpe que a esquerda deu no país, nos últimos tempos, foi ter conquistado em quatro eleições sucessivas a confiança de mais de cinquenta por cento dos seus ilustres brasileiros, nas urnas, bem entendido. Os golpes da direita tem várias facetas, vários autores, vários usufruidores, vários usurpadores, vários tramadores e todos eles com o mesmo lema. "O que não der para conseguir por vias democraticas, dá se um jeitinho, o já consagrado jeitinho brasileiro, na marra, no tapetão, no congresso, no Judiciário, seja lá onde for, nós queremos é o poder, custe o que custar". O povo, que povo? O povo é um mero detalhe...

  • ... Realmente, o canalha sacripanta, desleal, [mega]corrupto &$ nazigolpista decorativo "somente saber lidar com bandidos"!

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    ASSESSOR ESPECIAL DE TEMER COBRAVA PROPINA NO MANÉ GARRINCHA

    Tadeu Filippelli, que foi vice-governador do Distrito Federal e hoje atua no gabinete da Presidência da República como homem de confiança de Michel Temer, cobrou propina da empreiteira Andrade Gutierrez na obra do estádio Mané Garrincha, de Brasília, sede da Copa do Mundo de 2014; o esquema, em que a empresa negociou 1% de pagamento de propina, foi iniciado pelo ex-governador José Roberto Arruda e herdado pelos sucessores, Agnelo Queiroz e Filipelli; a obra custou 87% acima do preço original, R$ 1,4 bilhão; Planalto ainda não se pronunciou sobre a demissão ou não de Filippelli

    06/11/2106

    (...)

    FONTE [LÍMPIDA!]: http://www.brasil247.com/pt/247/brasilia247/264078/Assessor-especial-de-Temer-cobrava-propina-no-Man%C3%A9-Garrincha.htm

  • O Caçador de Marajás 2.0
    Pelo que se viu nos resultados das eleições municipais, se a mídia mandar comer merda, uma parte do povo come e pede pra repetir o prato. Já está aí em início de produção o filme recheado de golpistinhas globais pra impulsionar a candidatura do homem da globo.

  • Quando uma empresa de comunicação para se manter em pé, precisa apelar para a consciência de um povo, enganando e ludibriando os que a assistem, caluniando inocentes, criminalizando líderes por simples convicções, construindo falsos moralistas e defensores da população, é porque, provavelmente, perderam a capacidade para se sustentarem de uma forma mais digna, menos indecente. Qualquer semelhança deste comentário com a Rede Globo de Televisão é mera coincidência.

  • LEITURA IMPERDÍVEL!

    ***

    A crise da “democracia” é global: o que o Trump tem a ver com o Temer?
    Por ínclito e intrépido jornalista Luiz Carlos Azenha

    05 de novembro de 2016 às 08h02

    (...)
    Temer fez a opção preferencial pelos ricos na hora de decidir quem vai pagar a conta da crise que, adiada por Lula, finalmente bateu com força. Foi este o motivo do golpe. Mas há o risco de que estas “conquistas” dos de cima sejam ameaçadas se houver eleições presidenciais em 2018.
    Por isso, talvez seja necessário restaurar a fachada da “democracia” corroída pelo golpe de 2016 com uma figura que “paire” sobre a política partidária antes da próxima campanha, tirando Temer e as figuras impolutas que o acompanham do poder.
    Obviamente, depois de “naturalizar” a repressão aos movimentos sociais e de cassar o Lula. É isso ou algum tipo de manobra para justificar que não haja eleições em 2018.
    O que o Brasil tem de especial, neste caso, é uma megoperação contra a corrupção que, mesmo com a melhor das intenções, acaba solapando a economia de forma suicida num momento de profunda crise econômica. Mais uma jabuticaba.

    FONTE [LÍMPIDA!]: http://www.viomundo.com.br/opiniao-do-blog/a-crise-da-democracia-e-global-o-que-o-trump-tem-a-ver-com-o-temer.html

  • Nas palavras da Catanhede, tem mensagem subliminar: "mais de uma centena de camaradas".
    Porquê usar a palavra "camaradas"?
    Essa centena é de todo tipo, inclusive dos santificados do PSDB. Até o filho do FHC aparece em delações.

  • Moro como primeiro ministro ( chanceler ) e o STF e seus ministros como presidente , e claro na liderança do Supremo do Supremo o Ministro Gilmar Mendes . Como nos países parlamentaristas e com "pequenas' alterações , em caso de descredito do primeiro ministro ( chanceler ) uma lista tríplice de juízes de 1ª instância para o colegiado ou uma turma escolher o novo primeiro ministro.
    Povo ? pra que povo ?. Não vem o caso.

  • NASSIF: BRASIL VIVE O MAIOR ASSALTO DESDE O GOVERNO SARNEY

    "O grupo que assumiu o poder não tem projeto algum. Na ponta do PMDB montou o maior assalto ao poder desde o governo Sarney. Na ponta do mercado, um grupo de economistas que se move exclusivamente por bordões ideológicos e visão de curtíssimo prazo. São a contrapartida do mercado à superficialidade desenvolvimentista de um Guido Mantega. Já o ex-PSDB tornou-se um partido de direita tosca, perdendo qualquer capacidade de planejamento do futuro", analisa o jornalista

    06 DE NOVEMBRO DE 2016

    (...)

    FONTE [LÍMPIDA!]: http://jornalggn.com.br/noticia/xadrez-da-reconstrucao-do-brasil

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