Não há mais desculpas para não impedir Bolsonaro

Enquanto pessoas morrem feito moscas em Manaus e dezenas de recém-nascidos prematuros talvez tenham de ser transferidos de avião para onde não esteja faltando oxigênio, Jair Bolsonaro continua dando seu show de charlatanismo e dizendo que a situação brasileira “está melhorando”, graças ao sucesso das “evidências experimentais” da cloroquina, da azitromicina e do vermífugo ivermectina.

Ah, sim, e que só não está melhor porque o “STF impediu” que ele atuasse com o seu “plano” contra a Covid.

E ainda tem gente achando que não há problemas em que o presidente da República se porte como um “clown” alucinado, porque “as instituições estão funcionando”.

Então o STF “está funcionando” se deixa o pais ouvir, sem resposta, a mentira de que impediu Bolsonaro de agir?

O Congresso “está funcionando” como, se fica em recesso, gozando férias, enquanto o país afunda mais nesta tragédia?

O que se disse aqui sobre tratar-se de um improviso marqueteiro a tentativa de importação de doses de vacinas indianas às pressas, que além de irrelevante, continua incerta, porque as autoridades indianas, com 1,3 bilhão de seus nacionais a vacinar, sendo “só” 300 milhões na fase mais urgente, relutam, é óbvio, em permitir a saída do imunizante do país antes de atenderem as necessidades básicas de um programa de vacinação em seu país.

Está evidente que usaram a Fiocruz de “laranja” num processo político, que nada tem a ver com um plano de imunização da população brasileira. Sua função será colar um rótulo adesivo en ampolas que nem saberá o que tem dentro, se é que vão mesmo aparecer.

Bolsonaro diz que as vacinas indianas vão “atrasar um ou dois dias até que o povo comece a ser vacinado lá”.

E o povo de cá, como fica?

Será que, sem as indianas, Bolsonaro e Pazuello deixarão que comecem a tomar as “vacinas da China”?

Deixo ao leitora e à leitora a capacidade de imaginar o que acontecerá na aprovação (ou não) da Anvisa, no domingo para uma vacina que está no Brasil, envasada, rotulada e pronta para ser aplicada mas que é “a vacina do Dória”.

Leve em conta que o O Ministério da Saúde enviou hoje ao Instituto Butantan um ofício pedindo a entrega “imediata” de 6 milhões de doses da Coronavac prontas para serem injetadas. Ou seja, raspa-se o tacho na “Operação Mão Grande”, como a tenho chamado aqui, e deixa-se o governo paulista sem uma dose pronta das vacinas que contratou meses atrás.

Alguém acha que uma manipulação tão criminosa da vacinação contra uma pandemia mortal pode ficar impune e, ainda pior, que o país siga nas mãos de alguém capaz de fazê-la?

Não há programa de vacinação possível que não se sabe quando, quantas e quais vacinas se terá para aplicar.

O governo está se esgoelando para obter os 2 milhões de doses indianas, mas nada se lê sobre a chega dos insumos necessários para que a Fiocruz dilua e envase dezenas de milhões de doses. Nem sobre qual é o cronogama (e muito menos se está assegurado) de chegada do Ingrediente Farmacêutico Ativo – o IFA – do qual ela depende para produzir seja uma, sejam cem ou sejam 30 milhões de vacinas.

Tudo tem cara, cheio e fedor de farsa.

Não hám aneiras de eliminar a farsa sem eliminar o farsante.

Com Bolsonaro, o Brasil nunca terá uma vacinação massiva, rápida e eficaz. E isso quer dizer milhares de mortes a mais

 

 

 

 

 

 

 

Fernando Brito:
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