Um dos mistérios mais dolorosos da história política brasileira, a morte de João Goulart, está prestes a ser desvendado. Representantes do governo, da Polícia Federal, da família de Jango e da Comissão da Verdade, estiveram em São Borja no último dia 21 para acertar os procedimentos burocráticos necessários para a exumação de seu cadáver.
Há suspeitas de que Jango tenha sido vítima de um envenamento, e não de uma simples “enfermedad” (doença, em português), como consta no atestado de óbito lavrado na Argentina. O fato ocorreu no dia 6 de dezembro de 1976.
Caso se confirme a suspeita de envenenamento, os livros de história terão que incluir mais esse crime hediondo contra a soberania nacional: as forças de repressão, com apoio da mídia e dos EUA, derrubaram um presidente eleito, e 12 anos depois, o assassinam, com medo que ele pudesse retomar suas atividades políticas e iniciar alguma luta pela redemocratização.
Segundo testemunhos familiares, Jango estava em sua residência, na Argentina, em companhia de sua mulher, Maria Teresa. Na madrugada do dia 6 de dezembro, após tomar medicamentos de uso diário, começou a passar mal, em seguida sofreria uma crise cardiorrespiratória aguda. Morreria duas horas depois.