Motivo de assassinato foi político do início ao fim, diz MP

Embora a legislação brasileira não preveja a figura de “crime político” dirigido contra pessoa, os procuradores de Justiça do Paraná Luiz Mafra da Silva e Thiago Mendonça afirmaram ontem que a motivação do assassinato do petista Marcelo Arruda, em Foz do Iguaçu, foi totalmente política, derrubando a inacreditável conclusão da polícia estadual de que o agente penal Jorge Guaranho teria disparado contra ele por estar “se sentindo humilhado” por, depois de ter apontado a arma contra sua vítima, esta reagiu atirando sobre o carro um punhado de terra.

Menos mal, porque se restaura o que todos viam: que foi o ódio bolsonarista a razão inicial e final do assassinato (veja a denúncia abaixo).

Os promotores dizem que não há divisão entre o primeiro momento – a ida de Guaranho para provocar os participantes da festa – e a sua volta, para disparar contra Marcelo:

Ato contínuo, onze minutos após, às 23h51min, JORGE JOSÉ DA ROCHA GUARANHO chegou sozinho e conduzindo o mesmo veículo, aos brados de ‘aqui é Bolsonaro’, à sede da ARESF. (…) Ainda na parte externa, GUARANHO, dolosamente e imbuído da mesma fútil motivação, dizendo ‘petista vai morrer tudo’, detonou dois disparos contra a vítima, atingindo-a no abdômen e na coxa direita, o que a fez cair. Ato contínuo, o denunciado, correndo, ingressou no quiosque e, extravasando todo seu animus necandi (intuito de matar), detonou mais um disparo na vítima já caída, sem, contudo, alvejá-la, por força da intervenção de Pâmela (mulher de Marcelo).

Foi o ódio político que conduziu Guaranho ao crime e foi ele que o fez cometê-lo e o grito de “petista vai morrer tudo” deixa aberta a suposição de que ele pudesse produzir uma chacina maior, disparando contra Marcelo porque este, armado, poderia ser um obstáculo para fazer “morrer tudo” em relação a outros convidados que, a esta altura, já estavam reagindo verbalmente à sua invasão.

E Guaranho não ficou assim por “sentir-se humilhado”, mas por pertencer a uma comunidade de odiadores, que lhe serviu de patamar para que desse o salto individual para a agressão armada.

 

Fernando Brito:
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