O Brasil não quer ser selvagem. Porque liberdade não é selvageria

Punir a agressão, o preconceito, a injúria racial e  social não é um ato de ódio ao agressor ou ao racista.

É uma tarefa civilizatória, porque é pedagógica.

Ensina aos integrantes de uma sociedade que não se pode incitar ao ódio.

Ontem, todos nos chocamos com a pesquisa do Ipea que revelou que a maioria dos brasileiros acha que a roupa usada por uma mulher poderia justificar ataques sexuais.

É o resultado tanto da falta de punição aos abusos sexuais quanto, também, de uma mídia que estimula a erotização do corpo como a essência das relações humanas.

Não importa, porém, o quanto alguém se sinta provocado, simplesmente não pode atacar  outra pessoa e ponto.

Duas boas notícias, entretanto, estão aí para ajudar a mostrar que nem mesmo no campo das palavras se pode aceitar o desrespeito.

O Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, aceitou o pedido da bancada do PC do B para abrir uma investigação sobre Raquel Sheherazade e o SBT por  defenderem, num meio de comunicação público, o acorrentamento de um rapaz a um poste.

Não é o caso de discutir se “merecia” ou “não merecia”, como no ataque sexual: não se pode fazer e ponto.

A outra é a demissão do co-piloto da Avianca que xingou o povo nordestino de porco em seu Facebook, por ter sido mal atendido num restaurante. Podia reclamar o quanto quisesse do restaurante, não dizer que os nordestinos são porcos.

Aliás, fez pior, porque quando começaram as reações disse que “O Brasil é outra grande merda em geral”.

É uma pena que tenha perdido o bom emprego, mas não é compatível com a dignidade humana nem com a função que desempenha num país que, finalmente, está a caminho de tornar a aviação comercial um serviço democrático, com um recorde 89 milhões de passageiros transportados ano ano passado, boa parte deles nordestinos.

Este país e seus profissionais, sejam pilotos, sejam médicos, sejam professores como os do “aeroporto perdeu o glamour”, tem de aprender a respeitar todas as pessoas, seja qual for sua etnia, origem ou poder aquisitivo.

 

 

 

Fernando Brito:

View Comments (28)

  • Esse piloto é um doente mental. É capaz de causar uma desgraça com seu descontrole. Mais um com deficit civilizatório.
    Não tem qualquer condição psicológica de exercer o oficio de piloto que envolve situações de estresse. Se contrariado com o erro cometido no restaurante agiu assim, imagine pilotando um avião em pleno ar. E se cheio de nordestinos então...
    Se a AVIANCA não o demitiu, deveria, pois de agora em diante pode ser responsabilizada por um ato criminoso cometido pelo seu preposto que demonstrou total incapacidade para pilotar até carrinho de mão.

  • O cara falou mal de João Pessoa!
    Sou carioca, filho de cearense e fui duas vezes a João Pessoa, fui muito bem tratado, como em qualquer lugar do Nordeste - se tiver condições vou morar em João Pessoa quando me aposentar.
    Esse piloto está com problemas psicológicos. Só pode!
    E mais, se pediu peixe, espera e come devagar, se não se engasga com a espinha (mesmo em filet).
    Sugestão pra quem for a João Pessoa, procure experimentar um camarão à maré morta (um risoto de abacaxi), além das praias - em especial a Praia do Coqueirinho. Maravilha.
    Ah, o piloto, agora ele vai ter bastante tempo pra pescar e se acalmar.

    • Luciano, eu sei qual é o distúrbio psicológico dele: coxismo agudo. imagina se ele passa mal e tem que ser atendido por um médico Cubano? rs.

  • A Avianca está contratando qualquer um, mesmo que seja mediocre, para pilotar uma aeronave cheia de passageiros?
    Vou me lembrar disso quando tiver que escolher uma companhia aerea.

  • O piloto foi demitido, deletou a mensagem, pediu desculpas tentou se retratar mas não adiantou. Provavelmente depois dessa sua carreira na aviação civil está encerrada. Isto serve p/ reflexão do que significa escrever idiotice sem pensar e achar que nada acontece.

  • lamentavelmente esse piloto representa uma boa parcela dos sociedade brasileira: preconceituosa, inculta, ignorante e arrogante..precisamos urgentemente de um salto civilizatório..
    Parabéns pelo artigo..

  • Caraca, nessa aí o co-piloto se lascou! Até admito que o cidadão tenha sido mal atendido, porque isso acontece em qualquer lugar, inclusive em Paris ou Londres, guardadas as devidas proporções. Mas, se inteligente fosse, o rapaz teria divulgado outra coisa, mais ou menos assim: "No restaurante x aconteceu o seguinte fato (deitaria a lenha no restaurante). Por isso, acho que os turistas não merecem este tipo de tratamento, totalmente oposto ao que é propiciado pela grande maioria do hospitaleiro povo nordestino". Que tal a sugestão?

  • Advinha de onde esse palhaço é? Do Sul do Brasil, da tal República dos Pampas... Esses idiotas de olhinhos azuis não percebem que caso conseguissem uma secessão, seriam engolidos pela Argentina num piscar de olhos!

  • Sou crítico ferrenho do PT e do governo Dilma, mas repudio esse tipo de comentário. Independente de onde moramos, somos iguais, merecemos respeitar e ser respeitado. Concordo que é uma pena que ele perdeu o emprego, mas era preciso que ele fosse punido. Uma lição que, garanto, ele jamais vai esquecer.

    • Desculpe-me Sr. Salvatore, mas o que o PT e o governo Dilma tem a ver com o o preconceito do co-piloto aos nordestinos? A troco de que o Sr. evocou o PT e Dilma?

      • Ora, Benjamin, porque ele é uma cavalgadura.
        Você acha que o palhaço aí vai perder qualquer chance de colocar o PT na jogada?
        Se o restaurante é ruim, é claro que a culpa é da Dilma. E, se o restaurante é no Nordeste, pior: é óbvio que o Lula tem culpa também.
        A única coisa que o Salvatore conseguiu na vida foi a indigência intelectual. Pô, Benjamin, você quer tirar isso dele?
        []'s

  • Sou brasileiro, nasci no Paraná e morei boa parte da infância e adolescência em São Paulo, atualmente moro no Estado de Mato Grosso. Estive no Nordeste uma única vez e achei o povo maravilhoso, fui super bem atendido. Poderia ser, embora no meu caso não tenha acontecido, que não ficasse satisfeito com o atendimento de algum estabelecimento comercial, mas o caso seria criticar o atendimento daquele estabelecimento específico (e, ainda assim sendo comedido com as palavras), mas não usar o caso para dar vazão a um ódio interno e racial, já existente no interior da pessoa e que apenas buscava qualquer pretexto para se manifestar. Pior que além da mídia existem milhares de paginas no facebook que destilam ódio e preconceito. Espero que seja uma fase de transição e que essa quase histeria coletiva de um segmento da sociedade passe.

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