Quando eu era jovem, havia uma piada em que, numa recepção diplomática, um brasileiro ria do fato de que a Bolívia tivesse um Ministério da Marinha sem ter mar (e tem mesmo, vi as suas embarcações no Lago Titicaca) e outro diplomata respondia: “ora, mas você no Brasil não têm um Ministério da Justiça?”.
Eram os anos 70 e Bolívia era quase sinônimo de golpe militar, porque tiveram três, de 1964 a 1982.
Será que temos algum oficial general tão obtuso que, na segunda década do século 21, ache possível que caiba um país do tamanho do Brasil tenha um governo instituído pelos militares?
General gosta de olhar mapa e é só procurar num deles a diferença entre nó, Togo ou Mianmar, antiga Birmânia.
E ainda mais com um ex-capitão maroto a fazer o papel do sargento cubano Fulgêncio Batista, autonomeado coronel depois do golpe que o levou ao poder?
Teremos o “Marechal Jair”? E quem sabe o “general” Daniel Silveira a comandar a Divisão dos “Bombados e Armados”, as milícias civis que pouparão as tropas regulares do “mico” de exibirem armas e blindados para conter a escumalha civil , as tais forças desarmadas que deveriam cuidar das eleições?
Mandaria a prudência recuarem, enquanto há volta, antes que cheguem ao ponto no qual, talvez, já nem consigam conter seus comandados que, como o brucutu Silveira, viram que não haverá punição a nada, nem mesmo a transgressões sérias de oficiais que resolvam tornar concretas as ameaças ainda abstratas de seus, cada vez mais “em tese”, comandantes.
Não é nada lisonjeira a hipótese levantada pelo jornalista e escrito Cesar Calejon, no UOL, na qual ninguém, nem ele, quer crer:
(…)vale a reflexão a cerca de onde estariam os almirantes de Esquadra da Marinha do Brasil, os outros generais do próprio Exército e os tenentes-brigadeiros da Aeronáutica. Seriam todos os líderes das Forças Armadas submissos ou coniventes às intenções golpistas do bolsonarismo? Caso a resposta para esta questão seja afirmativa, as Forças Armadas do Brasil perderam a sua função constitucional conforme preconizada pela Carta Magna e se tornaram um grupo armado que defende interesses de um clã político por meio da força, da violência e da intimidação, método que caracteriza a atuação das milícias.
Diz-se que Lula despachou o ex-ministro Nelson Jobim para reconstruir suas pontes com os militares.
Talvez devesse dizer-lhes que estão conseguindo colocar as Forças Armadas numa situação de perigo que jamais viveram, nem mesmo nos estertores da ditadura, nos anos 80. Não precisa de análises tão aprofundadas, basta ainda lembrar da boa e velha 3ª Lei de Newton, aqyela de que ‘a toda ação corresponde a uma reação de igual intensidade, mas que atua no sentido oposto’.