No Sindicato Médico do RS, sai Hipócrates, entra o hipócrita

A matéria da amiga Conceição Lemes no Viomundo, embora muito bem apurada, enche a gente de tristeza.

O presidente do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul, Paulo Argollo Mendes, mandou pendurar uma imensa faixa dizendo que a “importação” de médicos era uma “enganação”. Decerto, pela notícia que seriam admitidos médicos cubanos no Brasil.

Bem, mas o Dr. Argollo poderia ser apenas mais um dos dirigentes corporativos médicos que, insensível aos problemas da população, estivesse defendendo a “reserva de mercado” na Saúde.

Mas ele é pior.

Dois filhos do Dr. Argollo se formaram em Medicina no exterior. Justamente em Cuba,  no Instituto Superior de Ciências Médicas de Camagüey.

Estudaram lá a partir de 1997, um ano depois de ter expirado o acordo firmado no Governo Geisel (seria Geisel um comunista pró-Cuba?). em 1977,  que previa o reconhecimento mútuo entre Brasil e Cuba na formação de profissionais médicos.

Quando os filhos do Dr. Argollo se formaram, precisaram revalidar o diploma para  poderem ter registro. E o Dr. Argollo firmou em cartório a declaração aí ao lado, reconhecendo a óbvia qualidade dos serviços e da pesquisa médica em Cuba.

Com a mesma mão que pendurou a faixa lá de cima.

Você vai ler na matéria da Conceição Lemes os detalhes e as explicações – se é que merecem esse nome – do Dr. Argollo.

Nelas, transborda hipocrisia.

O Dr. Argollo não é um caso de ética.

É de caráter, mesmo.

É de dar vergonha pelos médicos, e de dar vergonha pelos gaúchos, que conheci  cultuando os valores da honra e da dignidade e enchendo os pulmões para cantar seu hino: “não basta pra ser livre/Ser forte, aguerrido e bravo/Povo que não tem virtude/Acaba por ser escravo”.

Fernando Brito:

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