Mortes do fim de semana indicam mais crescimento do Covid-19

Olhe o gráfico aí de cima, é o oficial do Ministério da Saúde, onde coloquei em vermelho as barras que correspondem aos dias de domingo e segunda-feira, que se referem aos mortos das 24 horas anteriores, sábado e domingo, portanto.

Como nosso esquema de notificação é precário e, até agora, nem sequer resolveu os plantões de final de semana, estes dois dias sempre registram uma quantidade menor de óbitos, porque estes – ou a conformação de que foram de Covid-19 – deixam para ser lançados na segunda-feira ou ainda depois.

Assim, dá para ver claramente como os demais dias da semana alcançam números muito maiores e não há razão para que isso seja diferente agora.

O crescimento estúpido destes totais (soma do final de semana) não precisa de muitas explicações.

Só em maio, é assim a evolução: nos dias 3 e 4 somaram 571; nos dias 10 e 11, 892; uma semana depois (17 e 18), 1.159 e, agora, 24 e 25 de maio, 1.460.

Nas terças-feiras seguintes, o total diário praticamente equivaleu à soma dos dois dias anteriores e até ligeiramente superior: dia 5, 600 mortes; dia 12, 881; dia 19, 1.179. Portanto, tudo indica um novo recorde de mortes amanhã.

Não há, portanto, nenhum dado a sugerir que se tenha atingido ou se esteja por atingir um pico epidêmico e, assim, nenhuma razão a justificar as múltiplas liberações de funcionamento do comércio e de outras atividades potencialmente aglomeradoras de pessoas, como os cultos religiosos.

Mesmo onde não se as tomou, como em São Paulo, inventam-se coisas esdrúxulas para fugir do “lockdown” compulsório, como os “feriados” que o mercado não respeita, quarentenas “inteligentes” (como se pudéssemos saber quem é “quarentenável” e quem não) ou, como sugeriu o ex-ministro Nelson Teich, ontem, na Globonews, um isolamento que não seja “nem horizontal, nem vertical”, como se esta quarentena “diagonal” não fosse algo que a população não entende e, portanto, não respeita.

Hoje, a Universidade de Washington, que previra, dia 12, 88 mil mortes pela epidemia no Brasil até o dia 4 de agosto revisou este número para 125 mil, o que nos faria disputar o primeiro lugar em mortes com os Estados Unidos, lugar que já tomamos, por dois dias seguidos, em número diário de mortes.

Nunca é demais lembrar que, há pouco mais de dois meses – 17 de março, tivemos o primeiro dos mais de 23 mil mortos que temos hoje.