Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho apontam, de janeiro a julho, uma redução de meio milhão de postos de trabalho formais no Brasil.
É o efeito perverso da fria lógica de um “ajuste fiscal” que se faz exclusivamente pela redução de gastos governamentais e da elevação dos juros.
Diga-se, em defesa do Governo, que as tímidas medidas de recomposição da arrecadação – pela eliminação das desonerações fiscais que, só no primeiro semestre deste ano, custaram R$ 55 bilhões – foi obstaculizada pelo mesmo Congresso que não se pejou em alargar despesas.
Os empregos que se perdeu estão concentrados em alguns poucos setores, enquanto outros sofrem sua irradiação.
O setor de petróleo, seguramente, é responsável por cerca de um quarto deste resultado. Os estaleiros demitiram, só eles, 14 mil trabalhadores no semestre. Quase 20% de sua força de trabalho. O Comperj, cujas obras foram quase que completamente paralisadas, desempregou mais umas 4 mil pessoas. Somem-se a elas os empregos na cadeia de fornecedores do setor e, fácil, chega-se a 60 ou 70 mil desempregados.
Ah, e ainda tem o comércio e os serviços destes pólos, mas deixa pra lá.
Agora ponha aí o setor automotivo – que já demitia aos montes ano passado – e seus 38 mil demitidos no primeiro semestre de 2015 (dados do Ministério do Trabalho) e mais o seu “efeito-cascata” sobre fornecedores, revendas e comércio.
Serão o que, somadas estas duas áreas: 150 mil, 200 mil empregos?
Agora acrescente os 127 mil demitidos da indústria da construção civil (número da FGV, só até maio) e temos quase todo o contigente de desempregados do ano, regados com as demissões do comércio, impactado pela minguante procura por compras e pela crescente “virtualização” das vendas.
Pronto, temos aí boa parte do total de perda de postos de trabalho do ano.
Investimentos públicos e juros civilizados, num país como o Brasil não são fatores inflacionários ou de desajuste fiscal.
Ao contrário, são molas dinâmicas da economia e, consequentemente, da arrecadação de tributos.
Como “bicicleta” que é, a economia depende de movimento para equilibrar-se é é tanto mais instável quando mais devagar se move.
O santíssimo tripé econômico – superávit primário, meta inflacionária e câmbio livre( e baixo, por estar atrelado à inflação) – é tratado aqui com veneração e referência.
É curioso que, em nome do “tripé” não tenhamos nenhum dos “pés” e ainda tenhamos de amargar a crueldade do desemprego crescente e de esperanças em declínio.
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Tudo por nada.
: 04:13
Ouvindo As Vozes do Bra?S?il e postando: Do Mino Carta, no ConversaAfiada (do PHA) : "reação à altura, que se recomendaria enérgica, com o exato tempero da ironia. Como se vê, a crise não é somente econômica, política e social, é também cultural."...
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Ley de Medios Já ! ! ! ! Lula 2018 neles ! ! ! !
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Ai que saudade do.Guido. Quem comunga com o grosso de nossas ideias e entende de informática poderia criar a restag #aiquesaudadedoguido.
É Economista melhor pedalar do que ficar parao. Pedalada é: Ação governamental em momentos de continuidade da crise mundial.
Qualquer Economista Político (existe?) sabe que é o Governo que toma as rédeas da ecnomia em momentos de profunda estagnação.
Ainda bem que não existia PSDBesta nos EUA na crise de 29 e Nem (graças a Deus) no pós Guerra (plano Marshall nem pensar).
A Porca Midia e as oposições (que tá nem aí pro Brasileiro comum) dizem pra todo lado que o Governo "FÊz besteira" ora o problema é outro "agora que economistas governamentais estam fazendo besteira".
Ai que saudade das besteiras do Dilma um.
Juro real Zero é a receita dos Países contra a estagflação. . Aqui querem salvar os rentistas (Bancos e Ricos) e Matar povo. Não tendo como ganhar dinheiro fácil eles (os endinheirados) são forçados a investir na produção Na situação a eles dão uma de Nero: tocando lira enquanto Roma pega fogo".
Na situação atual eles(Bancos e Ricos) dão uma de Nero: tocando lira enquanto Roma pega fogo”.
#jurorealzero.
A sociedade brasileira tem que tomar uma atitude firme:
-Mandar o Sérgio Moro ocupar seu tempo sendo somente Juiz e
-Mandar os Delegados Federais ocuparem seus tempos sendo Delegados competentes.
-Botar na lata do lixo: Tudo que essas duas figuras disserem a respeito de Recuperação das grandes empresas, acordo de leniência ,
retomada das obras, ão da Petrobrás etc.
-Cortar o ponto dessas duas figuras quando "em momento de trabalho " ( e como eles tem trabalho pra fazer e necessidade de terminar tarefas) estão dando palestras para as Elites (LIDE etc) em assunto que não lhes dizem respeito. Se comparecerem a esses locais em momentos de folga ou férias como cidadãos comuns tudo bem.
Eu não sei se é Selic, tripé ou crise política. Apoio a democracia, o estado de direito e a permanência da Dilma, lógico. MAS a crise atingiu de forma cruel o meu lar, está difícil.
A crise é Moral!! Isso mesmo: Moral!! De Moro!!