Nogueira: A Veja é uma olavete

Paulo Nogueira é um artista. Seu último texto para a Carta Maior consegue a proeza de ser ao mesmo tempo uma denúncia gravíssima sobre o estado da mídia brasileira e uma peça de humor. O blogueiro é direto, conciso e impiedoso em sua análise sobre Joaquim Barbosa:

Joaquim Barbosa é um homem mau. Poderia estar na lápide de Barbosa: “Foi um homem mau”. Seria justo.

Para quem acompanha os últimos acontecimentos, a afirmação de Nogueira é uma verdade cristalina. É tão direta e verdadeira que chega a ser engraçada. O riso que o texto provoca, no entanto, é um riso de nervoso. Afinal, é sempre apavorante constatar que a autoridade suprema do judiciário de um país é um homem desequilibrado e… mau. Isso é o pesadelo maior de um democracia: a usurpação do poder soberano do povo por um grupo de pedantes, juízes ou não, que não são escolhidos pelo sufrágio universal.

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Olavo de Carvalho ocupou a Veja

A presença de Olavo de Carvalho é visível a 10 mil quilômetros. Basta ver as contratações feitas pela publicação nos últimos meses.

Por Paulo Nogueira, na Carta Maior.

Bandeira de Mello fez uma das melhores definições de 2013, pela brevidade e pela acurácia: Joaquim Barbosa é um homem mau.

Poderia estar na lápide de Barbosa: “Foi um homem mau”. Seria justo. Finalmente Joaquim Barbosa e a justiça se encontrariam, e juntos permaneceriam per omnia seculae seculorum.

Existem coisas na mídia para as quais a definição de Bandeira de Mello sobre JB se aplicam perfeitamente.

São muitas, aliás. Mas nenhuma marca se equipara hoje, em maldade, à revista Veja. Sua alma é má. Os defeitos são inumeráveis, e as virtudes simplesmente desapareceram.

Se alguém acredita no céu ou no inferno das revistas, a Veja vai rumar direto para os braços de Lúcifer. É uma revista canalha. Já que falamos de lápides, poderia estar escrito isso na da Veja: “Foi uma revista canalha”.

Nos dias de hoje, a canalhice se traduz em coisas como a caça impiedosa, assassina e abjeta a Dirceu.

No último almoço de final de ano da Abril em que Roberto Civita estava vivo, um grupo de editores da Veja ria e vibrava, com o sadismo do celerado, com a perspectiva de ver Dirceu preso.

Ninguém estava ali discutindo como esticar a vida de uma revista que vende cada vez menos e capta cada vez menos anúncios na Era Digital, por razões óbvias.

Não, os cérebros estavam concentrados em antecipar o sofrimento de Zé Dirceu, e se regozijar com isso como era comum com oficiais nazistas nos fornos dos campos de concentração: a alegria na miséria alheia.

Onde a Veja se perdeu?

Ela não foi sempre esse horror, essa escória. Trabalhei lá em boa parte dos anos 1980, e era uma revista admirada pelos brasileiros. Conservadora, mas digna como é, por exemplo, a Economist.

Você pode fazer jornal ou revista de direita sem descer à ignomínia abissal. Você pode ser de direita sem ser um predador.

Burke, o grande liberal inglês, é uma pequena mostra disso. Num de seus grandes ensaios, Burke reprova a Revolução Francesa pela cavalheiresca razão de que homem nenhum acudiu Maria Antonieta quando o povo revoltoso a insultou em Versalhes.

Mas a Veja enveredou pelo direitismo predador. Não é Burke que a governa em seu conservadorismo, como acontece com a Economist. É Olavo de Carvalho, o mistificador que se autoproclamou filósofo depois de ler os astros como astrólogo.

A Veja é hoje uma olavete.

A presença de Olavo de Carvalho é visível a 10 mil quilômetros. Basta ver as contratações feitas nos últimos meses. Dois discípulos entusiasmados de Olavo de Carvalho foram incorporados aos quadros da revista: Rodrigo Constantino, o ‘reaça-econômico’, e Felipe Moura Brasil, o ‘reaça-engraçado’.

Isso para não falar em Lobão, o ‘reaça-iconoclasta’, outra aquisição recente da revista que repete bobagens de Olavo de Carvalho como se estivesse citando Platão.

Olavo de Carvalho ocupou a Veja. Por que não contratá-lo diretamente, em vez de povoar a revista com seguidores pedestres?

Por covardia.

A revista não quer correr o risco de colocar Olavo de Carvalho em pessoa em suas páginas, por ser um nome universalmente abominado e desprezado fora de um pequeno círculo de extrema direita – aquele para o qual a Veja fala hoje.

A Veja 2013 é uma olavete.

Repito: é uma olavete. E da pior espécie: a olavete envergonhada e covarde.

Fernando Brito:

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  • A única coisa boa nas aquisições da Veja é o fato de mostrar bem a sua decadência moral e física. É terrível saber que se mata árvores para fabricar um lixo desse, isso deveria ser fabricado com estrume que é sua essência.

  • A única coisa boa nas aquisições da Veja é o fato de mostrar bem a sua decadência moral e física. É terrível saber que se mata árvores para fabricar um lixo desse, isso deveria ser fabricado com estrume que é sua essência.

  • É duro saber que uma máquina insana de difamação e politicagem toda semana circula materializando o vilipêndio, envenenando incautos. É um desserviço para a democracia.

  • sai cachoeira e entra olavo de carvalho. acho que a troca foi pior. afinal, cachoeira é bandido e não se traveste de filósofo.

  • Não tenho a menor dúvida que a veja faz parte do PIG e deslavadamente tem feito e tudo para derrubar que na minha opinião se ela de fato quisesse o bem do Brasil era apontar seus canhões ao Partidos que sobrevivem à sombra do Governo como PMDB, PP, PR e tantos outros que tem o poder parlamentar e engessam os avanços que o PT deseja ver implantando no País que de tão oportunistas incorporaram na sua propaganda os ganhos implementados pelo como seus.

  • Esta revista, precisa urgente de um "oculista" para examinar sua visão empresarial, e o "Cu", de suas cagadas com seus leitores,

  • sai cachoeira e entra olavo de carvalho. acho que a troca foi pior. afinal, cachoeira é bandido e não se traveste de filósofo.

  • A escória da Abril está em fase terminal. Diariamente, recebo, como a maioria dos brasileiros, um ou mais e-mails me convidando a assinar esse lixo. Ok, a maioria das publicações impressas está perdendo leitores, assinantes. Mas nada se compara ao que ocorre com essa revista, que, aos poucos, vai se tornando símbolo do que há de mais reacionário e preconceituoso neste país. Muito em breve, afirmar-se leitor da Veja será o mesmo que ser fumante: Haverá um lugar reservado, pequeno, sem janela, onde esses leitores terão de se dirigir, a fim de não prejudicar a saúde dos demais. É nisso o que a Veja está se convertendo, em algo tão nocivo, tão corrosivo, tão anti-natural, que quem ainda se alinhar com seu conteúdo terá de se esconder para não ser banido de vez. Mas é bom: tomara, mesmo, que os editores contratem mais soldados estúpidos, para rechear as páginas minguantes de mais e mais bobagens, porque a conta é exponencial: mais porcaria, menos leitores; menos leitores, menos grana, menos grana, menos colunistas, menos revista, e, um dia, adeus revista,

  • Assino a Carta Capital. Moro numa cidade do interior. Nos últimos três meses, minha revista CC tem vindo num plástico com anúncio da "veja encalhe canalha". Chega a ser patético. Ela morreu e já sabe.

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