Fiquei bem mais tranquilo com o jogo de sexta entre Brasil e Colômbia.
Pedreira, como têm sido pedreira todos os jogos, exceto, talvez, o da própria Colômbia frente ao Uruguai.
No resto das partidas todo mundo sofreu, se descabelou e até chorou, também.
Aliás, empatamos com os argentinos até em bola na trave no finalzinho.
E, francamente, o que tinha de dúvidas sobre a seleção brasileira ter um líder se desfez hoje.
O garoto que era, na bola, este líder, mostrou que pode ser também nas palavras.
A entrevista de Neymar, em nome do time, foi um espetáculo.
Primeiro, pelo mais importante:
– Estou recuperado, não sinto dor.
E a dor tirou 80% dele durante aquela partida. 80% de Neymar não é pouca coisa, não.
Depois, o guri rebarbou o “mi-mi-mi” sobre a “crise psicológica” da seleção.
– Não temos de ficar pensando em pressão. Estamos jogando no quintal de casa, a torcida é nossa e temos de estar felizes dentro de campo.
Recusou o vedetismo:
– Na minha primeira entrevista coletiva na Copa, eu falei que não queria ser artilheiro da competição, craque, nada disso, só quero o título.
Defendeu o companheiro mais questionado:
-“Fred é jogador que necessita de bola, é o nosso centroavante, o goleador, temos nos cobrado muito para que a gente possa deixá-lo mais na cara de gol. Espero que nesse jogo possa deixá-lo 50 vezes na cara do gol porque sei que ele vai marcar 51 gols”.
E a equipe inteira:
–Ninguém está com problema emocional, foi um jogo emocionante e todos ficaram emocionados.
O garoto que não tremeu no pênalti decisivo, que marcou quatro de nossos seis gols e que recebe a carga de 200 milhões de esperanças se portou melhor que muito “sabichão” que espalha regras e desculpas.
Pelé chorou em 1958, ao vencer, chorou em 62 ao se machucar e não poder jogar e foi chorando abraçar Amarildo, que jogou em seu lugar, Amarildo que também se debulhou em lágrimas ao vencer o campeonato.
Que diabos tem de errado em chorar numa decisão?
E o jogo foi uma decisão, todos serão. Daquelas dramáticas.
Chorar só seria um problema se fosse no meio do jogo, quando o desequilíbrio emocional atrapalha o conjunto. Neste quesito, estamos empatados: tivemos uma superação no gol contra de Marcelo logo na estréia e um “apagão” temporário na pixotada de Hulck que deu o gol aos chilenos.
É do jogo.
Tem muita onda com esta história de psicóloga da seleção, até porque este tipo acompanhamento não tem nada de original, é usado pelas equipes do mundo inteiro, há muito tempo.
O time tem problemas em muitas áreas, inclusive nesta. E pode conviver com eles.
Mas não existe problema psicológico mais evidente do que o daqueles que “entregam a rapadura”.
Os mais novos talvez não saibam, mas nosso glorioso time de 1970 estava levando um banho de bola da Inglaterra em 1970, embora o goleiro inglês, Gordon Banks, tivesse feito uma espetacular defesa numa cabeçada fortíssima de Pelé.
Milagre lá, milagre cá, porque Félix, nosso goleiro, também fez o impossível, abafando um “peixinho” doo inglês Lee, da risca da pequena área. Ao defender definitivamente, a perna de Lee o atingiu.
O lance que se seguiu definiu o jogo. O capitão Carlos Alberto Torres deixou a bola e “catou” o inglesinho, que sumiu do jogo.
Acabou o papo de que “não tínhamos defesa”.
Coloquei os lances no vídeo abaixo.
Podia ter sido um desastre, uma expulsão que talvez arruinasse o jogo para nós.
Hoje o “capita” seria execrado pelos nossos politicamente corretos cronistas esportivos (inclusive por ele mesmo, que agora está neste papel, embora menos “light”) como um “desequilibrado” emocionalmente.
Pois o que eu acho é que o Neymar hoje “catou” a imprensa brasileira, de uma maneira muito mais elegante, quando terminou a entrevista dizendo que não tinha ninguém jogando deprimido, que acha bom o trabalho da psicóloga e sugerindo que os jornalistas também procurassem uma terapia…
Porque numa Copa como esta, onde ninguém ganha ou perde senão no último minuto do jogo, a gente só sabe uma coisa que vai dar.
Var “dar nervoso” em todo mundo.
O Neymar, hoje, foi mais gaúcho que o Felipão.
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Por essas e outras que a seleção de 1982, mesmo desclassificada, é tida por muitos como a melhor de todos os tempos. A seleção de 70 tinha Pelé, Rostão, Rivelino, mas também tinha jogadores de qualidade bem menor.
Sobre a Copa atual? é a Copa das Copas. Sobre nossa seleção atual? Tem problemas a serem superados, mas todas tem. Não vi nenhum super time entre os que ficaram. Ganhar ou perder é do jogo. O resto é bola rolando e a melhor Copa de todos os tempos, com muitos legados.
Terapia para o viralatismo do pig com excelentes resultados para todo o povo brasileiro: O MARCO REGULATÓRIO DA MÍDIA.
A melhor terapia, não tenha dúvida!
Parabéns ao Neymar e ao Fernando Brito; ambos deram respostas sensatas ao que os jornalistas esportivos estão criticando em demasia da nossa seleção. Chega a ser irritante e revoltante como os jornalistas e comentaristas criticam a nossa seleção, é um desserviço aos amantes do esporte.
Já virei fã do Neymar desde o primeiro jogo. O garoto é ótimo, tem uma cuca legal e tem jogo de cintura para lidar com nossa imprensa, que gosta de imprensar. Torço muito pela seleção e para dar sorte vestirei a camisa amarela, vestirei meu cãozinho Biel e vamos torcer aqui de casa, como a maioria dos brasileiros farão. Um grande jogo nos aguarda na sexta-feira.
Na verdade para alguns jornalistas só tratamento psicológico não resolve. Tem que ter tratamento psiquiátrico também.
Seria muito bom que esse vídeo fosse analisado pela mídia, para mostrar que a seleção em questão também fazia erros grotescos. Mas esses foram todos esquecidos. E tem o jogo com o Uruguai nessa mesma copa, no qual o Brasil, em determinado momento, levou verdadeiro "baile". Isso não desmerece aquela equipe, apenas observa que não havia semi-deuses como a imprensa tenta colocar.
A imprensa brasileira não precisa de psicóloga, precisa de caráter.
Respostas planejadas. "Neymar, se te perguntarem isso, responda isso ok?" Está borrando de medo de perder.
Um menino pobre que deixou de ser pobre, mas continuou menino.
Não acho nada de mais em chorar após uma grande vitória ou derrota. Mas o que está acontecendo na seleção brasileira é bem mais complexo. Na entrada da seleção em campo dá pra ver nitidamente os olhos cheios de lágrima do Thiago Silva ( capitão ), no jogo contra o Chile. Canta o hino e choram. Tudo bem nesse caso. Vai cobrar penalti e mais choro. É visível que os jogadores estão muito sensiveis. Na minha opinião esta carga emocional vem de longe, quando a imprensa ( sic ) nacional deitou e rolou em detonar a copa. Tudo de ruim iria acontecer. Isto criou um clima péssimo em toda a sociedade e nos próprios jogadores. É nítido também que o time não está na técnica nem na tática. O Felipão que me desculpe, mas em termos de táctica é medíocre. Ele é o grande paizão, família, conciliador,e etc..., mas técnico no sentido da palavra, não é mesmo. Os jogadores sentem isto e se fragilizam. Qualquer pessoa que entenda de futebol observa que o time não tem padrão de jogo algum. São um bando de jogadores em campo e tome bola pro Neymar resolver a parada. Não tem meio de campo.
80% do nervosismo deve ser debitado da conta da imprensa, que vem tentando desqualificar a seleção. Como não conseguiram o #nãovaitercopa , escolheram a seleção para jogar sua artilharia. Os outros 10% foi o por conta do erro do Hulk e os outros 10% da irritação com o juiz , que estava mal intencionado.O Parreira já disparou as suas desconfianças na FIFA. Tudo que a FIFA quer é que a Holanda seja campeã.