Experiência não lhe falta para avaliar: Paulo Nogueira Batista foi, por oito anos, diretor do FMI -representando o Brasil e outros países – e ainda um dos vice-presidentes do banco dos Brics, em Xangai, por mais dois anos.
No vídeo que publico abaixo ele trata da desastrosa trajetória da diplomacia brasileira desde a posse de Jair Bolsonaro, que nos transformou em verdadeiros párias no mundo, abandonados até pela Master’sVoice de Donald Trump que, aliás, acaba de dizer que seguirá enviando a cloroquina proibida pelo órgão regulador para uso por lá.
No pós-pandemia, no mundo em reorganização, tudo isso vai nos fazer falta, muita falta.
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Que Bolsonaro e Trump são bandidos todos sabemos. Que a imagem do Brasil está no esgoto também não resta dúvida. Mas essa questão da cloroquina é uma das coisas mais ridículas que existem. Um remédio em uso há 70 anos, de repente virou veneno para muita gente. Tá na cara que o que existe é uma guerra de laboratórios, que não estão nem aí para o que cura ou o que não cura.
Não, não se trata disto. Médicos não ganham um centavo para prescrever a droga, principalmente na rede pública, e a droga é barata demais para virar guerra de lucros da grande indústria -- embora possa trazer ganhos na revenda. A questão é que cloroquina e derivados, apesar de seu uso há décadas, nunca deixou ou deixará de ser um medicamento com efeitos colaterais acentuados. É usada com comedimento e sob vigilância clínica e laboratorial, pois pode causar alterações graves no funcionamento cardíaco, hepático e renal, alterações na córnea e retina (no uso mais prolongado), dispepsia (náusea, vômito e irritação do estômago), dor muscular, neuropatias, vertigem, confusão e psicose, anemias graves (hemolítica e aplásica), alterações cutâneas, além de ser contra-indicada em portadores de algumas doenças crônicas. Nossa, então como podemos usar tal droga? Simples, fazemos uso em situações com benefício sabidamente conhecido (malária, artrite reumatoide e lúpus, que são doenças muito graves e bem estudadas) e maior que o risco de tais efeitos colaterais, além da vigilância já citada. Usá-la em uma situação em que pouco se conhece da doença e onde, se há algum benefício, é duvidoso ou restrito a muito poucos, é erro crasso de conduta ou fazer pacientes de cobaias, o que configura crime quando é feito fora da condição de estudos. Sem contar que cria uma situação insustentável, pois se você perde um familiar que recebeu cloroquina e sofreu uma arritmia cardíaca fatal, sempre restará a dúvida: foi a Covid-19 ou o medicamento? Se há esta possibilidade, será que se não tivessem dado o remédio ele poderia estar vivo? Eu não gostaria de viver com estas sombras pelo resto da vida...
Meu jovem de mais de 70 anos você usa porquê? Qual é a sua doença? Viu 70 anos, não tem nada a haver com a epidemia de hoje, então não fale o que naõ tem certeza
Não sou médico... vou só dar um palpite de alguém com bom senso...
Os efeitos colaterais já eram conhecidos. Ataca o coração. Pra quem está sem oxigênio, a demanda do coração é muito maior. O que acontece quando você corre tanto que lhe falta oxigênio? E se você estiver com 50% da sua capacidade respiratória comprometida? Como fica o seu coração? E se você estiver entubado? Agora adicione um remédio que aumenta as chances de ataque cardíaco...
Até o momento tem alguma comprovação científica da eficiência da Cloroquina no tratamento da COVID-19? A resposta é um retumbante NÃO. Você já demonstrou reiteradamente que tem um bom nível cultural e intelectual, então, não nos decepcione com este tipo de leviandade.
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