O cantor Ney Matogrosso deu, outro dia, uma entrevista da TV de Portugal, desancando o Brasil que, na visão dele, é o pior dos mundos, embora isso soe estranho lá no país irmão, assolado por um desemprego que tem taxas cinco vezes maiores que as do Brasil.
Logo de início, Ney diz que a saúde no Brasil é um caos e diz que as pessoas são jogadas no chão, “em cima de um paninho”.
É verdade, e essas cenas acontecem em muitos lugares, inclusive os mais ricos e desenvolvidos, como no chocante e recente caso da idosa largada ao chão de um hospital estadual de São Paulo, administrado pelo partido de gente que se diz “perfeita” na “gestão”. E não é só lá, existe muita coisa errada ainda neste país.
Mas aí o ótimo cantor derrapa no saudosismo de uma classe média que tem saudades do país em que os poucos centros urbanos eram “pérolas” e a imensa multidão das periferias e do interior eram habitantes invisíveis de uma selva perdida e distante.
Ney diz que a saúde no Brasil “foi decente nos anos 50.”
– A saúde pública era exemplar, era copiada na América Latina.
Pois bem, curioso com este “paraíso sanitário” invocado por Ney Matogrosso, e encontrei um Brasil onde, na década da “saúde exemplar” , morriam 118 de cada mil crianças nascidas vivas, antes de completarem um ano de idade. Sem qualquer exagero, pensando na quantidade de “anjinhos” que desciam ao túmulo, não é absurdo imaginar que esta taxa subisse até 200 por mil até os cinco anos de idade.
Sabe, Ney, “inclusão” significa que todo mundo é brasileiro, não apenas a classe média urbana.
Em cada mil crianças, até os cinco anos de idade, não morrem as 200 do tempo da “saúde exemplar”, mas menos de 18 (17,7 por mil, exatamente).
A evolução recente está neste gráfico. Neste trabalho de Carlos Batistella, da Fiocruz, você encontra os dados mais remotos.
Ainda é muito, porque não deveria morrer nenhuma, embora não se possa evitar, nem no melhor dos mundos, a fatalidade.
E como, no Brasil, nascem perto de 2,8 milhões de crianças, o que faz 14 milhões de meninos e meninas de até cinco anos, saber que esta taxa de mortalidade caiu, de 2002 para cá, quando eram 30 por mil nascidos vivos faz com que se possa concluir que isso salvou a vida de centenas de milhares de meninos e meninas.
Por isso, Ney, talvez você devesse parar e lembrar dos lindos versos de Vinícius de Moraes que eu, então um adolescente, conheci pela sua voz.
Pensem nas crianças/mudas, telepáticas
As crianças de Hiroshima, tão preciosas quanto as nossas, eram. talvez, 20 ou 30 mil entre os 140 mil mortos daquela barbárie atômica.
Aqui, foram dez ou vinte vezes mais crianças que escaparam da fome hereditária, da fome radiotiva, estúpida e inválida que vem de lá, de muito antes dos tempos de “saúde exemplar” que, você tem razão, era copiata em toda esta nossa infeliz América Latina
E falta salvar mais delas, Ney, não podemos nos esquecer nunca disso.
Porque, de outro jeito, a vida é sem cor, sem perfume, sem rosa, sem nada.
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Mas Ney, ultimamente, anda cantando: "Jurei mentiras e sigo sozinho..." Mas ele canta em LP arranhado, e a canção para por aí...
Não liga para esse traste, não, querido Fernando Brito. Essa criatura é zero à esquerda. Só sabe se contorcer, toda a sua vida, feito uma cobra venenosa. O veneno, subiu para a cabeça do pobre diabo.
"Essa criatura é ...zero... à esquerda."
e,
100% à ...direita... coxinha.
Vamos falar de coisas mais importantes: como esta a família? E a saúde financeira do blog mais querido[este], como esta?
Belo post, Fernando! hoje você está poético! Muita gente acredita de artistas, esportistas e celebridades são intelectuais por natureza. Pura ilusão! Padecem das mesmas dificuldades de qualquer um de nós meros mortais para processar um volume imenso de (des)informação que nos chega diariamente via rádio, TV, Internet e Rede Sociais. Eles também estão sujeitos a manipulação e influência de nossa “mídia familiar conservadora” brasileira. O caso do Ney Matogrosso é emblemático, mas pelo o que podemos observar vale também para o Paulo Coelho e para o Zico! Inclusive o site mudamais.com desmentiu, com números e gráficos, item por item o criticado por Ney. Além disso, não custa lembrar que mesmo intelectuais “tem lado”, e é um direito de qualquer um de nós. Somente julgo que seria adequado que assumissem, publicamente, suas preferências. Não tem jeito, não! É Dilma, outra vez, em 2014! Meu manifesto: #Ley de Medios Já! #PSDB nunca mais! Veja em http://mudamais.com/divulgue-verdade/ney-ouve-gente
Brito, o Ney deveria estar em outro mundo na era FFHH, só pode!!! Que foi quando muitos sairam do interior para buscar algo na cidade grande, porque lá no campo não "dava mais para viver/sobreviver...". E lá na cidade chegando, encontraram o quê? NADA...E foram tantos, que será preciso mais alguns anos para que todos estejam vivendo dignamente. Ney conseguiu mostrar sua total e, infelizmente, alienação sobre esta questao social. Ney, querer se passar por sociólogo nessas alturas do campeonato, melhor é você ficar no seu "canto" ( os dois, literalmente)
O Ney fala mal da saúde, porque no governo petista não conseguiu um contrato para iluminar a Fiocruz, como aconteceu no governo tucano.
Postura inaceitável do Ney. Não ouço mais nenhuma música desse cidadão.
Apoiado, Carina; não ouvirei Nei, não lerei Paulo Coelho, não darei atenção às babaquices do Zico - brasileiro que é brasileiro respeita o seu país e faz críticas aqui dentro e com bases honestas.
A esses acima , junto a Lurdes Catão , a quem o jornal "o globo" foi buscar para que falasse bobagens, bem ao gosto da "elite" do dinheiro.
Haja paciência !!!
Onde se encontrava este homem com H quando 36 senadores do DEM e do PSDB detonaram, juntamente com o PIGmarinho, a CPMF, a receita que de um lado financiaria a saúde pública e, por outro lado mostraria a face dos sonegadores, dentre eles a trinca de irmãos donos de uma denominada "Organizações", que se encontra à testa do comatoso PIG, ditos irmãos possuidores da maior fortuna do Brasil e que não mostram os DARFs?
Me decepcionou este meu Idolo.
Antes esteve com LULA junto com os Hanseniases..
Hoje dá este furo...
Mas, sem trocadilhos, disso ele entende muito!
Calado, Ney. O chato. Dizem as más linguas quando o Ney chega todos vão embora para não ouvir as suas ladainhas. Ney, cala a boca. Você já era. Brigou com seus colegas de álbum por dinheiro? Conta essa história direito? Em vez de querer puxar o saco da globo para fazer um show na casa. Está precisando de um dinheirinho, colega? Vendido. Você era muito legal na época dos secos e molhados, agora está para lá de seco. Tudo passa meu querido traidor Ney. Traidor dos amigos.