Evo Morales, na manhã de ontem, havia anulado as eleições das quais saída vitorioso, com dez pontos de vantagem, para convocar um novo pleito.
Era, evidente, uma derrota política a que ele se submetera e não há dúvidas de que enfrentaria uma oposição unida e forte, enquanto seus partidários tenderiam a murchar, abatidos por um reconhecimento implícito de que a vitória anterior estava maculada.
Questão de dias – um mês, provavelmente – para que se fizesse nova eleição e o país transitasse, em relativa paz, para um regime de direita.
Mas os líderes conservadores mostraram disposição zero de manterem-se dentro das regras democráticas.
A Polícia virou sua tropa, estimulando e garantindo barbaridades como a de queimar casas de líderes políticos e ministros do governo (prestem atenção nisso, adeptos dos “escrachos” e no que isso legitima) e o Exército apresentou, com vírgulas e linguagem “gentil” uma ordem a Morales: renuncie.
Numa palavra: entre o poder sem golpe e o com golpe, escolheram o segundo.
Não creem numa reação violenta de envergadura dos 47% que votaram em Morales e ou que dispõe das forças militares ou paramilitares para sufocá-la, se ocorrer. E a a falta de algum tipo de resistência organizada parece dar-lhes razão até agora.
Assim que se acertarem internamente, convocarão uma eleição do derrotado Carlos Mesa como candidato único – na prática, embora possam haver “nanicos” na disputa – ou de dois candidatos de direita, se tiverem crescido a tanto os apetites do líder “cívico” Luís Fernando Camacho, um fundamentalista que se comprometeu a “levar Deus e a Bíblia” de volta ao palácio presidencial.
É pouco provável que a maioria pró-Evo seja capaz de apresentar um candidato, o clima de violência e intimidação é grande demais para isso.
Os eventos na Bolívia, a seguirem na marcha em que estão – as informações da imprensa não são suficientes para que se veja o que se passa na Bolívia profunda – servem de alerta para que se veja – se é que o que vimos aqui não bastou – que a democracia na América Latina não é uma construção segura, mas um objetivo a conquistar.
Os tempos são outros, mas nem tanto, como se viu.
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Tudo ainda é obscuro na Bolívia. Só o tempo dirá como vão reagir os partidários de Evo e qual será o peso de cada força nesta equação.
Concordo. A volta do tradicional golpe militar sinaliza que a direita é caoaz de tudo para barrar a volta da esquerda ao poder no nosso Continente. A reação ao golpe por parte dos partidários de Morales já deveria está ocorrendo antes que os golpistas tomem as rédeas total da situação. O fantasma do golpe militar volta a pairar sobre toda a América, mas ainda sobre o Brasil governado por uma extrema direita bolsonarista com forte apoio militar e sem qualquer tipo de escrúpulo.
Evo Morales liderou uma rebelião em Cochabamba com os indígenas contra a privatização do sistema municipal de águas. Enfrentaram a polícia e o exército por meses e venceram. os indígenas são organizados na Bolívia. Eles têm condição de se opor. Não sei se farão. Se o fizerem, o controle por parte do Estado policial que se instalou derramará sangue.
Se isso ocorrer, veremos que a mídia comercial brasileira fará de conta que a Bolívia é vizinha da Papua Nove Guiné e nada noticiará.
Naturaliza se a violencia contra quem rouba um celular mas quando rouba um pais... Ja disse. Agir com violencia EXTREMA. Sao frouxos esses branquelos e a policia cagona. E os milicos e so tomar os coturnos q o Evo comprou p eles e jogar no Titicaca
Quando Evo correu ao Supremo de lá para revogar um plebiscito um muro da casa dele caiu e deu o pretexto até legítimo para a direita bandida agir. Somos analfabetos em Bolívia, mas de longe, sabemos que isso quebra o vínculo democratico. Que os indígenas resistam e mantenham o partido de Evo na disputa. É golpe.
Bolívia ,além de não ter saída ao mar ,não tem petróleo,tem gás,mas,isso lhe interessa ao império? porém ele tem muito Lítio .
Se estima que entre Chile,Argentina e Bolivia tenham perto de 70% das reservas mundiais.
Eles mandam no Chile,já exploram o lítio na Argentina desde os tempos de Cristina Kirchner,mas,parece que en Bolívia não conseguiam meter suas patas comodamente.Eis uma das variavéis que interesam ao império neste GOLPE,mas,tem outras ,sem dúvidas.
EUA nos bastidores, como de hábito.
EUA nos bastidores, como de hábito.
1 - Os capitalistas internacionais querem o lítio boliviano a preço vil, se possível de graça.
2 - O exército boliviano não se interessa pela manutenção da democracia.
3 - A elite boliviana nunca se conformou em ter um índio como presidente, preferem a ruína moral e econômica a isso.
1 - Os capitalistas internacionais querem o lítio boliviano a preço vil, se possível de graça.
2 - O exército boliviano não se interessa pela manutenção da democracia.
3 - A elite boliviana nunca se conformou em ter um índio como presidente, preferem a ruína moral e econômica a isso.