Novo ‘Rachadão’ bolsonarista vai ficar no “e daí?”

A Justiça do Rio de Janeiro mandou hoje parar a entrega de dinheiro, na boca do caixa, a nada menos que 27.665 pessoas que, sem concurso nem registros oficiais “trabalhavam” para o Governo do Rio de Janeiro, já receberam R$ 226,4 milhões em dinheiro vivo, mediante ordens de pagamento. Até o final das eleições, segundo o Ministério Público, o valor poderia chegar a R$ 615 milhões até o fim do ano, informa a reportagem do G1.

É o maior escândalo de desvio de recursos da história do Estado para pagamento de cabos eleitorais e há na mídia várias denúncias, gravadas, de que o dinheiro em espécie era depositado ou entregue pessoalmente a indicados da diretoria do órgão que operava o esquema, segundo testemunhos gravados por vários deles e até por funcionários de uma agência do Bradesco, onde sacavam o dinheiro e, segundo diz o bancário, depositavam em envelopes para os verdadeiros destinatários dos recursos.

As contratações se dão pela Fundação Ceperj – em tese um centro de estudos, seleção e treinamento de servidores púplicos. E o Ceperj, adivinhem, é dirigido por pessoas ligadas ao deputado bolsonarista Rodrigo Amorim, do PL – aquele famoso por quebrar, junto com Daniel Silveira, uma placa em homenagem a Marielle Franco.

Há mais de um ano, o RJTV da TV Globo mostrou como Amorim contrata equipes de propaganda de rua usando o Ceperj. Numa das imagens exibidas, eles confraternizam com ninguém menos que Fabrício Queiroz, o impune operador das “rachadinhas” de Flávio Bolsonaro. Captou, divino mestre?

A denúncias dos “funcionários secretos” surgiram há duas semanas, quando o UOL revelou uma planilha identificada com o nome “Governador”, onde eram registrados pagamentos de R$ 301 milhões para 9 mil contratados “anônimos”, que seriam “agentes de empregabilidade”, pelo visto a da própria.

Todos os mandantes são, claro, ligados ao governador Cláudio Castro, do partido de Jair Bolsonaro.

Não são trocados, são milhões, mas até agora foi pouca a atenção da grande mídia diante de um caso que, pela quantidade de valores e pessoas envolvidas, não pode ter outro nome senão “rachadão”.

Fernando Brito:
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