Moro, o açougueiro da mídia

A leitura das manchetes dos jornais é um importante instrumento de valoração do pensamento da mídia e da “opinião pública” que ela produz e traduz.

As manchetes dos maiores jornais brasileiros, hoje, dá uma ideia bastante clara do que é importante no “caso” da suposta obtenção de vantagens por Lula e da correlação de importância entre os supostos atos, consequências e personagens.

Vejam-nas:

O Globo: Lula vira réu pela 2ª vez e será julgado por Moro

Estadão: Lula vira réu na Lava Jato e será julgado por Moro

Folha: Acusado de corrupção, Lula será julgado por Sérgio Moro

Peço paciência ao leitor para recordar-se dos seus tempos de escola e fazer como fazíamos ao analisar expressões matemáticas, verificando os termos comuns, que aparecem em todas elas. Era o que chamávamos, não sem propósito, de “colocar em evidência”.

 Lula vira réu pela 2ª vez e será julgado por Moro

 Lula vira réu na Lava Jato e será julgado por Moro

Acusado de corrupção, Lula será julgado por Sérgio Moro

Esta é a mensagem: Lula está nas mãos de Moro, até porque já é impressão comum que Sérgio Moro não julga, condena.

O fato que motivaria o julgamento, a corrupção, só aparece em um dos jornais, a Folha,  que, lá na manchete interior, “corrige” seu lapso e segue a boiada: “Lula vira réu pela 2ª vez e será julgado por Sergio Moro“.

Reparem que o cerne da mensagem não é o de que Lula será julgado por um possível ato de corrupção pelo Judiciário (pois, em tese, tanto faria que o juiz fosse  Antônio, João, Felisberto ou Joseval).

É Moro, o terrível.

Não é o mesmo que ser julgado por um dos outros 16 mil juízes do país que, na maioria (ou, ao menos, na maioria falante) não se dão conta que Moro usurpou o lugar da instituição na mídia e na opinião  pública(da).

Porque as decisões de Sérgio Moro – ou a decisão, porque é quase uma só: condene-se – é irrecorrível, irreformável, irrevogável.

Os promotores iniciaram sua pantomima da semana passada, não sem razão, mostrando que as decisões morescas , tinham quase 100% de confirmação nos tribunais superiores.

Duvido – e não há demérito nisso, porque este é o sentido do duplo grau de jurisdição constitucional e, até, universal – que haja uma vara judicial no Brasil que ostente os “mais de 95% das decisões tomadas em primeira instância” confirmadas nos três tribunais onde delas cabe recurso (o Regional Federal, o STJ e o STF, dependendo do caso).

Talvez, e olhe lá, nas varas onde haja, antes da sentença, conciliação entre as partes, como em Justiça de Família ou Juizados de Pequenas Causas). Mas nunca em varas onde deveria ser raridade a transação penal, como é feita na “delação premiada.

Dou números, para que não se ache isso um “chute”.

O Tribunal de Justiça de Santa Catarina fez estatísticas sobre quantas decisões de 1ª instância foram reformadas na segunda: em 2014, 34,16%. E as decisões do próprio TJSC (Câmaras e Pleno), reformadas no STJ, 33,19%.

Seriam os juízes e desembargadores catarinenses uma “antas”, perto da sumidade jurídica de Curitiba?

Não, é claro.

É que a Vara de Sérgio Moro – é dele, só dele, e para lá vai tudo o que ele quer, mais cedo ou mais tarde – é um açougue para onde se mandam as figuras que o poder quer abater e retalhar em postas, seja porque são seus inimigos, como Lula, seja porque já lhes são inservíveis, viraram trambolhos a serem descartados, como Eduardo Cunha.

E onde, como nos umbrais do inferno de Dante, há o dístico a definir o destino de quem lhe adentra as portas:

Lasciate ogni speranza, voi ch’entrate. “Abandone todas as esperanças, você que entrou aqui”, como se lê na Divina Comédia.

Ou, para facilitar aos rapazes do MP, que costumam se confundir com autores clássicos, procurem a fase 46 do Minecraft, que deve ser mais fácil para entenderem.

Fernando Brito:

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  • As Cousas do mundo

    Neste mundo é mais rico o que mais rapa:
    Quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
    Com sua língua, ao nobre o vil decepa:
    O velhaco maior sempre tem capa.

    Mostra o patife da nobreza o mapa:
    Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
    Quem menos falar pode, mais increpa:
    Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.

    A flor baixa se inculca por tulipa;
    Bengala hoje na mão, ontem garlopa,
    Mais isento se mostra o que mais chupa.

    Para a tropa do trapo vazo a tripa
    E mais não digo, porque a Musa topa
    Em apa, epa, ipa, opa, upa.

    (Gregório de Matos Guerra - século XVII)

  • País sem lei. Abocanharam o país em todas as suas estruturas: econômica, judiciária, legislativa e executiva? E agora? Quem poderá nos salvar? Chapolin Colorado? Não somos mais uma democracia. Estamos entregues à própria sorte. Acabou. Somos um país sem futuro.

  • Enquanto isso Cláudia Cruz e o Usufrutuário continuam livres e sem serem incomodados pelo juiz universal de Curitiba. Essa esculhambação de Curitiba vai custar muito caro ao povo brasileiro. Não vai demorar muito os analfabetos paneleiros teleguiados vão começar a sentir o efeito da jurisprudência de moro e seus asseclas. Ai é tarde. Não adianta chorar.

  • Pra mim,quem esta a julgar na tal Vara do Moro,´são a C IA E O FBI,pois o moçoilo é seu agente,aqui no Brasil.E como são ordens superiores,dos PATRÕES SECULARES,o resto do JUDICIÁRIO ? BRASILEIRO,METE A COLA ENTRE AS PERNAS.Como de hábito

  • Os procuradores não entendem de minecraft e com certeza iriam procurar a fase 46 do jogo. Os filhos deles, esses sim conhecedores, só iam revirar os olhos ou falar, com sarcasmo "já passei dessa fase". (Minecraft é um jogo que não tem fase)

  • Ainda sobre os protofascistas "açougueiros da mídia"...

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    O ínclito e intimorato jurista Eugênio Aragão explica os crimes que a PGR perpetrou contra o ilibado e grande líder José Genoino Neto [do Brasil]
    Via egrégio e impávido jornalista Luiz Carlos Azenha
    https://vimeo.com/167537432

  • moro disse que não importa o tamanho da corrupção... importa sim: a mansão de paraty é muito grande para Curitiba...

  • É como aquela história do muleque que acha que joga mais "bola" (futebol) que os colegas: - Joga a bola para mim que eu resolvo!
    Inventam um motivo, e jogam para o congresso ou para a justiça (moro) resolver da forma que convier para eles!

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