Nassif: O que Dilma ganhou ao ir a Davos?

Nassif analisa os ganhos políticos obtidos pela repercussão positiva da presidenta em Davos.

Os ecos de Dilma em Davos

dom, 26/01/2014 – 06:00 – Atualizado em 26/01/2014 – 08:14

Por Luis Nassif, em seu blog

Os ecos de Davos foram plenamente favoráveis à presidente Dilma Rousseff. No World Economic Forum, o mais importante evento do capitalismo mundial, sua fala recebeu elogios gerais, conforme a cobertura dos jornais brasileiros.

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Há um sem-número de críticas quanto à forma do governo, às vulnerabilidades da política econômica, à insuficiência dos gestores. Critica-se a contabilidade criativa, a forma como foram distribuídos subsídios, as idas e vindas dos leilões de concessão.

Embora sejam críticas consistentes, elas se referem ao periférico. É evidente que, com Ministros mais eficientes, com visão técnica mais apurada, com maior abertura na discussão de políticas públicas, o caminho seria mais fácil. Mas não é o essencial. No máximo, provocam algum atraso no deslanche da economia.

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O essencial foi dito por Dilma nos seus dois discursos: o compromisso com a responsabilidade fiscal, com o controle da inflação, com o câmbio flutuante e com os investimentos privados em áreas cruciais, como da infraestrutura. E, claro, com a construção de um país de classe média, sem a pobreza aviltante que o marcou historicamente.

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Os discursos de Aécio Neves e Eduardo Campos trazem poucas variações em torno do mesmo tema. Os pontos em comum trazem mais informações sobre o futuro do país do que eventuais pontos de discordância: significa o alinhamento em torno de princípios consolidados.

Significa o país caminhando para um modelo similar ao europeu: um partido de centro-esquerda, nos moldes trabalhistas; outro de centro-direita, mais liberal; partidos menores ocupando o espaço da extrema esquerda e da extrema direita, mas sem comprometer a polarização.

Nem se pense que o PSDB tenha lugar cativo na centro-direita. Se não se sair bem nas próximas eleições, esse espaço poderá ser ocupado pelo PSB de Campos.

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O importante é que se consolidaram os princípios centrais desse modelo brasileiro:

1. Capitalismo social, com foco nas políticas de inclusão social e de combate à miséria.

2. Fortalecimento de um setor produtivo privado, especialmente com os programas de concessão e do pré-sal, redução de juros e melhoria do câmbio. Há muitos furos nessa caminhada, especialmente a forma como o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) de Luciano Coutinho tratou os tais “campeões nacionais”. Mas são exageros corrigíveis.

3. Democracia participativa. Houve um recuo no governo Dilma, com as decisões de gabinete. Mas as próprias manifestações de junho passada indicam a irreversibilidade da construção de políticas públicas coletivas, retomando o espírito da Constituição de 1988.

4. Ênfase em investimento, inovação e educação.

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Há muitos ajustes a se fazer. Tem-se um ambiente econômico anti-empreendedorismo, um Banco Central que recuou na caminhada anterior, de romper com dogmas de mercados e contas externas pouco favoráveis.

Mas são problemas que a própria dinâmica da democracia brasileira tratará se acertar.

O maior desafio foram as eleições de 2010. O exorcismo de José Serra foi o desafio final para a consolidação desse modelo. Tivesse sido eleito, a economia teria parado e Serra estaria buscando os álibis nos inimigos externos. E 25 anos de construção democrática teriam ido para o fundo.

Fernando Brito:

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  • Algumas análises parecem querer convencer que para ser algo, basta você se fantasiar ou se vestir daquilo que você ou alguém quer que você seja. Para ser alguma coisa não basta fingir que se é, ou você é ou você não é. A má vontade em reconhecer os méritos do Governo formado pelo PT e seus aliados nas escolhas que foram feitas ao longo desses anos é incompreensível. Pode-se criticar a falta de afinação e até mesmo de adesão dos partidos em torno do projeto do Governo, incluindo aí o PT, mas negar ou diminuir os méritos dos acertos não dá pra entender. O Brasil é um País atrasado, com problemas estruturais imensos e que só começou a enfrentar grande parte deles a partir do Governo Lula. A falta de adesão de setores da sociedade, por mera antipatia ao PT, a muitos dos projetos apresentados e que poderiam até ser melhorados com a participação de quem quisesse participar, não é responsabilidade do Governo e sim de quem se negou a ter interlocução com os setores do Governo. O simples boicote de setores da mídia também teve influência ao não permitir que se tivesse espaço para dar informações para a sociedade. Foi também nesse Governo que se procurou tirar apenas do enfeite do papel o que era oferecido pela ignorada constituição cidadã. Estamos longe, mas muito longe das condições ideais apesar de tudo o que foi feito, imagine então se não fosse feito nada. O Brasil inegavelmente melhorou, mas nem tudo depende apenas do Governo. Pode-se até discordar, agora negar os caminhos que foram apontados e que por falta de interesse avançaram menos do que poderiam, fazendo inclusive com que se recuasse em relação a queda dos juros por exemplo, é igorar a realidade.

  • O Nassif pirou?
    como assim, loas ao santissimo tripe e dando de barato que Aeecio, campos e marina não estão tendo a assessoria neo-liberal que tem? Que vao destruir o tal capitalismo social?
    Ah, nao da.

  • Não sei o que Dilma ganhou.
    sei o que o Brasil ganhou.
    E ela estava muitcho linda.
    Dilma 13 14.

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