Jair Bolsonaro, para qualquer general que queira ver, voltou a insinuar uma insurreição armada de seus acólitos, dizendo que os cidadãos devem armar-se para “garantir a liberdade”.
“Nós defendemos o armamento para o cidadão de bem porque entendemos que arma de fogo, além de uma segurança pessoal para as famílias, também é a segurança para nossa soberania nacional e a garantia de que a nossa democracia será preservada.(…) Não interessam os meios que, por ventura, um dia tenhamos que usar. A nossa democracia e a nossa liberdade são inegociáveis”.
“Nossa democracia” e “nossa liberdade”, no conceito de Bolsonaro, é mantê-lo no poder, mesmo que as urnas digam o contrário.
Porque se fosse Lula a dizer isso, nossos militares estariam dizendo ser a pregação de um tomada violenta do poder pelo comunismo.
Surpreende ver gente de esquerda dizendo que não há risco de um levante antidemocrático e fariam bem se reparassem como quem está sofrendo mais diretamente a pressão, os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, a começar pelo sempre contido Edson Fachin subindo o tom de seus alertas, como fez hoje:
“A estapafúrdia invasão do Capitólio, em Washington, em 6 de janeiro do ano passado; os reiterados ataques sofridos pelo Instituto Nacional Eleitoral do México; as ameaças, inclusive de morte, sofridas pelas autoridades eleitorais peruanas no contexto das últimas eleições presidenciais são exemplos do cenário externo de agressões às instituições democráticas, que não nos pode ser alheio. É um alerta para a possibilidade de regressão a que estamos sujeitos e que pode infiltrar-se em nosso ambiente nacional – na verdade, já o fez”
Bolsonaro só não agirá com armas contra o voto se não puder fazê-lo.
Ele mesmo deixa claro que não lhe importam os meios.