Diz a Folha, hoje, que “o ministro Paulo Guedes (Economia) decidiu se afastar da tarefa de negociar as reformas estruturantes apresentadas por ele ao Congresso”.
Não é bem assim: Guedes jamais foi capaz de negociar coisa alguma com o Congresso e em tudo em que se meteu a fazê-lo foi um desastre.
A reforma da previdência, todos lembram, saiu em função do empenho pessoal de Rodrigo Maia e das conversas e acordos feitos por Rogério Marinho.
Jair Bolsonaro apresentou, na campanha, Guedes como o “dono do pedaço” na economia. O ex-banqueiro acreditou e pouco tempo depois percebeu que jamais foi e jamais será, exatamente como ocorreu com Sérgio Moro em relação à Justiça e à Policia.
Hoje, Paulo Guedes tornou-se um ministro com um única serventia: ser publicamente desmoralizado quando as propostas do governo – na verdade, simples rabiscos autoritários – encontram uma resistência incontornável. Ah, sim, vai servir, também, para bode expiatório quando começarem a estourar os problemas do “cheque especial” de quase R$ 1 trilhão sacado pelo governo este ano.
Agora, arranjou outra: preencher a lacuna de tempo até que Bolsonaro considere madura a aceitação do “mercado” a uma mudança de titular na Economia.
O conflito que abriu com Rodrigo Maia, presidente da Câmara, só pode ter um desfecho: a sua saída do Ministério.
Afinal, Guedes é apenas hoje um contador obediente, não mais um aspirante – ele nunca o foi, de fato – a formulador de políticas econômicas.
A briga com Maia, um parlamentar que, hoje, tem mais a cara do “mercado” que qualquer outro, é sinal de que a hora está chegando.