O Brasil que não pode dar certo. Por Nilson Lage

Países, como as pessoas, são aquilo que pensam ser.

Olhem para esses tribunais estúpidos, parlamentos sinistros, governos opacos e corruptos. Para essa legião de imbecis subalfabetizados gritando “petralhas”, “esquerdopatas”, ao som da George Soros’s Band.

Não há autoestima que resista.

A Petrobrás e a engenharia pesada brasileira consumiram, para ser implantadas, o tempo de minha vida. Eu era bebê e Monteiro Lobato proclamava a existência de petróleo no Brasil. Eu era menino de colégio quando marchei em passeata, com estudantes mais velhos e trabalhadores, liderados por honrados generais, gritando por uma solução, diante da recusa dos americanos de extrair petróleo de nossas jazidas.

De então até agora, o que foi uma escassa reserva terrestre tornou-se imensa riqueza submersa, que descobrimos, acessamos e exploramos com tecnologia própria.

Foi quando nasci que Gustavo Capanema estruturou a primeira universidade federal brasileira.

Pior ainda: quando meu pai limpava latrinas, cuidava do gato e esvaziava as escarradeiras, lutávamos pelas oito horas de trabalho.

Quando meus avós paternos chegaram ao cais do porto, fugindo das crises da Europa, sonhavam com uma nova pátria de que pudessem se orgulhar.

Meus bisavós paternos, pais da mãe da minha mãe, sonhavam, decerto, na tribo que se destroçava, em recuperar a identidade perdida.

Somos hoje um país que sabe que é inútil tentar qualquer coisa porque, se der certo, eles tomam.

Bernardo:

View Comments (18)

  • A elite quer continuar com foro privilegiado eternamente. Tem medo da democracia. Cultiva pensamento de casta. Justiça politizada por esta é pura pocilga. Estamos na República dos porcos.

    • E o pior de tudo, é que tem muitos imbecis que ajudam a elite. Não são, mas se acham tais. E estes imbecis, alguns deles frequentam este blog. E eles sabem quem o são.

  • A eterna busca de uma identidade. Como cantava Renato Russo: Que país é esse?

  • O ideal do pensamento de casta é manter- se fantasiado de falso moderno. O Brasil é agro. Agro é tech. Agro é tudo. Essa é a missão da elite de casta em ordem à Globo: levar o Brasil à República Velha. É a volta ao domínio agrário, à economia exportadora. Colocam um verniz nos novos coronéis. Mercado interno forte, expressão do trabalho técnico, de vanguarda, requer democratização do poder. O pensamento de casta teria que ser removido. O Senado é a casta, é a Lei Kandir, é a reprimarizacao econômica. O Congresso é agro. Agro e8 tudo. Tá na Globo.

  • "Olhem para esses tribunais estúpidos, parlamentos sinistros, governos opacos e corruptos". Eu diria, caro professor Lage, que temos também tribunais e parlamentos corruptos. Se não em sua totalidade, pelo menos a maioria dos parlamentares e juízes também devem são corruptos.
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    O que explica termos quase quatro centenas de deputados que votaram a favor de um impedimento inconstitucional de uma presidente, uma vez que todos eles sabiam o tamanho da instabilidade institucional em que sua decisão iria jogar o nosso país. Para mim, só pode ser o fato de que eles preferiram rifar o futuro de 180, 190 milhões de brasileiros a entregarem seus pescoços à Justiça.
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    O que explica 6 dezenas de senadores fazerem o mesmo que o grande bando de deputados golpistas, se não o mesmo motivo que levou a maioria da Câmara a aprovar o impedimento? Corrupção. Se não aprovassem o descarte da presidente, seriam chamados à Justiça pelos enviados divinos, Moro e seus procuradores para explicarem seus dinheiros mal havidos.
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    O que explica uma instituição cuja função primordial é garantir a vigência da Constituição, condescender com a conspurcação da Carta Magna da nossa nação. Corrupção, creio eu. Parte dos ministros do STF, a maioria, provavelmente, deve ter alguma mácula em sua conduta que os levou a aceitarem e, mais que isso, validarem o golpe de Estado. Ficaram com medo de que essas máculas fossem expostas pela mídia.
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    Infeliz e contraditoriamente, é o combate à corrupção que nos levou e está nos levando ainda mais a um buraco sem fundo.

    • Não é o combate à corrupção que nos leva ao buraco. Seria um "erro honesto", levar a cabo uma limpa generalizada do meio político. Aqui temos uma "limpa seletiva": limpe-se os tons de vermelho, e o verde e amarelo real das almas daqueles que amam o país. Mas o azul da aristocracia velha há de ficar intocado até o fim dos tempos. O vermelho e branco, das listrinhas daquela bandeira maldita, então, nem se fala!

      Os coxinhas estão batendo palmas para o Moro porque ele está "prendendo ricos", esquecendo do detalhe que eles saem livres, contanto que delatem um petista. Os coxinhas aplaudem os deputados e senadores malucos, esquecendo o detalhe que eles só querem é "acabar com essa porra". Eles aplaudem o Temer, como se esse fizesse coisas pelo país, e não pelo bando de saqueadores com quem sempre esteve associado. Eles aplaudem as medidas dos economistas de banco na economia, ignorando o detalhe que as medidas esquizofrênicas que são tomadas só vão atolar o país cada vez mais na merda. Gritam pela independência nacional, enquanto aqueles que lhes agradam no meio político entregam o patrimônio nacional com as duas mãos.

      Isso é o que está nos levando ao buraco sem fundo. A corrupção é, como sempre, só a desculpa para o desmonte. E perdemos a briga, porque nosso povo sempre capitula ao próprio destino. Temos líderes, mas não temos soldados. E nossos líderes estão sendo abatidos, um a um... Dá-lhe mais quarto de século de trevas antes que se possa ter esperança novamente. Assim perdemos o bonde da história... de novo.

  • Triste, mas verdadeiro. Os resultados das últimas eleições mostram isso claramente. Êta povinho burro que gosta de votar em patrão.

  • Acabemos com a globo ( e o resto da mídia podre) e o Brasil melhora. Se não for possível então vamos parar de ligar nos seus canais e dar valor ao que é nosso e genuíno. A estupidez que é lançada todo dia em nossas casas já criou uma população sem nenhum senso crítico e que se guia pelas mentiras ou interpretações distorcidas de fatos ( políticos principalmente, mas também de várias naturezas) e direcionada em seu pensamento. George Orwell não teria feito melhor. Somos hoje uma nação de ( vídeo)tas.

  • O Brasil tem um caldo acidificado e sulfuroso que destrói qualquer nação, um povo alienado, semianalfabeto, milhões de crentes ouvindo pastores picaretas e acreditando nas imagens e som manipuladores da rede Globo que domina e chantageia os governante ao seu bel prazer. Como resultado elegem um congresso daqueles que mais aparecem na TV e mais distribuem santinhos e promessas de honestidade. Não conheço um sistema legislativo e judiciário mais corrupto que o Brasileiro. Somente uma revolução a modo do Mao, como ocorreu na China, pode consertar um pais com classe dominante apodrecida.

  • justi$$$azinha de mmmeeeeerrrrddda!
    E mais previsível do que as bandalheiras da quadrilha de mafiosos que tomou de assalto o Brasil!

    O EX "supremo decano valentão" desengasgou das pelagens grisalhas fedorentas do 'gatinho angorá do caranguejo libanês MT'!
    Agora, o Ex "valentão supremo decano" passará a contar os minutinhos para correr para o abraço do 'kojac Careca plagiadora brilhante' na Chalana Champanhe...

    O STFede absolutamente 'DESmoroLIZADO'!

    Leite derramado:
    o que restava do Brasil acabou!
    'Nois' estamos, definitivamente, no Inferno!
    Falta, apenas, acender a luz!
    E o último que sair providencia a derradeira descarga!

  • A elite econômica do Brasil sempre foi corrupta, entreguista e descrente da capacidade do brasileiro de construir um país. Foi assim no Brasil Colônia, depois sob "jurisdisção" britânica desde 1808 até os anos 20, quando os novos "patrões" passaram a ser os estadunidenses. Os únicos que tiveram um projeto de país foram os militares do "tenentismo" e a esquerda que buscava uma "revolução burguesa" como caminho para que, em futuro ainda distante, viesse o socialismo. Os militares foram em parte desvirtuados pela formação dada aos oficiais pela Escola Superior de Guerra, a partir de 1948, com dinheiro, professores e linha pedagógica estadunidense. A burguesia nacionalista, vacilante, foi destituída do Poder pela decidida burguesia entreguista e seus "patrões" na retaguarda do Golpe militar de 1964. O que foi construído de brasileiro foi cuidadosamente destruído: o conglomerado de indústrias Matarazzo, a Panair, a vigorosa ascensão da indústria eletrônica foi aniquilada pelos benefícios dados para as multinacionais (e negado para as nacionais) implantaram suas fábricas na Zona Franca de Manaus. O entreguismo apenas não foi absoluto durante a Ditadura pois velhos oficiais desconfiavam dos estadunidenses, e tiveram suas suspeitas contra eles confirmadas pela enorme dificuldade que tiveram em conseguir tecnologia para construir centrais nucleares que dessem ao Brasil independência militar e energética. Foi preciso um acordo do General Ernesto Geisel com a Alemanha Ocidental contornando a oposição da Casa Branca. Mesmo assim, o "lobby" estadunidense no Congresso Nacional fez com que sempre faltassem recursos para a concretização do acordo, e apenas 2 das 9 usinas projetadas saíram do papel. Depois da Ditadura, apenas à partir do fim da inflação que o país pode pensar em um rumo. E, nas mãos da burguesia, tal rumo foi a subordinação aos estadunidenses durante o período FHC. Apenas com Lula, o Brasil pôde retomar o caminho para os seus "altos destinos", como dizia Juscelino. Ao final, e tibieza política petista em enfrentar os golpistas fez com que chegássemos a situação atual, com a provável destruição definitiva do projeto do Brasil como nação independente. Resta a lição aos nacionalistas e a esquerda: não há acordo possível com a elite brasileira. No Poder, deve ser implantado o projeto nacional, e quem resistir a sua implantação deve ser enfrentado do modo com que quiser ser enfrentado. Política deve ser respondido com política. Violência deve ter como contrapartida a violência.

  • Faço minhas as suas palavras, caro Nilson. Sou também da geração "o petróleo é nosso". Nasci junto com a Petrobras e cresci lendo O Poço do Visconde, em que Lobato ensinava às crianças brasileiras o valor de lutar por ideais, contra os "trustes" americanos que queriam levar o nosso "ouro negro". Meu pai morreu agradecendo a Getúlio Vargas pela CLT. Meus avós e bisavós, imigrantes italianos, trabalharam pesado e sonhavam um Brasil que a nossa geração quase conseguiu tirar da utopia. Quase. De nada adiantou nada disso, estou à beira da exaustão com a estupidez que nos cerca.

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